Zika vírus em mulheres grávidas causa deformidade nas juntas do bebê

Jornal GGN – Cientistas brasileiros descobriram novas informações sobre o zika vírus. De acordo com o estudo publicado na revista científica BMJ, a infecção em mulheres grávidas faz com que os bebês desenvolvam artogripose, uma síndrome que provoca deformidades nas articulações dos braços e das pernas.

“Dois estudos anteriores, feitos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, já haviam identificado três pacientes com zika e artrogripose, levantado a possibilidade de que a má-formação também estivesse ligada à infecção pelo vírus. Mas até agora nenhum trabalho havia descrito as deformidades em detalhes nem investigado se ela tem origem neurogênica”, disse Vanessa Van Der Linden, autora principal do trabalho.

Para estabelecer a relação da artrogripose com a zika, os cientistas excluíram todas as outras possíveis causas da má-formação, usando exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética. “Fizemos estudos detalhados dos cérebros e das articulações de sete crianças com artrogripose e diagnóstico de infecção congênita por zika. Nenhuma delas apresentava alguma das demais causas desse tipo de deformidade congênita”, explicou Vanessa.

Do Estadão

Zika leva a deformidade nas juntas, diz estudo de cientistas brasileiros

Por Fabio de Castro

Bebês que nasceram com a infecção em Pernambuco desenvolveram a artrogripose; pesquisa foi publicada na revista científica ‘BMJ’

SÃO PAULO – Um novo estudo desenvolvido por cientistas brasileiros descreveu pela primeira vez com detalhes como a infecção por zika em mulheres grávidas faz com que os bebês desenvolvam artrogripose, síndrome que provoca graves deformidades nas articulações, especialmente em braços e pernas. A pesquisa, publicada na revista científica BMJ, analisou sete bebês que nasceram em Pernambuco com infecção por zika.

De acordo com a autora principal do estudo, Vanessa Van Der Linden, neuropediatra do Hospital Barão de Lucena, no Recife, a análise mostrou que a artrogripose dos bebês não está relacionada a anomalias específicas das articulações, mas tem origem neurogênica, isto é, ligada ao processo de formação dos neurônios.

“Dois estudos anteriores, feitos no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, já haviam identificado três pacientes com zika e artrogripose, levantado a possibilidade de que a má-formação também estivesse ligada à infecção pelo vírus. Mas até agora nenhum trabalho havia descrito as deformidades em detalhes nem investigado se ela tem origem neurogênica”, disse Vanessa ao Estado.

Segundo a pesquisadora, a artrogripose pode estar relacionada a várias causas e é diagnosticada quando há deformidades em articulações em pelo menos duas partes diferentes do corpo. Para estabelecer a relação com a zika, os cientistas excluíram todas as outras possíveis causas da má-formação, usando exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética.

“Fizemos estudos detalhados dos cérebros e das articulações de sete crianças com artrogripose e diagnóstico de infecção congênita por zika. Nenhuma delas apresentava alguma das demais causas desse tipo de deformidade congênita”, disse.

Microcefalia. Seis das sete crianças tinham microcefalia e todas apresentavam sinais de calcificação no cérebro, problema causado pelo acúmulo de cálcio nos tecidos cerebrais. Segundo Vanessa, a hipótese é de que o vírus da zika destrói células do cérebro, formando lesões semelhantes a “cicatrizes”, onde o cálcio é depositado.

Ao observar as imagens de alta definição das articulações e dos tecidos próximos, os cientistas descobriram que não havia anomalias na parte óssea nem nos ligamentos. “Isso nos levou a concluir que a artrogripose tinha origem na parte neurológica. Por isso, fomos investigar”, afirmou Vanessa.

A principal hipótese é de que a má-formação seja produzida por um processo que envolve os neurônios motores – as células cerebrais que controlam a contração e o relaxamento dos músculos –, levando a posturas fixas no útero que provocarim as deformidades. “Observamos também que quatro crianças apresentavam uma medula espinhal mais fina do que o normal e danos cerebrais, mostrando que realmente existe uma associação entre a artrogripose e as consequências neurológicas da infecção por zika”, disse a pesquisadora.

Segundo Vanessa, o estudo ajudará a entender melhor os sintomas provocados pelo vírus zika, o que contribuirá para entender seus mecanismos de infecção. Os cientistas recomendam na pesquisa que a síndrome da zika congênita seja acrescentada ao diagnóstico diferencial de infecções congênitas e de artrogripose.

O fato de um dos bebês não ter microcefalia também é relevante, segundo Vanessa. “Isso nos levou a concluir que não há uma correlação necessária entre a gravidade da infecção por zika, uma vez que o caso de uma das crianças não era grave, com a artrogripose.”

Redação

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