Partidos políticos discutem a educação brasileira

O que pensam os partidos brasileiros sobre os diversos temas de política pública?

Nos últimos anos, a radicalização política nublou as questões programáticas. Depois das manifestações de junho, gradativamente os partidos voltam-se para sua essência: discutir propostas capazes de atender aos reclamos das ruas.

No segundo tema da série sobre as propostas dos partidos brasileiros, o Jornal GGN (www.jornalggn.com.br) mostra as propostas do Campo de Debate do PT e do PSDB.

Os dois lados propõem a universalização com qualidade do ensino. Mas enquanto o PSDB tem várias críticas ao modelo pós-2003, o PT acredita que a melhoria do ensino depende fundamentalmente da manutenção de políticas que garantam a equidade social.

Clique aqui para ir ao Mutirão da Educação (http://glurl.co/c7d)l; aqui (http://glurl.co/c7e) para ir ao Espaço Democrático; aqui (http://glurl.co/c7f) para o artigo do Campo de Debates do PSDB: O apagão da educação; e aqui (http://glurl.co/c7g) para o artigo do PT: “Sem equidade, a educação não salva nem se salva”.

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Assim como na saúde, a educação já tem um corpo relevante de partidários, educadores que levantam a bandeira acima dos partidos. As discussões sobre o tema têm levado quase a um consenso. Daí a pouca diferença nas propostas de um ou outro partido:

1.     Há a necessidade de professores bem remunerados e com boas condições de ensino (equipamentos, salas adequadas, cursos etc.).

2.     Dadas as condições atuais, seu trabalho deve ser avaliado e cobrado. E a maneira de cobrar é por meio de sistemas de avaliações e indicadores já existentes.

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Desde o governo FHC foram criados indicadores de desempenho, sucessivamente aprimorados. E já existem fundos para financiar o ensino básico. Mas esbarram-se em problemas de monta que impedem o círculo virtuoso da educação.

O primeiro, é a incapacidade crônica dos três entes federados – União, estados e municípios – de garantir recursos suficientes para o desafio da educação. Há problemas também na articulação entre as três instâncias. Por exemplo, o Ministério da Educação garante recursos para os ensinos básico e fundamental. Mas o básico é de responsabilidade dos municípios e o fundamental, dos estados.

Nos últimos anos, foram aprimoradas redes sociais ligando todas as escolas do país ao MEC e permitindo avaliações mais precisas de resultados. Mesmo assim, faltam mecanismos mais eficientes de monitoramento e cobranças.

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Existe ainda um vezo ideológico complicado atrapalhando a implantação de novos métodos de ensino.

Da parte de alguns estados, a visão autocrática de empurrar os novos modelos goela abaixo dos professores. Da parte de muitas associações de professores, a resistência a qualquer forma de avaliação.

Sem conquistar corações e mentes dos professores, nenhuma reforma será bem sucedida. Esse estilo autocrático lembra, em muito, o início das mudanças gerenciais nas empresas, em que se preconizava a chamada “reengenharia” – ou seja, o desmonte total da velha estrutura para colocar um nova.

Essa prática selvagem já foi abolida da lista das melhores práticas, por ineficaz.

Luis Nassif

11 Comentários

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  1. “O que pensam os partidos

    “O que pensam os partidos brasileiros sobre os diversos temas de política pública?”:

    Nassif, acho que a proposta esta errada, principalmente para o Brasil.  O historico eh o que eh importante, e so houve dismantelamento da direita -se fosse so no Brasil eu estaria felicissimo.  Nao eh, eh no mundo todo.  Tudo que eles fazem eh direcionado aa concentracao de dinheiro aas maos de pouquissimos, todos amiguinhos deles.

    Todo assunto eh “bandeira eleitoral” que eles nao empunharam.

  2. o que pensam os eleitores?

    Enquanto o primeiro parágrafo deste post faz a indagação concernente aos políticos, no editorial da Folha de hoje vemos uma conclusão do jornal a partir da última pesquisa do datafolha, quanto à opinião do elitor. Se não o fez ainda seria interessante o blog analisar a importância do pensamento ideológico do eleitor. Nós aqui seríamos mais pragmáticos e inteligentes em não votar ideologicamente?

