Experiências de educação contra-hegemônica são tema de publicação

Por Juliana Sada, do Centro de Referências em Educação Integral

Foi a partir de um convite da curadoria da 31ª Bienal da Arte que surgiu a quinta edição da Revista Urbania. Idealizada por Graziela Kunsch e Lilian L’Abbate Kelian, a publicação traz experiências de educação contra-hegemônicas e democráticas e casos em que o ensino e aprendizagem extrapolam o currículo e os muros da escola. A revista conta ainda com relatos e reflexões de educadores, poesias e ilustrações.

Como abertura, a Revista Urbania apresenta uma linha do tempo da educação democrática, discutindo desde a Escola Iasnaia Poliana (1857-1862), fundada pelo escritor russo Leon Tolstoi, até experiências contemporâneas. O conteúdo é complementado por um texto de Yaacov Hecht, um dos fundadores da Escola Democrática de Hadera e referência no assunto.

Algumas experiências brasileiras com práticas de educação contra hegemônicas são esmiuçadas pela publicação. A primeira, o Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (Cieja) Campo Limpo, vem da zona sul da capital paulistana e revela um esforço de inclusão e educação na diversidade, construída à parte das condições ofertadas pelo poder público. Também em São Paulo, outra experiência, da Politeia Educação Democrática, apresenta o questionamento dos seus estudantes como eixo estruturante de seu planejamento pedagógico.

Do campo brasileiro, vem o relato da educação indígena do povo Baniwa, do Alto do Rio Negro, que tomou para si a tarefa de pensar a sua identidade e construir a sua própria escola, inicialmente fundada por missionários. As Escolas do Campo, criadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, apresentam como a educação é pensada e acontece dentro de cenários de negação de direitos e como os currículos e práticas devem dialogar com a realidade das crianças de acampamentos e assentamentos.

A revista valoriza também experiências educativas que acontecem dentro das escolas, mas à margem do currículo oficial. Entre elas, estão as oficinas realizadas pelo Movimento Passe Livre junto a estudantes secundaristas; e as mobilizações dos jovens em escolas, seja em grêmios ou autonomamente. Machismo, homofobia, racismo e discriminação religiosa são alguns dos temas também abordados pela publicação, por meio de poesias, relatos, desenhos, charges e outros formatos.

Para a editora responsável, Graziela, a publicação traz em si uma “utilidade” ao conectar diferentes experiências, saberes e linguagens. “‘Ser útil’ seria compartilhar processos vivos, em andamento, sujeitos a novas descobertas e também a dúvidas, à autocrítica e a sua transformação”, explica no editorial da revista. Assim a distribuição da obra – disponível em versões online e impressa – significa o ato de compartilhar, “como partilha de um comum; um modo de participar, de tomar parte, de estar/fazer junto”, apresenta Graziela.

Redação

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