Futuros docentes aprendem matemática na mesa de sinuca

Por Danilo Mekari, do Portal Aprendiz.

Aberto diariamente desde 1986, o Big Small é uma referência para os amantes da sinuca que vivem em São Paulo. O bar, situado no bairro de Pinheiros, zona oeste da cidade, oferece mesas de bilhar que divertem noite adentro os mais assíduos jogadores. Na última quarta-feira, uma proposta inovadora converteu o local de diversão em espaço de aprendizagem.

A iniciativa, promovida pelo Instituto Singularidades – voltado para a formação inicial e continuada de professores e especialistas em educação –, tirou os alunos de graduação em matemática da sala de aula para propor uma maneira original de aprender e ensinar trigonometria.

Divididos em seis duplas mistas, os alunos foram instruídos a “prever” a trajetória das bolas de acordo com a angulação escolhida para a jogada. Em seguida, eles mediam os ângulos que se formavam a partir do toque da bola branca na bola que seria encaçapada.

A cada rodada, os estudantes anotavam as jogadas que davam certo – quando a bola escolhida caía no buraco – e as que davam errado. “A partir disso a gente discute quais são os acertos e os problemas na leitura dos ângulos”, explica a professora Ruth Itacarambi.

Para ela, o jogo de sinuca tem uma estrutura semelhante à da resolução de problemas. “Em um, o objetivo é ganhar. No outro, é chegar a um resultado. Estimulamos o aluno a analisar as condições iniciais para então tomar a decisão do que fazer para chegar ao resultado final: a bola certa na caçapa”, afirma Ruth.

O estudante Eduardo, do primeiro semestre, acredita que trabalhar com jogos é uma maneira mais efetiva de atrair o interesse das crianças. “Precisamos trabalhar menos com a lousa e mais com atividades lúdicas, que são uma maneira do aluno solidificar aquele conceito aprendido na sala de aula.”

Matemática no cotidiano

Focado na formação de docentes, o Instituto Singularidades tem o objetivo de “formar um ser pensante”, de acordo com o coordenador do curso de matemática, Valdir Carlos da Silva. As salas de aula possuem um formato que favorece a colaboração, com mesas de reuniões onde os alunos podem trocar conhecimentos, além de integrar turmas de diferentes níveis – como o 1º e o 2º semestre, turmas escolhidas para participar da aula de matemática no Big Small.

“Precisamos trabalhar a formação do professor para que, então, ele repasse o que aprendeu ao aluno”, reflete Silva. “Só transformaremos a realidade de nossa educação quando mudarmos os professores que estão ingressando no mercado de trabalho.”

Para ele, a visão de que a matemática é um obstáculo para os alunos precisa urgentemente acabar. “A criança tem que entender que a matemática está em qualquer lugar, mesmo que não a sinta. A matemática escolar precisa ser incorporada ao cotidiano do aluno – do contrário, não vai despertar o interesse da maioria”, observa.

Levar a matemática para a sinuca, por exemplo, é uma forma de aplicá-la, dando a possibilidade para o estudante visualizar que aquilo que é ensinado em sala de aula realmente acontece. “Propor atividades diferenciadas e fora da escola é uma das soluções”, opina Silva sobre as mudanças necessárias ao ensino da matemática.

Na prática

Também estudante do 1º semestre, Aline acredita que a atividade foi importante não apenas para ela, que pretende ser professora, mas também para os seus futuros alunos. “Vi na prática como são aplicadas as teorias de matemática. Isso é interessante para o processo de aprendizagem”, pontua. “Se eu passo o conteúdo apenas na lousa, muitas vezes o aluno não visualiza e não vê a aplicação real daquilo. Praticar o conceito aproxima o estudante da matéria.”

Ruth lembra que muitas pessoas que têm dificuldades com álgebra na sala de aula possuem maior habilidade na hora do jogo. “São características daquele aluno que o professor não vê em ambientes formais de aprendizagem”, revela.

A docente define como interdisciplinar a atividade no Big Small. Afinal, além da trigonometria, os alunos tiveram que estudar o jogo e suas regras, “bastante relacionado com leitura e interpretação de texto”. “É também uma ocasião importante para se analisar a auto-organização dos alunos, assim como um estímulo à socialização através do jogo.”

As fotos são de autoria de Henrique Miranda.

Redação

5 Comentários

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  1. “Futuros docentes aprendem

    Futuros docentes aprendem matemática na mesa de sinuca

    … aprendem matemática e muita malandragem… nestes templos sagrados contumazes da vadiagem e perdição, propícios vem bem a calhar a ociosos, desocupados, gazeteiros de marca maior!

    que belo futuro…

    Brás Cubas de Machado nos conclama:

    “Unamos agora os pés e demos um salto por cima da escola, a enfadonha escola, onde aprendi a ler, escrever, contar, dar cacholetas, apanhá-las, e ir fazer diabruras, ora nos morros, ora nas praias, onde quer que fosse propício a ociosos.”

     

     

  2. Grande novidade.
    No início dos anos 80, na faculdade, nosso professor de desenho geométrico dava aulas de reposição no Bigodão, um salão de sinuca da BernôCity de então.

  3. Prestem atenção na foto dois

    Prestem atenção na foto dois ,que uma senhora de branco está apontando o taco numa bola branca pra acertar outra que seria azul,

            Como especialista no assunto,. quanto leite das crianças a sinuca me forneceu, posso assegurar que essa sra. é uma principiante. Melhor dizendo: Dando os primeiros passos como aprendiz.

                      Como sei?

                      Porque ela não aprendeu ainda a segurar o taco—que é a primeira lição.

                           A mão inteira na mesa e o taco flutuando nela ,coisa que não acontece na foto.

  4. queria  ver mesmo  é o

    queria  ver mesmo  é o professor de física explicar os gols dse folha seca do craque didi.

    os dribles de garricncha e as quedas dos seus marcadores, os joões.

    um chapeuzinho de pelé,

    aquele gol contra o país de gales,

    onde ele deu um chapéu no zagueiro e enfiou no canto esquerdo do goleiro.

    sabe-se, einstein não jogava dados com deus e nem jogava como pelé

    mas como sabia das coisas…

    até hoje muitos querem entender a teoria darelatividade etc e tal,

    mas os mestrres pelo jeito não encontraram

    um jeito mais compreensível para que a maioria

    entenda essas complexidades físicas e científicas.

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