    “A rigor, pouco há de surpreendente no fato de a preferência ideológica ter influência apenas marginal nas intenções de voto dos brasileiros, conforme mostrou pesquisa Datafolha realizada na sexta-feira.

    Diferentemente do que se verifica em alguns países europeus, como França e Itália, a tradição brasileira nunca primou pela coerência ideológica no campo político. Prevalece, por aqui, a busca pelo consenso, não pelo dissenso; a tendência a acomodar, não a repelir.

    Nada há de errado nesse traço cultural. Nos Estados Unidos, democracia mais antiga e mais estável do mundo, os dois principais partidos mantiveram por décadas um grau de mistura doutrinária muito maior do que a polarização recente parece sugerir –e é difícil sustentar que as atitudes extremadas de agora sejam necessariamente positivas para aquele país.

    Tal característica, entretanto, é exagerada no Brasil. Segundo o Datafolha, a presidente Dilma Rousseff (PT) tem, da centro-esquerda à direita, praticamente o mesmo percentual de intenção de voto. Diferenças, somente dentro da margem de erro. Só as preferências dos eleitores de esquerda distinguem-se das demais.

    …………………………………………………………………………………………………….

    As inclinações ideológicas do eleitorado sem dúvida ajudam a explicar essa indistinção. Basta ver que, dentre dez perguntas formuladas pelo Datafolha, somente duas dividiram a sociedade ao meio –pena de morte e atuação dos sindicatos. Nas demais, os entrevistados posicionaram-se ora mais à esquerda, ora mais à direita.”

     

     

  3. Preocupante

    Li os textos do PSDB e do PT. Mas e os outros partidos? O PSB quer se apresentar como capaz de assumir o governo federal. Qual é a proposta para a educação?
    E o PMDB? Ele vai continuar a ser apenas coadjuvante no cenário nacional. Mas é certo que em estados e municípios ele continua a ser ator principal. O que afinal esse partido, que é fundamental para qualquer governo, pensa sobre educação?
    E os demais partidos?
    Se eles não tem nada o que falar, o que nós podemos falar deles?
    Pior: se o que os partidos tem a falar sobre educação se resume ao que o PSDB e PT falaram aqui, isso é muito, mas muito preocupante mesmo.

  4. Acho absolutamente

    Acho absolutamente irrelevante a discussão.

    Pergunta lá pro Governador do RS o que ele acha de educação.

    Uma cosia que fica clara para qualquer pessoa com um mínimo de “feeling” é que educação não é nem nunca foi prioridade de qualquer partido político.

    Políticos veem a educação como um ralo sem fundo. 

    Este deveria ser o tema do debate. O Ralo sem Fundo da Educação. 

    Joga verde…eles vão comprar a idéia.

     

    Aí vem o debate do Nassif para sabermos o que aqueles que não estão nem aí para a educação pensam sobre o tema.

    O tipo do tópico me engana que eu gosto.

     

    O início de qualquer debate sobre educação com qualquer partido deve se iniciar com a pergunta, porque este partido não da a mínima para a educação.

     

    1. educação em todos os espaços públicos democráticos

             Sugiro a cada partido solicitar aos seus especialistas em educação/aprendizagem se manifestarem a respeito de suas posições num texto de mais ou menos 23 linhas. Quero ver se tem capacidade de síntese, fugindo de temas abstratos, metafísicos, incertos, imprecisos. Penso que o código linguístico de seus discursos não contemplaria o exito dessa tarefa.

       

      1. Não são necessárias 23 linas

        Não são necessárias 23 linas quando o problema é simples e um só.

        Falta de vontade política. E não se combate a falta de vontade política com propostas para a educação. O problema é anterior as propostas.

        Vc poderia ter percebido na primeira linha.

        Se estas 5 linhas forem insuficientes para seu entendimento, eu posso tentar desenhar.

        Como disse antes, o problema é muito simples mas de solução complexa.

  5. Para a educação ser PRIORIDADE… DE VERDADE.

    O que falta é conscientização REAL da elite CASA GRANDE brasileira que só teremos uma economia de primeiro mundo e que ELES mesmos só serão uma elite de Primeiro Mundo quando ATRAVÉS DA EDUCAÇÂO CONTINUADA por 4 a 8 décadas o país passar a possuir uma maioria qualificada de cidadãos, trabalhadores e CONSUMIDORES de PRIMEIRO MUNDO.

    Isto começa com INVESTIMENTO A FUNDO PERDIDO NO RALO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL DOS FUTUROS CIDADÃOS APARTIR DE DOIS ANOS.

    COMEÇAR a educação aos 6 anos é um LUXO ao qual não podemos nos continuar a dar visto que a MAIORIA da nossa polulação carente vai ter imensas dificuldades de prover os melhores meios para que estas crianças cheguem em boa condição para iniciar seus estudos.

    O Governo FEDERAL TEM QUE ASSUMIR A EDUCAÇÃO além da desculpa constitucional :

    Mas como se faz ?  ASSUMINDO o que a constituição de 88 IGNOROU…

    Assumir a pré-escola de 0 a 5 anos em TODO Território Nacional, para elevar SIGNIFICATIVAMENTE o padrão de entrada na escola de TODOS estudantes brasileiros e CONSTRANGER os municípios que não tenham condições ou não queiram acompanhar a elevação geral do nível educacional pelas diretrizes FEDERAIS.

     

    E isso deveria começar por uma ato INEQUÍVOCO a nação como um todo e o ÚNICO SINAL forte é CLARO suficiente que começo seria alterar a Constituição e a Legislação para alterar a bandeira inicial mudando sua faixa central do distico autoritário positivista ORDEM E PROGRESSO para um distico de acordo com uma sociedade do século 21 moderna que quer EVOLUIR.

    Nossa bandeira deveria envergar ORGULHOSAMENTE sua nova prioridade nacional:

     

    EDUCAÇÂO É PROGRESSO

     

    Aí eu começaria a acreditar …

  6. O que pensam os professores, pais e alunos?

    Quando se acirrou o movimento corporativista da classe médica brasileira contra o “Mais Médicos” e foram travadas eternas discussões, principalmente nas redes sociais, fiquei me perguntando: por que não indagam a opinião dos verdadeiros e únicos interessados no assunto, os pobres desassistidos?

        Neste debate sobre a educação, creio que deveríamos seguir no mesmo rumo, pois é por demais sabido que os partidos políticos em geral (com honrosas e localizadas exceções) estão se lixando para a educação. Por que não direcionarmos a discussão para sabermos o que acham os usuários finais do sistema educacional, ou seja, os professores, pais e alunos? A partir daí, gerar massa crítica e demanda para a devida e merecida pressão sobre a classe política em geral, que continua dormindo em berço esplêndido.

  7. Em minha opinião, a questão

    Em minha opinião, a questão educação nao é um ponto forte quando se trata do Brasil… O governantes que colocaram o país nessa posição social na educação! Enquanto atitudes não forem tomadas e a Educação ser tratada como assunto relevante, mais países menores irão passando o nosso país na questão educacional. Tem-se que perceber que a educação é tão importante quanto saúde, cultura, entrem outros…

  8. Educação no Brasil

    Não tem que reinventar a roda. É só procurar os bons exemplos dentro e fora do Brasil e replicar no país inteiro. Para isso, também concordo com o senador Cristovam Buarque, que defende a “federalização do ensino”, retirando dos prefeitos e governadores incompetentes o poder de gerir escolas. Com a federalização o MEC teria mais condições de implantar padrões e cobrar resultados dos gestores e professores.

  9. Para educação ser prioridade

    Quero ver um partido ou até mesmo um candidato assumir compromisso com as propostas seguintes:

    Elevar os salários dos professores;

    Garantir que os recursos destinados à educação não sejam desviados (só isso já permitiria elevar salários);

    Manter a administração do ensino público na esfera pública, sem privatizações, sem terceirizações e sem intermediários.

    Todos pela educação? BALELA. Os grandes empresários, nossa “elite”, querem assumir o controle do ensino público, 

     

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