Por Sarah Fernandes
Terminou sem acordo a audiência de conciliação no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), realizada na tarde de hoje (19), entre o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, e representantes de alunos secundaristas, sobre a reorganização do ensino público paulista, que prevê o fechamento de pelo menos 93 escolas e transferências de cerca de 311 mil alunos. A questão volta à pauta do Tribunal de Justiça na segunda-feira (23) e até lá nenhuma reintegração de posse pode ser cumprida. Até agora, 64 escolas estão ocupadas contra a medida.
Em um primeiro momento, o secretário propôs suspender a reorganização do ensino paulista até 4 de dezembro, mediante desocupação imediata dos prédios. Pela proposta, as instituições de ensino receberiam, em até 48 horas, um material explicativo sobre o projeto e sobre como ele atingiria as unidades. Depois disso, pais, alunos e professores discutiriam com a diretoria de ensino e apresentariam uma nova proposta para a Secretaria de Educação.
No entanto, Voorwald não garantiu que as propostas da comunidade escolar seriam acatadas pelo governo, mesmo questionado pela Defensoria Pública. “Se surgir alguma proposta melhor que a nossa, por que não?”, se limitou a dizer à RBA. Ele garantiu que a política pública de reorganização não será suspensa.
Depois da fala do secretário, os estudantes reuniram-se por 30 minutos com representantes da Defensoria Pública e formularam uma contraproposta. Partindo da premissa que nenhum escola poderá ser fechada, eles aceitaram debater um projeto de reorganização, mas durante todo o ano de 2016, por considerar que o prazo do governo, de apenas dez dias, não é suficiente para discutir a questão. Além disso, eles pedem que nenhum estudante, pai ou apoiador seja punido e que os formandos de 2015 possam participar das discussões.
Após a apresentação, o secretário reuniu-se com representantes da Defensoria Pública, com o promotor de Justiça João Paulo Faustinone e com os desembargadores Eduardo Gouveia e Sergio Coimbra Smith, relator do processo. A princípio, Voorwald não aceitou a proposta dos estudantes, mas se comprometeu a discuti-la com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com membros do governo. A Defensoria Pública também conversará com os estudantes para tentar chegar a uma nova proposta.
Durante a audiência, os estudantes cantaram palavras de ordem, viraram de costas nas falas do secretário da Educação e contrariaram determinação do desembargador de escolher um porta-voz, preferindo subir todos ao palco e ler sua fala em conjunto. “O governo está tratando ocupações como pauta judicial e policial”, disseram. “Decidimos ocupar a escola como ato de resistência à medida do governo, que não nos consultou.”
“Quando vocês chegaram eu confesso que fiquei um pouco assustado, mas agora estou aprendendo a amá-los”, brincou o desembargador Gouveia. “Em 1968, o ano mais crítico da história moderna, estava concluindo o equivalente ao ensino médio, e também nos organizamos e fizemos greves e passeatas, sempre com o medo de a polícia invadir nossa escola. Eu reprovei esse ano, mas foi o que eu mais aprendi, sobre vida e cidadania”, disse o também desembargador Smith.
O governo Alckmin justificou o fechamento das escolas dizendo que vai reunir apenas alunos do mesmo ciclo – fundamental I e II e médio – nas instituições de ensino e com isso melhorar a qualidade da educação. Professores e estudantes temem que as mudanças levem à superlotação de salas, demissão de docentes e à redução de salário decorrente da redução de jornada. Além disso, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial (Apeoesp) acredita que o número de escolas a serem fechadas será muito maior.
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Redução de Custos.
O Governo já vinha em processo de fechamento de salas e extinção de períodos de aulas.
Terceirizou as atividades de limpeza e conservação.
Agora, chegou a vez do fechamento de escolas…..
Qual será a nova etapa?
Organização Social para “administrar” as escolas restantes?
Mesma coisa que vem ocorrendo em BH
O objetivo é um só: terceirizar tudo. PPP para fazer escolas que depois de prontas ficam nas mãos de empresas administradoras amigas. Tal como foi feito com o Mineirão.
Por um lado (o dos salários de baixo) terceirização a mais não poder; e por outro lado (o dos salários de marajás) cargos de confiança, para os “nossos”.
É a meta, ao que parece.
Garotada, não recuem!! Deixem
Garotada, não recuem!! Deixem essa corja de tucanos incompetentes encurralados e bem queimados!! Eles que se virem – recebem e muito para isso – para apresentarem soluções que não prejudiquem toda comunidade escolar. Estão todos de parabéns!!!
Déjà Vu
O neoliberalismo argentino vendeu até o leito carroçável das ruas, por isso não me surpreenderia se interesses imobiliários estiverem motivando os mesmos entreguistas da Vale do Rio Doce.
Prestem atenção à armadilha!!!
O Governador vai sair como herói desta situação.
Aposto uma boiada nisto…
No que depender da imprensa,
No que depender da imprensa, não tenho dúvidas. Em 2013 já tinha sido assim.
Apoio ao movimento dos estudantes
Parabéns a todos os jovens que se uniram nesta luta contra o autoritarismo e descaso completo do governo Alckmin na “desorganização”da escola pública. Exemplo para esta geração que se une pela luta e defesa de seus legítimos direitos! Pela ocupação de todas as escolas! Um abraço da professora Lila.
Como diz o Paulo Nogueira, no
Como diz o Paulo Nogueira, no excelente Diário do Centro do Mundo: “clap clap clap”. Essa garotada salvou o ano de 2015, um dos anos mais esquisitos de que eu pude ter memória. Só tem que tomar cuidado para o Alckmin, raposa velha, não sair dessa como herói. Vai tomar para si o movimento da garotada, dar alguma solução enganosa retirada da cartola e fim, é até capaz de posar ao lado deles, em alguma foto simbólica. Vejamos.