Novo diretor do Inep diz que Olavo de Carvalho foi seu “amadurecimento intelectual”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Doutor em Economia pela FGV-RJ, Murilo Resende ganha a vida dando aula em universidade privada de Goiás e vendendo cursos online sobre marxismo cultural, filosofia política, entre outros temas. Em seu blog pessoal, ele diz que Olavo de Carvalho foi o responsável “central” por seu “amadurecimento intelectual. De acordo com O Globo deste sábado (5), Resende foi indicado por pessoas ligadas ao projeto Escola Sem Partido e que fazem uma espécie de “fiscalização informal em livros didáticos” para ocupar a diretoria do Inep responsável pelo Enem.
 
“Murilo Resende, o novo coordenador do Enem, é doutor em economia pela FGV, e seus estudos deixam claro a priorização do ensino ignorando a atual promoção da ‘lacração’, ou seja, enfoque na medição da formação acadêmica, e não somente o quanto ele foi doutrinado em salas de aula”, tuitou o presidente Jair Bolsonaro.
 
Aos 36 anos, Resende foi nomeado pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, como diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo informações divulgadas até agora, ele já participou de eventos onde criticou professores pela precariedade da educação pública, e falou contra a ideologia de gênero e o marxismo cultural.
 
No blog pessoal, a credencial de Resende é ter sido “aluno do Seminário Filosofia – Olavo de Carvalho desde 2009”. O curso de “Filosofia Política” que ele vende sai por R$190 e inclui um módulo sobre Olavo, responsável pela nomeação de Velez no MEC.
 
“O maior amigo de todos, o professor Olavo de Carvalho, teve sempre uma presença virtual nesse processo [de formação intelectual], mas a mais forte de todas: só que nessa conversa eu tinha e ainda tenho muito pouco a dizer. O seu Curso Online de Filosofia, iniciado em 2009, e contando já com mais de 400 aulas, foi o ponto central para meu amadurecimento intelectual. Foram realmente nessas conversas (reais ou virtuais) que descobri uma vocação: o diálogo incessante, a tentativa sincera de duas almas que, por mais toscas que sejam, buscam uma luz além dos interesses mesquinhos por ascensão social e pequenos prazeres. Tenho certeza que conquistei algo nesse processo e que é isso que hoje me permite realmente exercer a vocação de professor, muito mais do que os títulos e as leituras, meros materiais para a verdadeira atividade do espírito. Os cursos a serem lançado nesta página serão fruto desses anos de aprendizado e dos muitos que ainda estão por vir. Convido os interessados a se tornarem acima de tudo novos participantes desse diálogo”, escreveu Resende no blog.
 
Procurado pelo jornal O Globo, ele disse que, por hora, não fará mudanças no Enem. “O Enem é obviamente uma prova central. Tem que manter (as diretrizes), a gente tem milhões de alunos que dependem do Enem para seleção nas universidades. Tudo isso tem que ser mantido”, comentou.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Caso de psicoterapia cognitivo-comportamental?

    Esse governo não tem uma semana, houve a preestreia com o Queiroz e também com as declarações da Grande Boça Família. Vou chutar um pouco aqui. 

    Eu até concordaria com o Nassif, uma hora, a realidade poderia se impor; por exemplo, a China é o parceiro comercial mais importante do Brasil (seja para a pior, seja para a melhor, merece só por isto uma análise), mas o alinhamento político e cultural deste governo é com os Estados Unidos. Os grupos religiosos mais simpáticos a Boça não são de longe a Bible Belt norte-americana, mas se fundamentam parcialmente nelas e possuem um peso considerável sobre o eleitorado. O conservadorismo brasileiro é tosco e caricatura do conservadorismo norte-americano; porém foi o modo como indivíduos e grupos puderam ascender como “intelectuais”. Não é difícil encontrar frases como “esquerdistas são burros”, “o marxismo é lixo”, cuja simplicidade obriga a remontar ao estudo da lógica formal aristotélica e, de quebra, um possível estudo de falácias. O modo como eu li (friso) sobre os negócios da Grande Boça Família me lembra (eu escrevo lembra, não disse que é igual) aquele grupo de colegas que leva vantagem, um protege o outro, todos são ao mesmo tempo “legais” até um certo ponto mas profundamente corruptos e viciados, tudo tratado com absoluta normalidade (tabu é não ser corrompido).

    Não se trata, necessariamente, de alinhamento político, isto mesmo seria deliberado, claro e convicto. Mas,se o for, é apenas pelo fato de ali vc tem algum tipo de certeza. Melhor o parco e o tosco do que nada. 

    Mas considero perigoso simplesmente considerá-los toscos. Sim, eles são, mas considerar desta forma apenas emperra o pensamento. Essa gente tosca é que está dando a linha cultural. Porém, até que ponto, por exemplo, o novo diretor do Inep é realmente grato ao pensamento do Olavo? Ele talvez esteja fazendo a cena para quem o está assistindo (fora marxismo cultural, viva Olavo), falando para quem o ouve (transpira tranquilidade).

    No fim das contas, parece que a tática do Boça se solidificou, membros do governo fazem declarações de acordo com o perfil cultural que muita gente possui (cria identidade entre essa parcela e o governo), as frases podem ser tumultuada e confusas, mas agarram a pessoa pela sua netureza fragmentária. Você perde muito tempo tentando decifrar aquela confusão declaratória, mas, até lá, se vc não for precavido, já engoliu muita coisa e não fez a sua “digestão mental”. 

    Por isso, declarações de governo e atos de governo podem ser diferentes. Aliás, esta, me parece, a tônica. Veja o mandatário, durante anos, de carreira parlamentar, jogou para a plateia e isto deu certo. Como parlamentar, foi completamente antipovo. Não teria o seu eleitorado cometido autotraição, então? 

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