Sindvel quer transformar Santa Rita do Sapucaí em polo tecnológico da saúde

Proposta foi apresentada durante fórum Brasilianas-Cemig e propõe tornar Vale da Eletrônica também em Vale da Saúde
 
Roberto Souza Pinto. Foto: Divulgação/Sindvel
 
Jornal GGN – Em políticas públicas, cluster é um termo usado para a concentração de atividades semelhantes e que se desenvolvem juntas graças à sinergia. Localizada ao sul de Minas Gerais, Santa Rita do Sapucaí se destaca hoje no país como um cluster da inovação. 
 
O “Vale da Eletrônica”, como passou a ser chamada nos últimos anos, concentra 53% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional do setor, e 29% da mão de obra de eletroeletrônica de Minas Gerais. Produz urnas eletrônicas, chip encapsulado, tablets, equipamentos de segurança e eletro médicos, entre outros, e exporta para 52 países. Isso explica porque é tão comum moradores da cidade do interior de Minas se depararem com visitantes estrangeiros da China, Alemanha, França e Estados Unidos.
 
Aproveitando esse cenário, o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos e similares (Sindvel) de Santa Rita do Sapucaí está lançando um programa para tornar a cidade um cluster da saúde. A proposta foi apresentada pelo presidente do sindicato, o empresário Roberto Souza Pinto, durante sua participação no fórum Brasilianas “Polos Tecnológicos em Minas Gerais”, realizado em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e apoio do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), na última terça-feira (06).
 
“A área de biomédica foi iniciada no Vale da Eletrônica há 15 anos, e cresceu, nos últimos anos. Já temos 22 empresas, sendo que 15% delas formadas por iniciativas do próprio polo local de desenvolvimento e por iniciativas, em 70% dos casos, de ex-alunos e alunos que saíram do curso de engenharia biomédica. Posso afirmar que 100% dos equipamentos de radioterapia para tratamento de pessoas com câncer saem daqui, com tecnologias avançadas na área de saúde. Não apenas para o Brasil, mas para países com a Coréia”, explica o porta voz do Sindvel. 
 
O cluster de saúde tem potencial para ser desenvolvido a partir de parcerias com hospitais e centros de saúde que já estão instalados na região de Santa Rita. A ideia inclui atrair uma faculdades de medicinas para o município. 
 
“Temos parcerias com empresas multinacionais que nacionalizam equipamentos de radioterapia para utilização de dados com melhorias para os pacientes. Hoje, é preciso avançar com a informação para a sua transformação digital. Com isso, podemos constatar que as profissões não desaparecem quando são superiores ao que as máquinas podem fazer”, pontua Souza Pinto, acrescentando que parcerias com grandes hospitais locais, principalmente o Hospital da Marinha, e de outros estados, especialmente Rio de Janeiro, e de São Paulo, como o Albert Einstein, seriam fundamentais para o projeto. 
 
“Estamos definindo modelos fantásticos em Santa Rita do Sapucaí, o que é um orgulho para toda a Minas Gerais e para o país”. 
 
O papel do setor público  
 
De Santa Rita saem cerca de 14,5 mil produtos todos os anos, produzidos em 153 empresas que tiveram, em 2017, um faturamento conjunto superior a R$ 3,2 bilhões, e o projeto para impulsionar equipamentos e tecnologia para a saúde tende a dar certo se a cidade continuar seguindo a receita que ajudou a promover outros setores. 
 
Tradicionalmente, a participação do poder público tem sido fundamental para induzir o crescimento sustentável das empresas. O governo municipal oferece terrenos para indústrias, subsidia aluguéis de galpões; o governo estadual faz diferimento de cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 18% para 0%; e o governo federal concede incentivos para produtos de informática, automação e telecomunicações que utilizam tecnologia digital entre outras conquistas dos empresários locais. Esses acordos decorrem de um diálogo aberto com o Sindvel e outros representantes do setor produtivo, explica Souza Pinto.
 
A cidade também conta com uma estrutura consolidada de redes de ensino incluindo o Inatel, ETE (Escola Técnica de eletrônica), FAI (Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação) e o Senai. “Por que ir para outro lugar?”, instalar sua empresa, pergunta o presidente do Sindvel.
 
Mesmo que o timing entre a pressa do setor produtivo e o minucioso critério das pesquisas não seja o mesmo, Santa Rita do Sapucaí, assim como outros polos tecnológicos espalhados pelo mundo, comprova que a criação de um ambiente de convivência mútua favorece o crescimento de todos, explica Roberto Souza Pinto destacando que um pouco de calma resulta em produtos melhores, reduz prejuízos e abre portas para demandas futuras.
 
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Redação

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