Termina sem acordo audiência entre secretário de Alckmin e alunos de SP

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Sarah Fernandes

Da RBA

Terminou sem acordo a audiência de conciliação no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), realizada na tarde de hoje (19), entre o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, e representantes de alunos secundaristas, sobre a reorganização do ensino público paulista, que prevê o fechamento de pelo menos 93 escolas e transferências de cerca de 311 mil alunos. A questão volta à pauta do Tribunal de Justiça na segunda-feira (23) e até lá nenhuma reintegração de posse pode ser cumprida. Até agora, 64 escolas estão ocupadas contra a medida.

Em um primeiro momento, o secretário propôs suspender a reorganização do ensino paulista até 4 de dezembro, mediante desocupação imediata dos prédios. Pela proposta, as instituições de ensino receberiam, em até 48 horas, um material explicativo sobre o projeto e sobre como ele atingiria as unidades. Depois disso, pais, alunos e professores discutiriam com a diretoria de ensino e apresentariam uma nova proposta para a Secretaria de Educação.

No entanto, Voorwald não garantiu que as propostas da comunidade escolar seriam acatadas pelo governo, mesmo questionado pela Defensoria Pública. “Se surgir alguma proposta melhor que a nossa, por que não?”, se limitou a dizer à RBA. Ele garantiu que a política pública de reorganização não será suspensa.

Depois da fala do secretário, os estudantes reuniram-se por 30 minutos com representantes da Defensoria Pública e formularam uma contraproposta. Partindo da premissa que nenhum escola poderá ser fechada, eles aceitaram debater um projeto de reorganização, mas durante todo o ano de 2016, por considerar que o prazo do governo, de apenas dez dias, não é suficiente para discutir a questão. Além disso, eles pedem que nenhum estudante, pai ou apoiador seja punido e que os formandos de 2015 possam participar das discussões.

Após a apresentação, o secretário reuniu-se com representantes da Defensoria Pública, com o promotor de Justiça João Paulo Faustinone e com os desembargadores Eduardo Gouveia e Sergio Coimbra Smith, relator do processo. A princípio, Voorwald não aceitou a proposta dos estudantes, mas se comprometeu a discuti-la com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com membros do governo. A Defensoria Pública também conversará com os estudantes para tentar chegar a uma nova proposta.

Durante a audiência, os estudantes cantaram palavras de ordem, viraram de costas nas falas do secretário da Educação e contrariaram determinação do desembargador de escolher um porta-voz, preferindo subir todos ao palco e ler sua fala em conjunto. “O governo está tratando ocupações como pauta judicial e policial”, disseram. “Decidimos ocupar a escola como ato de resistência à medida do governo, que não nos consultou.”

“Quando vocês chegaram eu confesso que fiquei um pouco assustado, mas agora estou aprendendo a amá-los”, brincou o desembargador Gouveia. “Em 1968, o ano mais crítico da história moderna, estava concluindo o equivalente ao ensino médio, e também nos organizamos e fizemos greves e passeatas, sempre com o medo de a polícia invadir nossa escola. Eu reprovei esse ano, mas foi o que eu mais aprendi, sobre vida e cidadania”, disse o também desembargador Smith.

O governo Alckmin justificou o fechamento das escolas dizendo que vai reunir apenas alunos do mesmo ciclo – fundamental I e II e médio – nas instituições de ensino e com isso melhorar a qualidade da educação. Professores e estudantes temem que as mudanças levem à superlotação de salas, demissão de docentes e à redução de salário decorrente da redução de jornada. Além disso, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial (Apeoesp) acredita que o número de escolas a serem fechadas será muito maior.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Redução de Custos.

    O Governo já vinha em processo de fechamento de salas e extinção de períodos de aulas.

    Terceirizou as atividades de limpeza e conservação.

    Agora, chegou a vez do fechamento de escolas…..

    Qual será a nova etapa?

    Organização Social para “administrar” as escolas restantes?

     

    1. Mesma coisa que vem ocorrendo em BH

      O objetivo é um só: terceirizar tudo. PPP para fazer escolas que depois de prontas ficam nas mãos de empresas administradoras amigas. Tal como foi feito com o Mineirão.

      Por um lado (o dos salários de baixo) terceirização a mais não poder; e por outro lado (o dos salários de marajás) cargos de confiança, para os “nossos”.

      É a meta, ao que parece. 

       

  2. Garotada, não recuem!! Deixem

    Garotada, não recuem!! Deixem essa corja de tucanos incompetentes encurralados e bem queimados!! Eles que se virem – recebem e muito para isso – para apresentarem soluções que não prejudiquem toda comunidade escolar. Estão todos de parabéns!!!

     

     

  3. Déjà Vu

    O neoliberalismo argentino vendeu até o leito carroçável das ruas, por isso não me surpreenderia se interesses imobiliários estiverem motivando os mesmos entreguistas da Vale do Rio Doce.

  4. Apoio ao movimento dos estudantes

    Parabéns a todos os jovens que se uniram nesta luta contra o autoritarismo e descaso completo do governo Alckmin na “desorganização”da  escola  pública. Exemplo para esta geração que se une pela luta e defesa de seus legítimos direitos! Pela ocupação de todas as escolas! Um abraço da professora  Lila.

  5. Como diz o Paulo Nogueira, no

    Como diz o Paulo Nogueira, no excelente Diário do Centro do Mundo: “clap clap clap”. Essa garotada salvou o ano de 2015, um dos anos mais esquisitos de que eu pude ter memória. Só tem que tomar cuidado para o Alckmin, raposa velha, não sair dessa como herói. Vai tomar para si o movimento da garotada, dar alguma solução enganosa retirada da cartola e fim, é até capaz de posar ao lado deles, em alguma foto simbólica. Vejamos. 

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