Teich mostra ceticismo com projeções de mortes por coronavírus no Brasil

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Ministro da Saúde assume crise do coronavírus inclinado a não utilizar projeções de pesquisadores, mesmo de institutos renomados, em suas decisões

O presidente Jair Bolsonaro e o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, durante pronunciamento no Palácio do Planalto

Jornal GGN – Antes de se tornar ministro da Saúde, no começo do mês, o oncologista Nelson Teich publicou um artigo criticando o uso de modelos matemáticos na tomada de decisões contra a pandemia de coronavírus.

Até o respeitado instituto Imperial College, que tem influenciado as políticas de enfrentamento à COVID-19 em diversos países, entrou na mira de Teich. Ele considerou, no texto, que a estimativa de mortes para o Brasil está “exagerada”, não importa se o cenário é de maior ou menor grau de supressão.

“Não podemos assumir que vamos adivinhar o que vai acontecer no Brasil através do uso de modelos matemáticos ou da extrapolação do que acontece em outros países”, escreveu.

Para o médico, “mesmo instituições renomadas e de referência podem fazer projeções que levam a cenários extremamente improváveis, que podem causar mais ansiedade e medo do que auxiliar na compreensão e solução de problemas.”

Pelas projeções do Imperial College, no cenário mais dramático, com Brasil cruzando os braços diante da pandemia, o número de mortes poderia passar da casa dos 1,152 milhão.

“Os números do Imperial College da Covid-19 para o Brasil projetaram uma mortalidade 4,4 vezes maior que aquela ocorrida na Gripe Espanhola [consideradas as devidas proporções entre vítimas e crescimento populacional]. Parece um exagero”, avaliou.

“Com medidas de supressão precoce, as projeções do número mortes pelo Imperial College para o Brasil cairiam para 44.212, uma redução de 96%. Parece outro exagero”, acrescentou.

Na manhã de sexta (17), durante discurso de posse em Brasília, Teich sinalizou que suas convicções seguem as mesmas. Para ele, há poucas informações sobre a doença guiando os governantes, induzindo a população ao medo e ansiedade.

Teich propôs então cruzar indicadores de diversos ministérios e solicitar diariamente os dados do coronavírus nos estados e municípios, para traçar o que será feito “amanhã” a partir da materialidade do que ocorreu “ontem”.

“Com tanta incerteza você não consegue planejar muito na frente, tem de analisar todo dia o que está acontecendo. Ver o que aconteceu até ontem, fazer um diagnóstico, um planejamento e executar”, sustentou.

“O problema do desconhecimento é que as decisões são muito mais uma coisa que você ‘acha’, ‘imagina’, do que uma visão clara do que vai acontecer lá na frente.”

Leia mais: Coronavírus: 8 propostas do médico que pode ser o novo ministro da Saúde

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Problema maior é negar totalmente a validade de um conhecimento baseado em observações comparativas entre diferentes estratégias de enfrentamento adotadas por diferentes países. Ou até mesmo por diferentes cidades de um mesmo país. E já sabemos que a diferença de resultados pode ser catastróficas!
    Acredito que o CFM e os CRMs devem já estar em alerta para se posicionar em defesa da ÉTICA MÉDICA na SAÚDE PÚBLICA e da saúde e segurança dos profissionais da saúde. Vi que o COREN já se posicionou.

  2. O corona está mais perto de nós que que pensamos. Acabo de chegar da loja de bolos que fica numa rua perto de onde moro. Conversei com a dona da lojinha de ela conhecia algum vizinho com corona. Ela disse que sua filha, deu filho, seu pai, dia mãe e seu irmão foram acometidos. Perguntei o que sentiam. Ela disse: dorrs intensas no tórax/abdômen, tosse, fôlego curto e diarréia.
    Meu Deus

  3. Faltam testes para todos, como há pessoas contaminadas e assintomáticas, seria necessário testar 100% da população, mais de uma vez em vários períodos de tempo.
    O neo Ministro fala em duvidar que a letalidade do covid seja maior que a da gripe espanhola. Vamos considerar que ele esteja certo. Se fizer o que o chefe da Familicia prega, a curva de ocupação dos hospitais levariam a óbito pessoas com outros males que não conseguiriam ser atendidas por falta de vagas.
    Em resumo, é o cara certo para executar o plano do chefe da Familicia.

  4. Ele se baseia no seu faro , ou intuição. Despreza a ciência e a pesquisa. Não argumenta nada que justifique sua posição.
    Tem gente que diz que a terra é plana.
    Ninguém está obrigado a concordar.
    Mas, tem gente que concorda.

  5. Mais uma vez o GGN erra em escrever coisas que só confundem a população, primeiro é chamar ligeiramente o que foi escrito na última hora no Linked in de “artigo”, ou seja, nos dias atuais várias plataformas técnicas estão abrindo a sua porte para a publicações de artigos sem revisão e mesmo com a facilidade disso o médico publica em um local que serve mais como blog do que base para artigo técnico.
    Mas mesmo assim vou mostrar os erros do tal “artigo”, primeiro e mais grave é fazer uma regra de três comparando as mortes em 1919 pela espanhola com os resultados de modelos numéricos de previsão, se fosse assim tão fácil, qualquer um publicava artigos que deveriam ser técnicos. Ele simplesmente ignora que o Brasil em 1919 era um país eminentemente rural, ou seja, o Brasil em 1920 possuía 30,2 milhões de habitantes, sendo que menos de 18% viviam nas cidades, ou seja, algo em torno de 5,4 milhões em todas as cidades brasileiras, por exemplo, a cidade do Rio que era a primeira ou segunda maior do brasil possuía 1.157.873 habitantes, que sofrera uma das reformas higienistas no início do século, deixando se ser considerada uma das piores cidades do mundo.
    Porém além do Rio de Janeiro e São Paulo a população brasileira ou vivia no campo ou vivia em casas térreas, logo as condições de transmissão de doenças respiratórias é bem diferente do que no momento em que temos mais de 85% da população empilhada nas cidades brasileiras.
    Também em 1920 não havia a mínima certeza das mortes nas epidemias, os gestores públicos como os de hoje escondiam ainda mais ainda as mortes em epidemias para não serem contestados.
    Poderia seguir adiante, mas é um artigo de OPINIÃO nem técnico nem científico, mero achismo.

  6. Não interessa se as projeções estão certas ou não, o que importa é que o governo precisa fazer o possível e tentar o impossível para salvar cada vida.
    Essa gente não pode continuar zombando de todos como se fossem magnânimo,pelo contrário, mostram-se,com suas citações, uma pequenez sem tamanho e um despreparo para o gerenciamento da coisa pública.
    Deveriam voltar para o boteco que frequentam onde este tipo de discussão pelo menos é engraçada pelo ridículo em si.
    Nosso país não é um boteco e nem um circo para essa gente continuar a fazer o que está fazendo.

  7. Qual é o tempo da contaminação até a necessidade de internação? Esse é o tempo que os agentes de saúde tem que estar a frente do virus.
    “Prevenção sempre foi a melhor e mais barata solução.”

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