Enem – mãe de garota com paralisia quase perde prova

Jornal GGN – Entre as histórias de alunos que não puderam fazer o Enem por diversos motivos – o mais comum atraso –, chama atenção o caso da estudante de pedagogia Odalice Pereira da Silva, de 44 anos, que foi impedida pelos fiscais de entrar no local da prova porque estava acompanhada de sua filha, Gabriela, que tem paralisia cerebral e não tinha com quem ficar. No sábado, a entrada da mãe com a filha foi autorizada, mas no domingo os fiscais barraram. Ela acabou ajudada por uma colega, que já havia perdido o teste no sábado e se sensibilizou com o caso e cuidou de Gabriela durante o exame.

Enviado por Cláudio José

Estudante deixa de fazer Enem para ajudar mãe de garota com paralisia

Por Sílvio Túlio e Fernanda Borges

Do G1

Odalice chegou acompanhada da filha Gabriela, que tem paralisia cerebral (Foto: Sílvio Túlio/G1)

A estudante de pedagogia Odalice Pereira da Silva, 44 anos, só conseguiu entrar na Faculdade Araguaia, no Setor Bueno, em Goiânia, para fazer o segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo (9), após receber ajuda de uma colega. O problema aconteceu porque ela estava com a filha Gabriela, de 21 anos, que tem paralisia cerebral, e os fiscais não permitiram a entrada e permanência da acompanhante. Sensibilizada com o caso, a também estudante de pedagogia, Cleonice Barros Bonfim, 28, desistiu de fazer a prova para cuidar da garota.

Segundo Odalice, no sábado (8), ela não tinha com quem deixar a filha, que precisa de cuidados especiais, e a levou junto para a faculdade. “Não queriam me deixar fazer a prova, pois eu não tinha feito pedido de atendimento especial, mas depois de muita insistência liberaram”, conta. Sendo assim, Gabriela ficou na mesma sala enquanto a mãe fez o exame.

No entanto, segundo Odalice, ao fim das provas a coordenação que atua na instituição a informou que neste domingo a permanência da menina não poderia ser novamente liberada. “Disseram que houve um erro, em deixar minha filha ficar na sala, e que hoje eles não podiam persistir com ele”, afirmou a estudante.

Ciente de que teria problemas neste domingo e sem ter com quem deixar a filha de novo, Odalice seguiu assim mesmo para a faculdade. Na entrada, foi avisada de que não poderia entrar acompanhada da garota. Depois de tentar convencer os fiscais, ela já estava quase desistindo, quando Cleonice decidiu intervir.

A jovem perdeu a prova no sábado, pois errou o local, e foi neste domingo para tentar obter pelo menos parte das notas. No entanto, ao ver que Odalice perderia o exame, ficou responsável por cuidar de Gabriela. “Decidi ajudar”, relatou Cleonice.

Com isso, enquanto a mãe faz o exame, Gabriela está sob os cuidados de Cleonice em uma sala dentro da instituição.

Cleonice ficou sensibilizada e deixou de fazer a prova para cuidar de Gabriela (Foto: Sílvio Túlio/G1)

Redação

9 Comentários

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  1. Ótima iniciativa mas espero

    Ótima iniciativa mas espero que o Governo não passe a oferecer serviço de baba.

    Este serviço não deve ser oferecido!

    Pode ser resolvido pelas pessoas. A data da prova pe marcada com um ano de antecedência.

    Na boa, se vira!

    1. se vira??!
      Na boa, imprevistos acontecem e o caso dessa senhora não é esquecimento nem falta de responsabilidade.
      “Se vira” seria um bom lema se Aécio fosse presidente, mas não Foi dessa vez.
      A quem critica, sugiro que faça um pequeno exercício de se por no lugar do outro. Coxinhas infelizmente não conseguem.

  2. Sou a favor que o governo

    Sou a favor que o governo faça o máximo pelo cidadão. O ENEM oferece apoio técnico e pessoal para disléxicos, pessoas com mobilidade reduzida, deficientes visuais e cadeirantes. Mas são todos apoios diretos ao candidato e não a terceiros.

    Temos esse caso da candidata que é mãe de uma cadeirante que exige cuidados permanentes. Tivemos também uma outra candidata-mãe com uma criança de poucos meses que foi impedida de fazer a prova porque queria permanecer 6 horas com a criança no colo dentro da sala e, provavelmente, até amamentando-a.

    E também tivemos gente reclamando de pessoas que chegaram atrasadas porque dependiam de ônibus ou não tinham carro, enquanto os mais abastados chegavam nos automóveis dos pais ou em veículos próprios. A constatação parecia desejar um apoio de qualquer tipo para os ‘não-motorizados”. Talvez fechar o portão duas horas depois para quem vier de ônibus ou a entrega de passes ou mesmo de um serviço de transporte fretado para os candidatos não-ricos.

    Como foi dito abaixo, as provas foram marcadas com 1 ano de antecedência. As inscrições ocorreram meses antes e são muito bem documentadas e se não cobrem todos os casos possíveis e nem satisfazem todas as necessidades possíveis, é inegável que chega bem perto. O que não está previsto ou satisfeito pode muito bem ser remediado de alguma maneira até que a necessidade ganhe força e sensibilize a organização.

    Há uns dois anos os plesbiterianos queriam o direito de não fazer a prova no sábado, tendo um dia (e, logo, outra prova) para eles. Judeus ortodoxos tem o mesmo problema. Eles não foram atendidos e nem parece que serão.

    Talvez a partir de uma próxima edição do ENEM passe a oferecer um serviço de creche para as mães-candidatas e/ou cuidadores para seus dependentes em alguns locais de prova, respeitando o pedido antecipado feito pelo candidado num campo específico do formulário de inscrição, como já ocorre hoje com deficientes visuais, disléxicos, cadeirantes e outros que precisam de prova específica, leitores ou acesso facilitado.

    Mas o fato da organização ainda não dar apoio aos depentendes dos candidatos não é a razão desta mãe de um cadeirante e da outra mãe de um recêm-nascido terem perdido (ou quase perdido) a prova. O ENEM não substitui a família, os vizinhos, os colegas de trabalho e nem a solidariedade dos anônimos. Esses casos de descaso com o próximo gritam bem alto o tipo de sociedade em que vivemos e mostram que é importante, sim, dar uma solução também para essas pessoas exatamente para que tenham oportunidade de se livrar dessa solidão.

  3. O problema aqui nao tem nada

    O problema aqui nao tem nada a ver com o ENEM, e sim com o fato desta mulher não ter com quem deixar a filha…nao tem um parente — pai, mae, irmaoes, primos,etc—, um amigo ou amiga…

    esta eh uma questao humana que nao tem nada a ver com o ENEM.

     

     

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