Escola Sem Partido consegue impedir que Enem zere redação contra direitos humanos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil
 
 
Jornal GGN – O movimento Escola Sem Partido conseguiu barrar na Justiça o edital do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) que promete zerar a prova de redação do candidato que violar os direitos humanos. Segundo reportagem do Estadão desta quinta (26), a decisão em favor do movimento foi tomada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, de Brasília. 
 
O desembargador federal Carlos Moreira Alves entendeu que o edital viola o direito constitucional à liberdade de expressão e manifestação. Além disso, apontou que a regra criada pelo ENEM precisava ser mais específica, já que a punição para zerar a redação pode ser o impedimento de ingressar numa universidade.
 
“Ofensa à garantia constitucional de liberdade de manifestação de pensamento e opinião, também vertente dos direitos humanos propriamente ditos; e ausência de um referencial objetivo no edital dos certames, resultando na privação do direito de ingresso em instituições de ensino superior de acordo com a capacidade intelectual demonstrada, caso a opinião manifestada pelo participante venha a ser considerada radical, não civilizada, preconceituosa, racista, desrespeitosa, polêmica, intolerante ou politicamente incorreta”, escreveu o magistrado.
 
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pela prova, informou que vai recorrer da decisão.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Com essa idéia de zerar

    está indiretamente- ou diretamente – impedindo qualquer texto ficcional que envolva o tema. Por que a proibição? Já se sabe de antemão que não pode ser ficcional?

  2. escola….

    A Gestapo da Patriulha Ideológica vai sendo encerrada. Podemos começar a pensar em Democracia. Bandidos esquerdopatas ditadores começam a ser anulados. “Liberdade, Liberdade….Abras as Asas sobre Nós…”

  3. chocado mas não surpreso

    Mais uma contribuição de uma justiça (minuscula) que é uma desgraça para o país!!!!

    Sabem tudo de leis mas nada de Justiça (já que para aplicar a JUSTIÇA (maiuscula) não basta decorar textos de concursos).

  4. Pelo menos numa coisa a

    Pelo menos numa coisa a sentença desse juiz foi coerente. A educação defendida por ele é obscurantista, bárbara e desumana como o sistema judiciário brasileiro. Alexandre Frota é o simbolo dessa escola medieval onde principios humanitários não são essenciais.

    Nesses dias um juiz citou Bolsonaro para justificar a sua sentença. Falta citar Hitler, mas a escola nazista já está em prática.

  5. Excelente decisão.
    Acho que

    Excelente decisão.

    Acho que os intelectuais deveriam fazer um vídeo à censura que o INEP quer fazer nas redações incluindo o viez ideológico.

    Por exemplo, quem é contra o aborto defende os direitos humanos do feto. Já quem defende defende o aborto é contra o direito humano à vida.

    Eu acho que não se pode excluir da universidade aqueles que defendem o direito ao aborto, embora eu seja contra.

     

     

    1. Até parece que se trata da

      Até parece que se trata da questão do aborto. Essa ou esse Li (deveria defender seus pontos de vista revelando seu nome como eu) usa um argumento para confundir escondendo a sua defesa do fascismo. 

      O que a escola sem partido quer é o direito de defender a tortura, a perseguição ideólogica, a alienação sobre as questões sociais. É o não reconhecimento dos direitos das minorias etnicas, sexuais e religiosas. É essa redação que não será zerada. A redação que tem por fim defender o direito da polícia atirar e depois perceber quem matou como feito com a turista espanhola. Ou o direito de defender criminosos como Ustra em nome da democracia, como fez Bolsonaro.

      Vai se catar, idiota.

      Ah! Eu sou a favor do aborto porque nenhum homem, nem o estado, nem a igreja tem direito sobre o corpo da mulher. 

  6. Pela primeira vez na vida

    Pela primeira vez na vida concordo com o pessoal da Escola sem partido. Redação serve para avaliar a habilidade do indivíduo na elaboração de textos em língua portuguesa, o objetivo não é penalizar ou premiar alguém pelas suas posições políticas. É claro que um candidato abertamente racista tem que ser muito bom para expor seus argumentos de forma convincente, entã ele há sai em desvatagem, independente de outras considerações, em particular se ele for suficientemente burro para expor suas próprias convicções, um extremista de direita inteligente vai moderar suas opiniões por motivos óbvios. Mais engraçado é concluir que, mundo da “esquerda” tupiniquim, Marx, Lenin, Trótsky seriam todos reprovados no ENEM, já que nenhum deles era particularmente adepto do respeito aos direitos humanos, embora os textos escritos por eles sejam muito claros e a linha de argumentação é sempre muitio clara e muitio lógica. Pior ainda é a dificuldade da “esquerda” em entender que esse feitiço pode ser virado cobtra o feiticeiro com a maior facilidade. Quem julga o que é politicamente correto? Que está no poder. E quem está no poder, ora bolas? Já existe na Câmara um projeto proibindo a propaganda da luta de classes, daqui a pouco que escrever sobre luta de classes na redação do ENEM ganha um zero de presente.

