Bandeira de campanha, para Alckmin, queda na Educação de São Paulo é culpa do MEC

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Estudantes de São Paulo fizeram diversas manifestações e ocupações contra cortes do governo Alckmin na Educação em 2015 – Foto: Jornalistas Livres
 
Jornal GGN – Para o então governador de São Paulo e candidato a presidente, Geraldo Alckmin (PSDB), a queda nos níveis de educação no Estado, divulgados nesta semana pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2017, é culpa da medição dos resultados pelo governo federal.
 
O relatório mostrou que São Paulo perdeu a liderança que detinha na qualidade de ensino nos três níveis de educação básica: até o 5º ano, o ensino fundamental e o ensino médio. 
 
Apesar de ter registrado um pequeno crescimento, o maior deles para os primeiros anos da educação básica, superando a meta de 6,1 e atingindo 6,5, os resultados de 4,7 para 4,8 no ensino fundamental, e a queda de 3,9 para 3,8, bem abaixo da meta de 4,4 do Ministério da Educação, retiraram o estado da liderança nacional.
 
O Ideb é produzido a cada dois anos e foi divulgado nesta segunda-feira (03) pelo governo federal. O pior resultado obtido no estado de São Paulo, da queda de 3,8 no índice, é muito distante da meta sugerida pelo governo, que é de 6.
 
Goiás, Espírito Santo e Pernambuco ultrapassaram, assim, os resultados da educação do ensino médio de São Paulo. E o estado governado por Alckmin ainda empatou com Ceará e Rondônia.
 
Só que poucos dias antes de os resultados que correspondem a 2017 serem divulgados, o próprio Alckmin havia estampado na bancada do Jornal Nacional que São Paulo, em seu governo, tinha a melhor educação do país. A frase era uma das bandeiras da campanha do tucano ao Planalto nas eleições deste ano. Mas isso agora se comprovou mentira.
 
Questionado, ao invés de lamentar os índices do estado em que comandou, Alckmin culpou o governo federal. Ou melhor, a maneira de se medir do Ideb. Isso porque o tucano justifica na retirada das escolas técnicas do índice do ensino médio pelo Ideb.
 
“A portaria do MEC dizia que o ensino médio das escolas técnicas talvez era para valer [para os cálculos do índice], mas depois o Inep [instituto que aplica a avaliação] tirou [as escolas técnicas da contagem]”, afirmou.
 
E ignorando os resultados negativos dos demais alunos do ensino médio de São Paulo, para ele, os estudantes das escolas técnicas são “os melhores alunos”, que levantam os níveis do instituto.
 
Entretanto, a bandeira antes defendida por Alckmin não levava esse critério em consideração. Isso porque as escolas técnicas nunca foram incluídas na série histórica de comparação entre municípios e estados, apenas eram contabilizados na categoria de ranking de escolas. 
 
Então, se em 2015, São Paulo era o estado líder da educação até o 5º ano e nos ensinos fundamental e médio, tampouco se considerava os estudantes das escolas técnicas e, mesmo assim, Alckmin levantava essa bandeira para a sua campanha às eleições 2018. Agora, o candidato entra em contradição.
 
Ainda, o argumento do tucano não se sustenta, considerando que apenas 4,9% são estudantes de escolas técnicas no ensino médio, o que não geraria impacto nos resultados negativos de São Paulo. 
 
O cenário para a educação paulista não poderia ser bandeira de campanha do então governador, que nos últimos anos foi amplamente criticado por esvaziar programas de alfabetização e de reforço para alunos com dificuldades. 
 
No ano de 2015, ainda, tomou onda uma série de tentativas do governo Alckin que ocasionaria o fechamento de 90 escolas no Estado, o que acabou sendo suspenso pelas manifestações e ocupações organizadas pelos próprios estudantes. 
 
E, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, se Alckmin afirma que 31% das receitas do Estado seriam direcionados à educação, boa parte destes recursos dizem respeito a aposentadorias. E, efetivamente, apenas 19% do orçamento de São Paulo foi destinado à educação em 2016.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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