Usuários de crack começam a trabalhar em limpeza na região da cracolândia

Sugerido por Francisco A. de Souza

Do Terra

SP: empolgados, usuários de crack iniciam limpeza da Cracolândia

Thiago Tufano

Dezenas de usuários de crack começaram, na manhã desta quinta-feira, a trabalhar na região da Cracolândia por meio do programa Operação Braços Abertos, da prefeitura de São Paulo. Uniformizados com roupas entregues pela administração municipal, os dependentes químicos farão o trabalho de zeladoria da região, principalmente na limpeza de ruas, calçadas e praças e se mostraram empolgados com a nova chance de vida. Desde a última terça-feira, as secretarias de Saúde, Trabalho, Assistência Social e Segurança Urbana estão ajudando os usuários a desmontar os barracos construídos nas ruas Helvétia e Dino Bueno e encaminhando as pessoas a hotéis da região. Esses dependentes receberão alimentação, trabalho e R$ 15 por dia. A todo momento os trabalhadores gritavam: “estou famoso”, e posavam para as câmeras das dezenas de jornalistas presentes nesta quinta-feira.

Rogério Araújo Nascimento, 33 anos, foi um dos primeiros a vestir o uniforme e se colocar à disposição dos assistentes sociais, que acompanharam os grupos de cerca de dez dependentes durante a jornada de trabalho. Ele disse que a primeira coisa que deve fazer quando receber seu “salário” será comprar roupas. “Algumas (pessoas) vão querer comprar crack, mas para mim não faz diferença. Seria melhor se ficasse guardado e eu recebesse depois. Antes eu não guardava. Mas aqui vou trabalhar, vou cansar comer e dormir. Vou guardar para comprar roupa e cuidar de mim, ter uma vida melhor”, disse Rogério.

De acordo com o prefeito Fernando Haddad, a oportunidade está sendo dada às pessoas que vivem na região. “Eles têm que retomar a confiança que havia sido perdida em função da enorme violência da região. Em dois dias conseguimos mudar a cara da região e integrá-los em uma frente de trabalho com tratamento médico que é o que pode construir um novo horizonte para esse pessoal”, disse Haddad, que falou com diversos viciados antes de começarem a trabalhar. Quando questionado se havia preocupação de “espalhar” a Cracolândia por outras regiões da cidade, como aconteceu em uma operação há dois anos, Haddad afirmou que isso não deve acontecer pois essas pessoas não estão sendo expulsas.

 “Estamos integrando elas a um programa de trabalho e saúde. A parte assistencial foi muito bem conduzida e agora entra a parte de saúde e trabalho. O trabalho é para que tenham uma condição de dignidade, para comprar um sapato, uma meia, pasta de dente, coisa mínima. Os centros de apoio darão oportunidade de tratamento de saúde e boa parte vai conseguir deixar a droga“, disse.

Para o prefeito, o trabalho irá demorar para ser solucionado, mas necessitava de uma ação da administração municipal. Haddad disse ainda que conversou com o governador Geraldo Alckmin e que governo do Estado está apoiando a operação. “Isso não se faz da noite pro dia porque são muitos anos de drogadição, mas eles terão força de vontade pra sair. Aqueles que pedirem um tratamento mais forte, o governo do estado colocou leitos à disposição. Foi conversado longamente com o próprio governador que por horas explicamos qual era a estratégia da prefeitura e tivemos o apoio. Não podemos em três dias resolver um problema de dez anos. Temos que ter paciência porque não podemos fazer isso com violência”, explicou.

Redação

15 Comentários

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  1. Golaço! O grande diferencial,

    Golaço! O grande diferencial, para mim, é não vincular a participação no programa com “largar as drogas”, reflexo de um entendimento mais abrangente e humano sobre a questão. Que jb não saiba disso.

    1. O somatório!

      Quando se alia a boa vontade, a honestidade e a inteligência, nasce um dos melhores políticos da atualidade. E HADDAD, cada vez mais nos surpreendendo com maravilhosas iniciativas!  Acho que ainda nos supreenderá muito mais!  Ouví-lo, é um grande aprendizado, nos emociona com sua simplicidade e com sua visão dos problemas a enfrentar. Ele ainda será muito importante ao povo brasileiro! Tem todos os predicados para isso!