  7. SUPONHAMOS QUE O TEMA DA

    SUPONHAMOS QUE O TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM SEJA O SEGUINTE: A ESCRAVIDÃO NO CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO E A AÇÕES AFIRMATIVAS COMPENSATÓRIAS DO SÉCULO XXI.

    Imaginemos que um estudante escreva a seguinte redação:

     

    De fato, a escravidão foi um fato histórico da vida brasileira entre 1500 ne 1888, como também foi um fato histórico de vários povos ao longo de toda a trajetória da humanidade, povos com supremacia militar e intelectual e sempre mais preparados subjugaram outros grupos humanos e os dominaram fazendo prevalecer a cultura superior.

    Sem dúvida, no Brasil também aconteceu da mesma forma, tivemos os europeus superiores física, moral e intelectualmente colonizando o território, enquanto no novo mundo povos indígenas primitivos permaneciam na sua inércia tecnológica, iletrados, praticantes de religiões animistas sem qualquer sentido espiritual, apenas para dar sentido às suas práticas pagãs e não cristãs.

    É claro que uma empreitada como a colonização do imenso território não poderia prescindir de um grande contingente de mão de obra não disponível em abundância no novo território, especialmente porque os índios nunca foram dados ao labor, daí que, muito astutamente, os europeus foram em busca dos negros africanos, que eram ainda mais primitivos que os povos indígenas, o que pode ser comprovado em nossos dias pelas práticas das religiões chamadas afro-brasileiras e no comportamento das populações da periferia das grandes cidades do país, na sua maioria composta de negros.

    Assim, a prática da escravidão, embora hoje moralmente execrada, pode ser perfeitamente justificada no contexto histórico da colonização brasileira, intensiva em mão de obra braçal e carente de trabalhadores sem qualquer especialização, ainda mais sendo factual que os europeus que conquistaram o moderno território brasileiro faziam parte de uma elite incomparavelmente superior a qualquer povo indígena ou africano da época, e jamais se submeteria a certos trabalhos degradantes típicos do período colonial.

    As ações de afirmativas de hoje não têm ligação com as origens da escravidão no período colonial, uma vez que os povos brancos de hoje não têm qualquer reponsabilidade sobre as práticas escravocratas dos povos antigos, a ações afirmativas são equivocadas e não resolvem o problema da desigualdade, principalmente tendo em vista que impede a prevalência da meritocracia.

    Além do mais não se pode negar que estas ações afirmativas têm um forte componente ideológico, elas são subproduto da ideologia do multiculturalismo, de extração esquerdista e são resultantes do radicalismo do movimento negro, que pratica o racismo reverso ao invés de trabalhar para a melhoria da formação dos seus iguais de cor, que sempre foram inferiores aos povos de origem europeia em termos intelectuais e isto não tem nada a ver com a escravidão.

     

    Sob o escudo de um palavreado bonitinho e recheado de ideologia também, à moda escola sem partido, o jovem destila toda sorte de preconceitos, análise histórica enviesada, supremacismo racial e ódio de classe. Esta redação, na opinião do desembargador Carlos Moreira Alves, deveria ser avaliada como qualquer outra, na minha opinião deveria levar zero de plano.

     

    1. Para mim aquele que defende

      Para mim aquele que defende os regimes comunistas simplesmente levam ZERO na redação porque esses regimes violam o direito à vida, à liberdade, ao direito de ir e vir, liberdade de expressão, liberdade sexual, liberdade política, etc.

      E não tem essa da escravidão significar supremacia racial. Não se esquecer que na Africa, os grandes reis africanos, escravizavam e vendiam os negros aos europeus.

      Pensando bem, acho que, pra mim deveriam manter essa de zerar a nota de quem não apóia os direitos humanos. Assim todos os defensores das esquerdas ficariam longe das universidades brasileiras.

    2. Mas em linhas gerais, está correto

      O autor da pretensa redação enfatizou preconceitos e observações desairosas e fora de contexto com a finalidade de dar uma feição caricata ao texto. Mas não sei se por honestidade ou por descuido, o que ele diz, em linhas gerais, está certo:

      – É fato que através da História, os povos superiores militarmente subjugaram e escravizaram os outros;

      – É fato que os povos nativos do Brasil eram ágrafos (portanto, iletrados) e praticavam religiões animistas;

      – É fato que uma empreitada como a colonização de um território de grandes proporções como o Brasil não poderia prescindir de uma grande reserva de mão-de-obra, da qual o colonizador não dispunha;

      – É fato que os povos nativos não eram afeitos à escravidão nos moldes que os colonizadores necessitavam (não conheciam instrumentos nem técnicas de agricultura extensiva) e que os africanos eram melhor conhecedores desses métodos;

      – É fato que as ações afirmativas de hoje não têm qualquer ligação com as origens da escravidão do período colonial, pois são uma cópia das ações urdidas nos EUA, onde as universidades eram livres para selecionar seus alunos como bem quisessem, excluindo os negros, o que não acontece aqui onde há o exame vestibular;

