A 2 dias de registrar Lula candidato, PT segue dividido sobre próximos passos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Em dois dias, o PT pedirá à Justiça Eleitoral o registro de Lula como candidato à Presidência. O único consenso evidente dentro da legenda é este de apresentar o petista como postulante ao cargo máximo da República pela terceira vez e aguardar o provável desfecho de vê-lo inabilitado para a disputa, em função da condenação em segundo grau imposta pela Lava Jato. O partido quer o selo do golpe midiático-jurídico em Lula.
 
O que vem depois disso, o passo seguinte, ainda é um mistério. O PT recorrerá até a última instância para que Lula apareça nas urnas, ao custo de não participar de novos debates na TV? Moverá ações para que Lula tenha direito de participar de debates e sabatina enquanto o registro é analisado ou tentará ganhar tempo solicitando que Fernando Haddad seja o representante nas agendas de campanha? Quando o partido vai recuar com o nome de Lula?
 
Na semana passada, após visita a Lula, a presidente do PT Gleisi Hoffmann disse, segundo relatos do Diário de Pernambuco, que vai sustentar a candidatura do ex-presidente e, ao mesmo tempo, buscar meios de garantir que Haddad seja sua voz. Haddad vai “andar o Brasil, vai fazer os debates, vai participar das sabatinas, vai ser a voz de Lula, do nosso programa, do nosso projeto para o povo”, comentou a senadora.
 
Já Fernando Haddad disse na manhã desta segunda (13), em entrevista à rádio CBN no Ceará, que o PT não vai “deixar de explorar cada recurso possível. Nós entendemos que Lula está preso ilegalmente. Seis dos 11 ministros consideram a prisão [em segunda instância] inconstitucional, e por uma manobra regimental ele ainda está preso em Curitiba. (…) Eu vou dizer com muita clareza: a nossa luta só termina com Lula subindo a rampa do planalto. (…) A equipe de advogados e o povo brasileiro só sossegam com Lula sentado na cadeira de presidente.”
 
Dentro do PT, há uma ala defendendo que a candidatura de Lula será carregada até o prazo limite para definir a chapa majoritária, que seria 17 de setembro. Se isso ocorrer, dificilmente a Justiça concederá a Haddad o direito de preencher a lacuna. Ao Diário, a especialista em direito eleitoral Karina Kufa disse que nas propagandas oficiais de rádio e TV, que começa em 31 de agosto, a lógica é a mesma dos debates: não pode haver substituto. A propaganda termina em 4 de outubro, 3 dias antes do primeiro turno.
 
Na semana passada, o GGN questionou a Haddad, durante entrevista com os blogueiros, sobre ações jurídicas que serão movidas para garantir sua participação na campanha como substituto de Lula. Ele afirmou que ainda não sabia ao certo o que estava sendo feito pelo departamento responsável. Na mesma semana, a grande imprensa também noticiou que uma vertente do PT não quer expôr Haddad em demasia, para não tirar o foco da candidatura de Lula.
 
Enquanto há indefinições no PT,  a Justiça Eleitoral ainda se move para garantir que o ex-presidente seja barrado o quanto antes. Nesta segunda (13), o Painel da Folha de S. Paulo informa: “Ministros do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] dizem que, para agilizar a impugnação do registro eleitoral de Lula, a hipótese mais provável é a de que o relator sorteado leve o caso do petista em mesa ao plenário – sem incluí-lo previamente na pauta.”
 
Alguns petistas esperam que o TSE derrube a candidatura de Lula até 22 de agosto, escreveu o Diário de Pernambuco. Neste caso, há a hipótese de trocar imediatamente a cabeça da chapa presidencial por Haddad. Mas a corrente ligada a Gleisi “é favorável à manutenção de Lula como cabeça de chapa o máximo de tempo possível, mesmo depois que o TSE decidir pela nulidade da candidatura”, na espera dos recursos.
 
No final de semana, a Folha também noticiou que o PCdoB não estaria de acordo com a possibilidade de aguardar os recursos de Lula de braços cruzados. 
 
Abaixo, a entrevista que Haddad concedeu à CBN.
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. Super Lula

    Olhando hoje a história americana, se compreende a necessidade de heróis!

    Os heróis criados suportam nossas mazelas…

    São heróis negros, brancos e fracos, outros fortes mas justos que pularam dos quadrinhos para encorajar milhões…

    Mitigar a realidade e fomentar a brasa da justiça dentro de cada um de nós…

    É o Batman, é o Superman, é o homem-aranha, é a mulher Maravilha…

    Com tanta mazela no Brasil, está na hora de criar o quadrinho do Super LULA para lutar contra as injustiças!

    É preciso urgentemente dar voz a este super-herói brasileiro!

  2. Críticas Duplo Expresso

    Bom dia, Nassif,

    O  canal Duplo Expresso tem feito muitas críticas à candidatura do Haddad, levantando inclusive algumas acusações bastante graves. Saberia algo a respeito? Não sei se há algum motivo não explicíto para que façam tantas críticas ou se, de fato, é porque há algo de podre.

