
A Gazeta do Povo e seu Monitor da Doutrinação
por Marina Lacerda
E o Paraná, estado em que me criei, não cansa de confirmar que é a Reaçolândia (a expressão é do Kim MBL) do Brasil. O maior jornal do estado, a Gazeta do Povo, lançou o Monitor da Doutrinação, para reunir casos de “doutrinação” política e ideológica no sistema de ensino. Ele abraça o Escola Sem Partido.
Tudo isso é inconstitucional. E ilegal. O Escola Sem Partido NÃO conseguiu aprovar sua plataforma legislativa, mas seus militantes (que incluem a Gazeta) têm atuado como se tivesse. Vou citar uns dispositivos jurídicos não por legalismo, mas porque a atuação conservadora tem sido tão forte que muita gente acaba achando que eles têm respaldo da lei.
>> “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” (Constituição da República, artigo 5º, inciso IX).
>> São princípios do ensino a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber”, o “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”, o “respeito à liberdade e apreço à tolerância” (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, artigo 3º, incisos II, III e IV).
>> São princípios da educação o reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades, a laicidade do Estado e a democracia na educação (Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, Resolução de 1° de maio de 2012 do Conselho Nacional de Educação, artigo 3º, incisos III, IV, V).
Expor professores dessa maneira é uma expressão crua da censura contemporânea. Na ditadura que se consolida dia-a-dia não existem mais aqueles brutamontes invadindo apartamentos, capturando livros do Marx e torturando até a morte os “subversivos”. Existem brutamontes invadindo universidades e prendendo reitores progressistas sem fundamento do processo penal (extinto processo penal); existe controle da opinião via processos administrativos; existe a condenação da “doutrinação”.
“Doutrinação” sempre entre aspas, porque o que eles criticam é o debate sobre diversidade de gênero e de orientação sexual (que eles chamam de “ideologia de gênero”, que não existe senão para os que se opõem à igualdade de gênero); é o debate sobre figuras que ousaram propor justiça social, seja Marx seja Lula.
Eles criticam ou expõem casos bizarros, generalizando a exceção como se fosse regra.
A Gazeta furou o perfil supostamente liberal dos grandes jornais brasileiros. Não sei se é uma exceção ou se é um princípio.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Há coisa de alguns anos, aqui
Há coisa de alguns anos, aqui no GGN deu-se destaque a um protesto de alunos que interrompeu a aula de um professor esquisito de gravata borboleta que tava tecendo loas à ditadura militar. Naquele caso o professor não tinha direito de expressão? Ou isso só vale para as idéias que nos agradam:
Ler antes de comentar. O
Ler antes de comentar. O assunto nao eh esse.
Gazeta também vem publicando
Gazeta também vem publicando traduções de textos do American College of Pediatricians, um grupo de ódio anti-LGBT que usa esse nome aparentemente sério para simular aparência científica em seus textos e pregações.
Vale à pena uma pesquisa no google sobre o grupo, para conferir o nível de desonestidade a que chegou o jornal paranaense.
Prezado Nabuco
No caso o destaque foi dado às duas manifestações de expressão. De um lado o professor e do outro os alunos. Portanto não se trata da mesma coisa. Estamos falando aqui da tentativa de proibir o livre exercício do magistério. Estamos falando aqui contra a censura, e não contra a vaia. Estamos falando aqui contra a censura de assuntos e a escolha pre determinada de assuntos por um conjunto restrito de pessoas. Se um professor for vaiado por alunos evangelicos, quando estiver falando sobre Darwin, são ossos do ofício, e precisaremos lidar com isto, pois mais do que reigião se trata de conhecimento. Mas se um professor defender posturas nazistas, racistas, homofóbicas etc… ele estará sim burlando uma lei civilizatória. Creio que o senhor ( por trás de tão nobre nome) não está de acordo com estimulo a violência e contra as normas civilizadas de convívio social e respeito ao ser humano. E acredito que o senhor seja também contra a volta da ditadura já que está defendendo ardorosamente a democracia. Mas caso esteja defendendo a volta da ditadura militar saiba que eu discordo.
“Pessoal, eu acho uma boa
“Pessoal, eu acho uma boa iniciativa essa da Gazeta do Povo chamada de “monitor da doutrinação”. Eu até já postei lá umas denúncias de doutrinação ideológica e política nas escolas e universidades: denunciei o Luiz Felipe Pondé por incitar a ideologia do ressentido de direita; Leandro Karnal por disseminar em seus cursos a ideologia dos coaches intelectualizados. E, claro, o Marco Antonio Villa, por ter declarado que a onda de calor que assola o país nessa estação é culpa do PT. Aproveitei o ensejo e denunciei também os Smurfs, a Turma da Mônica e a Galinha Pintadinha por aliciamento e corrupção de menores.
Vamos lá pessoal, acessem o site abaixo e façam sua denúncia. Vamos sabotar a doutrinação monitorada!” Esse comentário não é meu (mas endosso plenamente), foi feito no Face de forma anônima. Vamos ajudar?
Também creio que seja por
Também creio que seja por aí.
O negócio é avacalhar a iniciativa e “denunciar” doutrinadores como:
Pondé
Olavo de Carvalho
FGV e sua doutrinação neoliberal
Demétrio Magnolli
Castanhari
etc
Amigos é um erro crasso
Amigos é um erro crasso considerar a gazeta um jornal. Nunca foi. Sempre foi um catadão de materias e colunas de outros jornais. E nos seus bons tempos vendia pelos classificados que era quase que um catalogo telefonico. Com a Internet foi parecendo uma pedra de gelo no deserto, cada dia desidratando mais. Como jornal de papel ja era e tenta ssobrevivewr como um portal. Mas so em Curitiba acham que o que sai ali é de alguma forma noticia.
Editorialmente viu que pra ter alguma repercussão precisava fazer algo que a extrema direita aceitasse e não a criticasse. O caminho rumo á total irrelevância esta traçpado e assm como o da folha, estadão e abril é inescapavel.