Polícia pega pesado com secundaristas em Goiânia

Da Vice

A polícia não está economizando porrada pra cima dos secundaristas de Goiânia

Por Liam Maia

Todas as fotos são autoria do Coletivo Zé Ninguém.

Após a ocupação da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte(SEDUCE), iniciada pelos secundaristas de Goiânia no dia 26 de janeiro, diversos movimentos aliados a partidos políticos e sindicatos começaram a se aproximar e se juntar à ocupação dos alunos, o que foi recebido de forma negativa por eles. De acordo com os secundaristas, a associação das ocupações, iniciadas por eles de forma espontânea e sem levantar bandeiras políticas, com movimentos diametralmente opostos sujaria o caráter do movimento.

Frente a várias divergências e impossibilidade de negociação, os secundaristas optaram por desmontar o acampamento e iniciaram uma desocupação gradual da SEDUCE. No dia 15 de fevereiro, os secundaristas se reuniram no Colégio JCA, a fim de deliberar os próximos atos e aguardar que os ocupantes não pertencentes ao movimento dos secundaristas se retirassem da ocupação.

Durante o período das ocupações, as Organizações Sociais tiveram sua legitimidade e legalidade questionada até mesmo pelo Ministério Público, como consta em carta à Raquel Teixeira, Secretaria da Educação, que aponta irregularidades em todas as Organizações Sociais participantes da licitação e recomendam que se adie o edital de chamamento público: “Apesar de todo esse arcabouço normativo consagrando a gestão democrática do ensino público, o que se tem verificado nesse processo de transferência de gestão de escolas da rede pública estadual para organizações sociais é que a decisão já foi tomada pelo Sr. Governador de Goiás Marconi Ferreira Perillo Júnior. Com efeito, ao ler o despacho n.º 596/20152 , da lavra do Sr. Governador do Estado, percebe-se que o atual procedimento da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes em ouvir representantes dos professores, dos alunos, do Ministério Público, etc., é apenas uma tentativa de conferir legitimidade para uma decisão já tomada, isto é, se estabelecer um contraditório meramente formal, já que os principais impactados pela terceirização não poderão influenciar na decisão do Chefe do Poder Executivo e seus prepostos”.

Algumas das irregularidades apontadas pelo MP nas Organizações Sociais.

Ocorreu uma mudança súbita no local de abertura dos envelopes com as propostas das Organizações Sociais, realizada no dia 15/02, que deveria acontecer na SEDUCE e foi mudada para o Centro Cultural Oscar Niemeyer, onde a sessão se deu cercada por forças policiais visando impedir a entrada de secundaristas em uma sessão supostamente pública. Isso motivou os secundaristas a reocuparem a SEDUCE, agora sem a interferência de movimentos que deturpassem seu interesse. Ocupado o prédio, Polícia Militar, Choque e até mesmo o GRAER foram acionados para efetuar a desocupação do local.

Durante a entrada da polícia, o professor da Universidade Federal de Goiás, Rafael Saddi, que observava a ação do lado de fora da secretaria, solicitou aos policiais que acompanhasse a desocupação junto à eles, visando garantir a segurança dos alunos. Mais de 30 ocupantes foram detidos, entre eles 13 menores, além do professor Saddi, que apenas acompanhava a ação, o que gerou revolta na comunidade acadêmica ediversasnotas de repúdio.

Os ocupantes maiores de idade foram acusados de formação de quadrilha, depredação de patrimônio público e aliciação de menores, mas foram liberadas após audiência de custódia realizada no Fórum, no dia 17/02, onde apoiadores dos secundaristas foram impedidos de adentrar. Os menores de idade foram liberados na presença dos pais. Os presos denunciam as condições precárias a que foram submetidos, onde até o acesso a água lhes era negado.

Depois de liberados, secundaristas e apoiadores que se encontravam presos se juntaram com os outros integrantes do movimento que aguardavam do lado de fora do Fórum e se dirigiram à Praça Universitária, onde ocorreria um ato contra o aumento da passagem. O ato ocorreu de forma pacífica, mesmo com a escolta excessiva realizada pela Polícia Militar. Durante o término do ato, uma manifestante teve o celular roubado e recorreu aos policias que acompanhavam a manifestação para fazer a denúncia. Os policiais supostamente teriam se negado a tomar qualquer medida, o que gerou a revolta da menina e dos demais que a acompanhavam. Uma discussão entre policias e manifestantes se deu, até o ponto em que um dos policiais puxou a menina para dentro de um edifício e, como mostram filmagens, a agrediu. Os manifestantes presentes reagiram, o que resultou na prisão de 16 pessoas.

https://www.youtube.com/watch?v=7TO3E-0p1jc height:394

Depois de uma audiência, 13 dos 16 detidos foram liberados, mas três manifestantes, entre eles um menor de idade, ainda continuam presos sob acusação de lesão corporal grave contra um policial e aguardam audiência que ocorrerá no Fórum. Até o fechamento da reportagem, outros dois manifestantes foram liberados sobcircunstâncias bastante restritivas, porém o menor ainda se encontra sob custódia embora parentes aleguem que o juiz não tem evidências que sustentem sua prisão.

Colaborou para a matéria: Yasmin Dias

Redação

5 Comentários

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  1. Brutalidade
    Assim não dá!
    Covardia…

    Vem aí uma nova “geração libertária”, fecundada e gestada pela truculência e opressão.

    Como o Estado pode governar e garantir a segurança da população com esta baderna, nnneeémessmmo?

    Os cidadãos de bem não tem mais sossego! Esses baderneiros…

  2. Aqui em casa é uma luta, no

    Aqui em casa é uma luta, no bom sentido, para meus filhos esquecerem o celular e outros gadets para estudar e estes APANHAM DA POLICIA POR QUE QUEREM ESTUDAR….

    A policia está NA CONTRA MÃO DA HISTÓRIA….

  3. pauta urgente para a população

    Recomendação nº20 da Comissão Nacional da Verdade : desmilitarização das policias militares estaduais. Estamos esperando a presidente Dilma que em uma outra vida foi presa e torturada, seguir as recomendações da CNV, especialmente essa.  A desmilitarização das policias é uma pauta urgente para o cotidano da população brasileira, mas ao que parece a pauta urgente dos governos é garantir os lucros dos seus patrões com a venda da educação para a privada das OS  e as mudanças na previdencia.

  4. Cadê o cota do MEC?

    Alguém viu por aí o cota* do PT assentado no Ministério da Educação dizer alguma coisinha – seja lá o que fosse – sobre as manifestações dos secundaristas paulistas e goianos?

    * Em Pindorama, desde há muito tempo, os únicos caras que deveriam receber o título de ministro de governo são aqueles assentados na chefia do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento e da Casa Civil. Tudo mais é cota.

    Alguém acha mesmo que Marcelo Castro – o da Saúde – é ministro?

    O George Hilton – dos Esportes – é ministro?

    O Eduardo Braga – das Minas e Energia – é ministro?

    Falando à vera e falando sério: é tudo cota.

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