Subnotificação do coronavírus é 7 vezes maior do que números oficiais, mostra estudo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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As 90 cidades mais populosas foram testadas. Muito distante dos 104.782 casos oficiais anunciados, na realidade, números chegam a 760 mil contagiados

André Penner/AP

Jornal GGN – Para cada caso confirmado de coronavírus no Brasil pelos dados oficiais do governo Bolsonaro, existem pelo menos 7 casos reais na população. A conclusão da subnotificação é da primeira fase do estudo massivo de testes de Covid-19, realizado entre os dias 14 e 21 de maio, pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

A pesquisa, cujos resultados não foram divulgados pelo Ministério da Saúde, foi encomendada pela própria pasta do governo Bolsonaro juntamente com o Ibope, após o Centro de Pesquisas detectar a alta subnotificação no estado do Rio Grande do Sul. Propondo-se a ser a primeira pesquisa massiva real de testes de coronavírus pelo Brasil, os primeiros resultados começam a surgir: “inéditos e preocupantes”, caracteriza o próprio relatório.

Durante uma semana de coleta de dados em 133 cidades espalhadas pelo país, os pesquisadores conseguiram testar 25.025 pessoas nessa primeira fase. Nos municípios com maior capacidade de testagem – 200 pessoas em 90 destas cidades – chegou-se ao contingente de 1,4% de contagiados.

Estes números representam aqueles que possuíam os anticorpos do novo coronavírus, ou seja, pessoas que estão contagiadas ou que já foram contagiadas pelo vírus. Nessa estimativa das 90 cidades mais populosas, de um total de 54,2 milhões de brasileiros, 760 mil estão infectados.

E o nível de subnotificação – de 7 vezes mais casos do que informam as autoridades – foi concluído pelos pesquisadores ao comparar os números informados publicamente por estas cidades com os resultados dos testes da pesquisa. Diferentemente de 760 mil contagiados, a somatória desses 90 municípios indicava 104.782 casos confirmados.

É por isso que o coordenador geral do estudo, o epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, defende a necessidade de ampliar a capacidade de testes de coronavírus no país, para justamente constatar a realidade da pandemia no Brasil.

“Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”, informou no relatório.

“De cada 7 pessoas com o coronavírus, apenas uma sabe que está ou esteve infectada. Isso é preocupante, visto que as demais 6 pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras pessoas”, continuou.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. ENTÃO A TAXA DE LETALIDADE É MENOS 1%,,FECHA TUDOOO VAI Q A GENTE ENTRA NESTE MENOS 1% DE CHANCE DE MORRER,LOTERIA NÉ,MELHOR NÃO ARRISCAR #ficaemcasaefiquesemempregorendaepassefomeaiqmedodcairnestecaixaodafotoenquantoissopassamaboiadacontraopovao!!
    Obs:REINAUGURO A ERA DAS HASHTAGS LONGAS !!

    1. E voce acha que as mortes também não estão subnotificadas ? Obvio que sim.
      Temos em torno de 5M de casos e umas 50 mil oubmais mortes, é em torno de 1% a letalidade, é alta.
      Caso todos se contaminem podemos ter de 1 5M a 2M de mortes.
      Acha pouco ?

      1. Ora Daniel fica em casa,se o vírus mata tanto assim a ponto de causar muito pânico e medo(propaganda)#FICA EM CASA!
        Obs:Q tal ter paciência q uma hora aparece a DIMINUIÇÃO de mortes por outras doenças e advinha para onde q esses números foram?

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