     

    1. Críticas no sentido de que

      Críticas no sentido de que Haddad está armando contra o Lula desde o início para ser o candidato, de que havia escrito uma carta ao povo brasileiro tão neoliberal, que os líderes do partido desistiram de divulgá-la. Além disso, também que o Cardoso mentiu em relação ao tempo que o presidente ficaria na cadeia, para que ele não desistisse de se entregar. Que o Haddad foi a escolha dos banqueiros, etc

    2. DUPLO EXPRESSO

      Eu acampanho os dois blogs, o Blog do Nassif e o Duplo Expresso. Não vou comentar sobre as querelas anteriores entre os dois blogs, só sobre a polêmica em relação ao Haddad. O que posso dizer é que, pelo menos para se informar, as pessoas deviam ir ao Duplo Expresso, e tomar conhecimento das críticas ao Haddad, todas baseadas em declarações dadas em entrevistas públicas gravadas. Pelo menos as dadas na entrevista ao BTG Pactual, sobre a honestidade do candidato do PSDB Alkmin, e sobre a possibilidade de apoiá-lo em um segundo turno, contra o candidato Bolsonaro. Não são declarações de candidato de agremiação política que sofreu um golpe (talvez palavra muito forte para designar o que houve?), e que está disputando eleições para a restauração do Estado de Direito, caso eleito.

  3. Qual a base jurídica da lógica da Karina Kufa?

    Onde a Lei dispõe que nas propaganadas oficiais de rádio e TV o candidato não pode ser substituído?

    A Karina Kufa está interpretando a lei eleitora ou está legislando?

  4. Dividido ou atuando de várias maneiras?

    Olha, eu sei que há uma enorme diferença entre o GGN e os outros veículos do PIG, mas entre a chamada (PT dividido) e o conteúdo há um fosso de interpretações sem fatos.

    Me parece que há uma série de táticas e posições que não parecem indicar divisão, mas eu posso estar errado.

    Acho que em um cenário como esse, entender que um partido como PT esteja agindo de várias formas e em várias frentes não pode ser colocado como um defeito, ou não?

    Manual básico de infantaria. Não se faz ataque frontal e em uma única coluna.

  5. Momento delicado

    Conversando com gregos e troianos, isto quer dizer com apoiadores do PT e indecisos, o que me chamou atenção é que entre os indecisos, aqueles que ja votaram alguma vez no PT e muitas vezes no PSDB :), eles simpatizam e pensam em votar na chapa Haddad-Manu, agora quando fala-se em Lula, alguns têm mais dificuldades. Essa é uma pequena amostra com colegas e amigos que moram no Rio e em São Paulo.Talvez o melhor neste momento seria oficializar essa chapa como a escolha de Lula, mantendo a campanha Lula-livre e o combate para que Lula seja liberado e possa voltar à politica. 

  6. Suspense sobre candidatura de Lula faz PT apostar em estratégia

    Suspense sobre candidatura de Lula faz PT apostar em estratégia de alto risco

    EFE/Sebastião MoreiraMais

     

    Há quem tenha declarado o ex-presidente Lula como candidato vitorioso no debate com os presidenciáveis organizado pela TV Bandeirantes na quinta-feira, 09/08. 

    A explicação é que, preso em Curitiba, o petista passou ileso de responder sobre a responsabilidade de seu partido na crise política e econômica.

    Leia também
    O que a escolha do vice tem a dizer sobre seu candidato a presidente?
    Tempo de TV é realmente fundamental para vencer a eleição?

    O antipetismo, não tenham dúvida, será um dos motores da eleição 2018. Tem um pé no segundo turno quem conseguir operar melhor este motor. Nessa etapa, Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) trocarão sopapos para se afirmar como candidato anti-Lula. Se for anti-Lula e anti-Temer, melhor.

    Não precisa desenhar nem duas ideias concretas. Ganha a eleição quem souber trabalhar melhor com a rejeição – de si e dos grupos rivais. 

    Lula foi a grande ausência no primeiro debate com os candidatos. Não só a presença, física, mas como assunto.

    E Alckmin, ao menos neste primeiro embate, se tornou uma espécie de alvo preferencial.

    Lula tem, até aqui, o maior índice de intenções de voto nas pesquisas, mas só um milagre fará com que seu rosto de fato apareça na urna eletrônica em outubro. 

    Não é questão de concordar ou não. Lula é condenado em segunda instância. E candidatos condenados em segunda instância, conforme a lei da ficha limpa, não podem concorrer.

    A retirada de sua candidatura é questão de tempo, portanto.

    Até lá, a estratégia é ganhar tempo. Ou perder?

    Em uma eleição curta como a atual, é possível que o plano B de Lula, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), entre na pista com o carro sem desgaste, os pneus sem avaria e o tanque cheio na reta final. Vence, afinal, quem chega em primeiro, não quem rodou mais.

    Mas, no caso do ex-prefeito, que não se reelegeu em seu reduto e não é exatamente figura conhecida no restante do país, é justamente a falta de rodagem que pode tirar o competidor da pista.

    A ausência no primeiro debate da TV é simbólica. Haddad não pode participar porque não é, oficialmente, o candidato. 

    Quem assistiu ao debate, ou acompanhou a repercussão, sabe até o que (não) pensa da vida o cabo Daciolo (Patriota), mas não sabe que o PT tem candidato.

    No momento em que o eleitor começa a observar os rostos do candidato perfilados no encontro, sem as atenções divididas com Copa do Mundo e outras distrações pré-eleitorais, ele começa também a decidir o voto, avaliando desempenho e fazendo escolhas por exclusão.

    O momento é de escuta. E os demais candidatos estão falando em rede nacional.

    Nas ruas, muitos se perguntam onde estará Lula em outubro, mas quem de fato discute a opção Haddad? Enquanto ela não for apresentada, seja para rebater as pancadas que certamente virão, seja para prometer a retomada de dias melhores, como Lula promete, essa opção simplesmente não existe, a não ser nos jornais.

    Como todo balão de ensaio, a estratégia de lançar planos A, B e C para avaliar a repercussão e ganhar tempo numa disputa em que os rivais já se engalfinham e se desgastam pode até funcionar. 

    O problema é justamente o tempo: se as intenções de voto não migrarem tão logo o candidato se apresente, pode ser tarde demais a estratégia ser corrigida.

     

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