      – É fato que os povos brancos de hoje não têm qualquer responsabilidade sobre as práticas escravocratas do povos antigos, mesmo porque boa parte da população branca atual do Brasil é descendente de imigrantes que chegaram após a abolição da escravatura, eram trabalhadores que nunca possuíram escravos, e até foram eles próprios muitas vezes tratados como escravos;

      – É fato que as ações afirmativas não resolvem o problema da desigualdade, tendo em vista que impedem a prevalência da meritocracia, lembrando que a meritocracia não é uma ideologia supremacista mas meramente um método de gestão, que se prima pela racionalidade, pois se os postos de trabalho mais importantes forem entregues àqueles que têm mais capacidade em desempenhá-los, o serviço bem feito beneficia a todos, e analogamente o serviço mal feito prejudica a todos.

      Como se vê, a escravidão foi fenômeno histórico perfeitamente explicável pelo contexto da época, que não se reproduziu apenas no Brasil.

      1. Você não entendeu nada do

        Você não entendeu nada do objetivo desta redação fictícia, os argumentos bucéfalos e enviesados são propositais para demonstrar que sob com argumentos aparentemente coerentes pode-se defender o racismo, o nazismo, a tortura, o estupro, as guerras preventivas, as guerras de conquistas, os fuzilamentos das revoluções de qualquer orientação ideológica, e qualquer outra forma de violência ou ataque aos direitos humanos, ou seja, tudo aquilo que a humanidade quer se ver livre para sempre.

        Vamos Lá:

        O fato de a escravidão ter sido uma constante na história humana, não justifica em pleno século XXI considerar o cativeiro praticado pelos portugueses e brasileiros no período colonial como algo normal e defensável, apenas como introdução esquemática para ao final esgrimir o ódio racialista e de classe;

        Porque os povos nativos do Brasil eram iletrados, não se pode defender a prática de escravidão, mais do que isto, o genocídio destes povos por povos brancos violentos e sanguinários, que se diziam cristãos e mais uma vez brandir tal argumento como suficiente para a ignomínia do euro centrismo predador e escravagista;

        É mentira das grandes que para dar conta da empreitada de colonização de um território de grandes proporções como o Brasil, embora houvesse necessidade de uma grande reserva de mão-de-obra, fosse necessário comprar humanos, escravizá-los e por aqui, nos valongos da vida, tratá-los como mercadorias e depois explorar sua mão de obra no mais bruto cativeiro da história; necessidade de mão de obra não tem nada a ver com escravidão;

         Se os povos nativos não eram afeitos à escravidão nos moldes que os colonizadores necessitavam, recorreram à escravidão como forma de impor um modelo opressor e genocida de exploração da mão de obra negreira e para dar suporte ao supremacismo racial e à preguiça indolente dos europeus que não queriam colocar as mãos no trabalho braçal, e mais uma vez tal argumento não é plausível para explicar jamais o contexto histórico da escravidão;

        Se você, em pleno século XXI, não apreende bem a debilidade e o anacronismo destes argumentos leia a manifestação de alguém que nasceu em 1849 e viveu até 1910, Joaquim Nabuco, no seu clássico o Abolicionismo. Um intelectual conservador, muitíssimo à frente dos fundadores desta ridícula escola sem partido, aliás, a sua melhor frase sobre o Brasil se cumpre até hoje:

        ‘A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil’

        Ações afirmativas de hoje, são consequência histórica direta da escravidão do período colonial, e tem a ver com a exclusão secular dos negros e dos índios de qualquer ascensão social, processo derivado do modelo de sociedade excludente construído desde aquela época e, em relação a estes povos, tem tudo a ver com as razões históricas da marginalização social e educacional, dos negros especialmente. O vestibular sempre foi apenas um instrumento de perpetuação da desigualdade uma vez que a pobreza e o preconceito velado e explícito sempre impediu a chegada destes jovens ao ensino superior.

        As ações afirmativas não foram criadas para prejudicar os brancos ou imputar-lhes qualquer responsabilidade direta, elas não são um instrumento de punição, uma vez que esta é uma matéria de caráter coletivo, não é para ser olhada como uma reponsabilidade individual a ser cobrada de cada descendente das gerações anteriores, até porque muitos bancos são descendestes de escravos também, pois está provado que o racismo e a exclusão não são isoladamente apenas uma questão puramente racial, no sentido genético, mas centra-se mais no fenótipo, ou seja, na cor das pessoas.

        Não existe meritocracia no sentido literal da palavra, esse argumento da competência é tolo e insustentável, está provado de forma cabal por várias pesquisas no mundo todo que a chamada meritocracia é uma meia verdade, já que majoritariamente se impõe a partir de modelos organizacionais da sociedade para, na média, apenas uma minoria (e os de sempre ) chegarem ao topo da estrutura social. Assim, o estado tem de atuar ao menos por certo tempo para proteger os que não e enquadram no modelo da meritocracia falaciosa, que muitas vezes pode também ser chamada de ‘QUEMINDICATOCRQACIA”.

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