Testar negativo não significa que a pessoa não tem coronavírus, diz cientista

Informação contrasta com o comportamento de Bolsonaro, que deveria aguardar novo exame para coronavírus em isolamento

Jornal GGN – Mestre e doutora em Neurociência pela USP, com pós-doutoramento pela University of Chicago, a cientista Claudia Feitosa-Santana publicou um vídeo pela Casa do Saber em que explica que o teste para coronavírus pode resultar em negativo e isso não significa que a pessoa não é portadora da doença.

“Ser positivo para o teste indica que a pessoa tem sim o vírus. Mas ser negativo não necessariamente indica que a pessoa não tem o vírus. Então é inútil todo mundo querer fazer o teste. Precisamos deixar o teste para as pessoas que realmente precisam ser testadas, para as pessoas que realmente precisam de assistência hospitalar” por causa de eventual quadro respiratório grave. “Para elas [o teste] é fundamental para definir o tratamento”, comentou a profissional.

A informação contrasta com o comportamento do presidente Jair Bolsonaro. Na semana passada, um alerta vermelho acendeu no Planalto, depois que o secretário de comunicação Fábio Wajngarten testou positivo para corona. Bolsonaro fez o teste e o caso teve repercussão internacional. Embora afirme que o resultado tenha sido negativo, ao presidente foi recomendado o auto-isolamento e um novo teste em alguns dias. Bolsonaro, contudo, desrespeitou a orientação e se encontrou com centenas de manifestantes convocados para os protestos anti-Congresso no dia 15 de março.

Questionado pela rádio Bandeirantes na manhã desta segunda (16), Bolsonaro respondeu que se ele contaminou alguém, isso é problema dele e “ninguém tem nada a ver com isso”. Ele ainda minimizou o protesto e chamou de “histeria” a discussão em torno do coronavírus no Brasil.

De acordo com Claudia Feitosa-Santana, o isolamento social tem se demonstrado a melhor medida para conter o aumento rápido dos casos de corona no mundo todo.

“Uma grande parte da população mundial será infectada. O que não pode acontecer é muita gente infectada ao mesmo tempo” porque o sistema de saúde não suporta, explicou.

Ela chamou atenção, no vídeo, para o fato de que as “pessoas estão reagindo de duas maneiras distintas, que não ajudam: ou negam ou entram em pânico.”

Segundo a cientista, 80% da população com sintomas de corona passará pela doença como se estivesse apenas com gripe. “Mas 20% das pessoas infectadas com sintomas vão precisar de assistência hospitalar por dias e talvez por semanas. É muita gente. Não é uma simples gripe. É algo bem mais sério.”

Um mito que precisa ser derrubado sobre a doença é que, no Brasil, o clima quente ajudaria a “matar” o vírus. “Não é verdade. Ele dura menos, mas se propagada [no calor]. Exemplo de que eles continuam se propagando no calor são Cingapura e Taiwan. Eles deveriam ter o segundo maior número de infectados no mundo, mas não têm. E eles tem apenas uma morte. Cingapura não tem nenhuma.”

Ainda de acordo com a cientista, a recomendação é isolamento mesmo em caso em que os sintomas começam a se apresentar.

“Se você tem sintomas, o ideal é que fique em casa, se isole ao máximo. Não saia correndo para o hospital. Muita gente desenvolve esse quadro [gripal], não tem o corona, mas saindo de casa corre o risco de ficar infectado.”

O ideal é ficar em casa e lidar com o quadro gripal. “Se o quadro piorar, ainda dá tempo de correr para o hospital.”

 

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O desequilíbrio mental e emocional de Bolsonaro, aliado a sua dificuldade tanto de lidar com fracassos e frustrações (que se vão avolumando), junto com os rompantes ao sentir-se pressionado, em breve trará alguma desgraça ao seu entorno. A sua costumeira negação da realidade, chegando ao ponto do descaso com sua própria saúde e futuro, indicam que seu pavio, que já é curto, vai esgotar-se em breve. A continuar este ano com tal grau de pressão, nacionais e internacionais, não há dúvidas para mim de que algo fatal ocorra a olhos vistos: ou mata alguém ou se mata. A aguardar.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador