Os quatro degraus no processo de aprendizagem, por Alex Bretas

Do Outras Palavras

Quatro (ou cinco) degraus de aprendizagem

Romper com paradigmas tradicionais de Educação exige preparar-se para ensinar criativamente. Um passo decisivo é examinar o processo do aprender

Por Alex Bretas, na 50 Ferramentas para uma Educação Fora da Caixa

Enxergar como ocorre o aprendizado

Os quatro degraus da aprendizagem, conhecidos também como quatro estágios da competência, são uma forma de enxergar o progresso que fazemos ao aprender algo novo. Imagine uma escada com quatro degraus: a incompetência inconsciente, a incompetência consciente, a competência consciente e a competência inconsciente.

Trata-se de um padrão comum aos processos de aprendizado. Quando o entendemos, isso nos ajuda a aprendermos a aprender.

Por quê?

Existem várias formas de se entender como ocorrem os processos de aprendizagem. Os quatro estágios da competência conformam uma referência útil porque conseguem ser simples e amplos o suficiente para abarcar diversas situações que envolvem aprendizado. Ao escrever sobre os quatro degraus, optei por apresentá-los partindo de uma metáfora – a escada – para facilitar sua compreensão.

O conhecimento a respeito dos quatro estágios de competência foi desenvolvido nos anos 70 por Noel Burch, nos Estados Unidos (há quem diga que Martin M. Broadwell escrevera sobre o assunto em 1969)i. Contudo, a sabedoria que inspirou o modelo é ancestral, já tendo sido manifestada em várias culturas e em diferentes épocas. Por isso, os quatro estágios podem ser tomados como um arquétipo, de modo que estão presentes na história da humanidade desde muito tempo atrás.

Como?

alexbretastexto2

Suponhamos que você quer aprender a cozinhar. Se olharmos para esse processo por meio dos quatro degraus da aprendizagem, ficaria assim:

Incompetência inconsciente

É quando nem nos damos conta do quão ignorantes somos. Não reconhecemos o quanto teremos que nos esforçar caso queiramos aprender algo.

Por isso, você já se acha um hábil cozinheiro e não percebe o valor de praticar e ler mais sobre o assunto.

Para passar à próxima fase, é preciso ser sensibilizado.

Incompetência consciente

De repente, você começa a sair com alguém que lhe fala que o seu macarrão com legumes está completamente malcozido e destemperado. Não é fácil aceitar a crítica, mas agora você pelo menos sabe que não sabe.

Nesta fase a ficha cai. Passamos a reconhecer o valor de aprender algo. Para subir de degrau, o fundamental é errar e reelaborar.

Competência consciente

Você já consegue fazer alguns pratos saborosos. Ao sair com outra pessoa (a primeira acabou te dispensando…) você monta um cardápio árabe completo, mas passa todo o tempo na cozinha certificando-se de que tudo vai sair do jeito que você planejou.

Finalmente passamos a entender ou fazer bem algo, mas temos que ficar pensando naquilo exaustivamente. Dividimos os processos em partes menores para nos sentirmos mais seguros, e ainda assim precisamos estar concentrados o tempo todo.

Para chegar à última etapa, o mais importante é praticar.

Competência inconsciente

Você passou a praticar tanto que se tornou chef de cozinha! Nesta fase, incorporamos a habilidade e deixamos de nos preocupar ao exercê-la. Fazemos tudo de forma natural e automática e somos reconhecidos como pessoas que “sabem o que estão fazendo”.

O mais importante nessa etapa é compartilhar o que se sabe.

Existem autores que propõem, ainda, um quinto estágio que pode ser chamado de “competência reflexiva”i. Trata-se de ultrapassar a inconsciência da quarta fase para dar lugar a uma postura mais informada, de alguém que “sabe do que sabe”. Chegar no quinto degrau é importante para ampliarmos nossa capacidade de compartilhar o que aprendemos.

Os quatro degraus da aprendizagem integram um modelo que pode ser útil a qualquer um interessado em aprender. Gestores também podem aproveitá-lo para criar ambientes favoráveis à aprendizagem. Subir de degrau fica mais fácil quando conseguimos enxergar a escada!

Para mergulhar

  • “Os quatro estágios da competência em qualquer tarefa”, Fabio Bracht. Papo de Homem. Link

  • “Four stages of competence”. Wikipedia. Link

  • “Conscious competence learning model”. Businessballs.com.Link

 

i Soube disso por meio do texto “Conscious Competence Learning Model”, uma das fontes mais completas que encontrei sobre o assunto. O material está disponível no linkhttp://www.businessballs.com/consciouscompetencelearningmodel.htm.

 

Redação

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

      1. Vc tem direito de ser irônico, mas a ironia é descabida…

        Claro que nao se pode postar uma dissertaçao no Blog. Mas postar um texto que nao diz realmente nada de substantivo tb nao adianta nada.

    1. E nao tem a ver com algum

      E nao tem a ver com algum misterioso “processo de aprendizagem”:  eh um texto sobre a psicologia do aprendizado que nao bate com quase nada do que eu sei embora pareca bater superficialmente.

  1. falta  o contexto histórico

    falta  o contexto histórico em que a aprendizagem se dá.

    por isso gosto da abordagem do paulo freire…

    aprendizagem para quê?

    para transformar o ser humano e

    transformar, assim, o mundo…

     

  2. Acompanho os comentários..

    Uma explicação mais da psicologia do aprendizado do que dos meios e formas em que ele se dá. De tudo o que tenho aprendido em minha vida de professor, se há um arquétipo digno deste nome este seria o método do aprendizado pela imitação. Esta é uma recorrente no mundo animal.  Basta ver como uma galinha “ensina” seus pintos a comerem.  Ela bica o que pode e deve ser comido e em seguida o disponibiliza para os filhotes.  E assim estes aprendem o que fazer. Por imitação. Claro que o método da tentativa e erro também ocorre e isto faz parte de um método paralelo   O problema com a tentativa e erro como método de aprendizado na alimentação não é muito efetivo, na medida que os resultados muitas vezes demoram a ocorrerem.  Uma semente que causa mal estar pode se manifestar horas depois e isto dificulta discriminar o que causou o mal estar.

    Entre os seres humanos a imitação ocorre de uma forma bem dimensioda, indo desde o aprendizado da língua, como os comportamentos do dia a dia.  Se os pais fumam os filhos tem grande chance de serem fumantes, se os pais são preconceituosos, eles tem grande chance de criarem filhos preconceituosos.  Tudo isto é escondido atrás do conceito de “cultura” familiar. 

    Não àtoa um filho de pedreiro diz que quando crescer quer ser pedreiro. Aqui  valeria a pena analisar o papel que a imprensa, principalmente cinema de televisão teem e tiveram na formatação de nossos gostos e preconceitos.

    Num segundo momento, caso haja condições e um meio propício, seja  através da educação,  da influência de amigos e ídolos ou da leitura de livros e revistas, podemos alcançar um patamar que nos permite a crítica do que até então aprendemos.  Mas lá no fudo sempre estará presente nossa “educação” familiar.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador