Pesquisadora valida questionário de 1981 que mede qualidade do sono infantil

Jornal GGN – A tese de doutorado de uma pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) ajudou a validar cientificamente um questionário criado em 1981 pelos professores Rubens Nelson Amaral de Assis Reimão e Antônio Frederico Branco Lefèvre, do Hospital das Clínicas (HC). Até então, o uso do questionário, criado para avaliar a qualidade do sono infantil, se limitava aos diagnósticos feitos no próprio HC, não sendo disponibilizado para uso público – fato que mudou após o trabalho de pesquisa da professora Patricia Daniele Piaulino de Araujo.

De acordo com a pesquisadora autora da tese, o “questionário do sono infantil de Reimão e Lefèvre” (QRL) pode ser utilizado tanto no consultório, para diagnóstico, como na realização de pesquisas sobre o tema. “Trata-se de um instrumento muito utilizado no HC. O que faltava era a validação científica para que ele pudesse ser um instrumento de uso público”, destaca.

São 27 questões no questionário, divididas em três partes. As perguntas devem ser feitas para os pais ou responsáveis por acompanhar o sono das crianças. A primeira parte do QLR serve para identificar a criança, com informações sobre idade e sexo, além da quantidade de tempo que ela dorme e os horários para deitar e levantar da cama. A segunda etapa tem como meta identificar as características do hábito de sono das crianças e principalmente comportamentos adotados no momento de dormir (se a luz fica acesa, se precisa estar junto de algum brinquedo, se há companhia de algum animal de estimação, etc).

A terceira e última parte tenta identificar a frequência da ocorrência de distúrbios do sono, como urinar na cama (enurese noturna), falar enquanto dorme,sentar na cama durante o sono, presença de tem pesadelos, entre outros. A pesquisadora Patricia Daniele modificou a ordem em das perguntas e reorganizou as três subdivisões, além de modernizar algumas palavras utilizadas ao longo do questionário.

Validação

A pesquisadora adotou dois critérios – consistência e reprodutibilidade – para validar cientificamente o questionário. “O questionário ao ser aplicado hoje, tem um determinado padrão de resposta. Esse mesmo padrão deve ser observado após um certo período de tempo. Isso é a reprodutibilidade”, explica Patricia, ressaltando que este critério foi avaliado após o questionário ser aplicado em 1.027 crianças de 17 creches públicas, com idades entre 3 e 5 anos . A maioria das crianças eram da região de Santo Amaro (São Paulo). Após 15 dias, o QLR foi reaplicado em 853 destas crianças.

Para realizar a avaliação do critério de consistência – ou seja, se o questionário realmente mede aquilo a que se propõe –, especialistas na área do sono infantil aplicaram o questionário QRL em 60 crianças e obtiveram os resultados sobre quais delas possuía ou não algum distúrbio. “Na avaliação de reprodutibilidade, tivemos 96% de respostas idênticas. E na consistência, o índice foi de 80%. Esses resultados validaram o questionário QRL e ele poderá ser usado por pediatras e pesquisadores na área para avaliar o sono de crianças”, afirma a pesquisadora, que realizou as validações entre março de 2009 e novembro de 2011.

Entre os problemas mais comuns identificados durante a aplicação do QRL pela pesquisadora, estavam a movimentação excessiva durante o sono (48,5%); o ronco (35,8%); a sonolência diurna (33,2%) e a enurese noturna (21,9%). Segundo a pesquisa, a maior parte dos problemas ocorreu diariamente, e com maior frequência em meninas, apesar dos incidentes diminuírem com a idade. Além de deficiências escolares, os problemas de sono em crianças podem causar alterações na cognição e no humor.

Redação

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