    2. O grande diferencial!

      É verdade MThereza. Belo comentário, pois esse programa teve o cuidado de não mencionar a palavra droga. Denota a sensibilidade e a sutileza dos que o planejaram. Onde tem HADDAD, tem nobresa de espírito e o verdadeiro sentido de servir ao povo. Parabéns a esse Prefeito!

  2. Muito bom prefeito e governador!

    Já tentou-se de tudo para erradicar ou pelo menos mitigar o problema da cracolândia. Repressão, remoção, internação compulsória, etc… Nada consigou sequer amenizar esse problema. Juntos, município e estado, independente de partidospolíticos, precisam alinhar esforços para essa louvável iniciativa. Sorte para o Haddad e para o picolé de chuchu.

    Ps.:Já tem reaça qualificando como Bolsa Crack, é de doer o coração tamanha ignorância!

    1. eles gostam mais da “bolsa

      eles gostam mais da “bolsa juros”. Até os coxinhas gostam, pq acham que estão “ganhando” dinheiro sem esforço.

  3. Haddad ‘tá me saindo melhor

    Haddad ‘tá me saindo melhor que a encomenda.’

    Sem dúvida Tarso e Haddad são os melhores quadros da política brasileira, disparados.

      1. rs…os que dizem ser bolsa crack

        deveriam ser tratados também com a máxima urgência, pois sofrem de um vício muito pior:

        o da aceitação e compreensão dos caminhos percorridos pela dopatucanomina no cérebro de cada um deles

  4. É uma abordagem diferenciada,

    É uma abordagem diferenciada, humanitária, é um ato de enorme solidariedade, e certamente trará resultados na redução do uso degrandante do crack. É o que se espera de um governante sério, competente e sensível, como é a marca de Hadad.

  5. E o poste começa a iluminar a política paulista.

    Prezados e prezadas,

    Penso que uma observação corriqueira dos hábitos e gestos políticos do prefeito Haddad vão revelar vários erros e acertos, mas há uma qualidade que é impressionante: A rapidez com que aprende com seus erros, a capacidade de retomar a agenda da governança.

    Desde as manifestações de junho/julho, um teste de fogo para um prefeito recém-empossado e com pouca bagagem “político-administrativa”, Haddad recuperou a iniciativa.

    Primeiro sinalizou que não deixaria a mídia lhe pautar, e disse isto com todas as letras em entrevistas.

    Enfrentou o ataque da máfia do ISS, contornou as tentativas de vinculá-lo, e manteve sob controle as apurações.

    Agora partiu para a dianteira no problema dos adictos em crack que perambulam pelo centro da cidade, como uma abordagem inovadora, porém simples.

    Não “varreu” os adictos para depósitos de gente, ou para as franjas da cidade, ao contrário, tenta reconectá-los com o ambiente a partir da renovação do laços destas pessoas com a realidade, com uma ocupação, algum dinheiro, moradia, dignidade enfim.

    É uma jogada arriscada, ainda mais porque os detratores estarão sob espreita, a gritar o fracasso estatístico da iniciativa. E sob este aspecto é bom que se diga: uma expectativa realista não pode considerar que mais que 30% destas pessoas consigam superar sua vinculação com o abuso de entorpecente, e provavelmente voltarão as ruas e a degradação.

    Mas se entre 300 ou 400 pessoas, 30, 40 ou 60 delas conseguirem reconstruir suas vidas, é um ganho incalculável, porque no caso do tratamento e reinserção de pessoas excluídas neste nível, não é possível uma conta quantitativa, simplesmente.

    O trato hipócrita que estas pessoas recebem da maior parte da mídia, e de outras pessoas de compreensão deturpada, é também uma escolha de classe, afinal, os motoristas bêbados, por exemplo, causam muito mais mortes, prejuízos, rombos previdenciários, rombos orçamentários (estrutura disponível para atender as vítimas do acidentes) que os usuários de crack, e nem por isto são tratados com tanto desprezo ou violência.

    Antes que a hipocrisia moralista se levante para dizer que estas pessoas DEVEM ser submetidas a tratamento, é bom que se diga: Não há relação nenhuma de sucesso resultante da política de internação  ou tratamento compulsório.

    O que o prefeito Haddad está fazendo é simples: Reconhece a humanidade nestas pessoas, humanidade que elas mesmas não conseguem mais expressar, e pior, que a maioria da cidade lhes nega.

    Bem-vindo a política Excelentíssimo Senhor Prefeito de São Paulo.

    Saudações cordiais.

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