Das coisas essenciais, por Maria José Trindade
Dedicado à procuradora Isabel Vieira
Ao longo da vida aprendi que toda árvore precisa de boa raiz, toda casa necessita alicerce forte e toda opinião carece de bons argumentos. Sem isso, não se sustentam. Hoje, parece-me que as pessoas se esqueceram desta verdade simples.
Nasci numa família remediada. Autodidata, meu pai foi farmacêutico prático, juiz de paz e atacadista de cereais. Impossível transitar por áreas tão diversas sem respaldo de conhecimento. Desde que o perdi, minha admiração por ele só fez aumentar.
Nunca fui admiradora de títulos, embora os considere. Em relação ao conhecimento, sou discípula de Paulo Freire para quem ensinar “exige respeito aos saberes acumulados pelos educandos”.
Há uma sabedoria que não pode ser avalizada por títulos, nem referências cerimoniosas. É preciso sensibilidade. É preciso vivência. É preciso essência. É preciso, sobretudo, estabelecer certa “intimidade” entre os saberes curriculares e a experiência social das pessoas, sobretudo aquelas oriundas das classes populares.
Para mim, título significa apenas “reconhecimento oficial pela conclusão dos requisitos de um curso, de um ciclo ou de uma etapa de estudos superiores”. É muito pouco ante a riqueza da experiência vivida, ante o que é essencial. A vida sempre antecede a teoria.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Concordo com isso, mas nao entendo qual é o foco
Por que um tópico sobre isso? Houve algum episódio que tenha provocado a vontade de dizer isso?
Acho que as pessoas, em geral, estao cada vez mais esquecidas da necessidade de argumentos quando discutem algo. E nao valorizam o conhecimento específico. Que nao é garantido só por títulos, claro. E acho sobretudo que um título nao deve ser usado como argumento de autoridade, como o que a sabedoria popular chama de “pôr o pau na mesa”. Mas tb acho que um título representa anos de estudo sobre um assunto que nao devem ser desconsiderados quando se discute aquele assunto em especial.
A referência, Anarquista, é
A referência, Anarquista, é ao acontecido na último depoimento de Lula ao Juiz Moro, A certa altura Lula tratou a procuradora do MP Isabel Cristina Groba como “querida”. A danada não gostou e exigiu o tratamento de “doutora”,
Ah bom, agora entendi
Obrigada pela resposta, JB. Bom ler vc, há algum tempo já que nao nos “encontramos” aqui. Abs
Das coisas essenciais
Sim, são anos de estudos para ganhar um título
São anos de estudo sobre um objeto colocado numa redoma, onde um orientador repete à exaustão: “não abre, pois não conclui”
Na vida dos pobres não há redoma, todas variáveis se apresentam e tem que ser vividas.