A ânsia de Eduardo Jorge para agradar constrangeu aliados

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Do Último Segundo

Em discurso, Eduardo Jorge constrange tucanos e neoaliados, mas é ovacionado
 

Eduardo Jorge fez o mais longo discurso no ato de apoio a Aécio Neves (PSDB) realizado em Brasília. Ao longo de 12 minutos, Jorge falou a respeito da opção do PV em apoiar Aécio Neves e elencou quatro eixos de sustentação da tese de apoio ao PSDB. Só que ao longo dessa fala, que chamou a atenção pela discrepância com discursos que não passavam de um minuto, o Verde foi alvo de gritos que pediam o fim de sua fala. O próprio Aécio chegou a gesticular de forma constrangida solicitando que os presentes parassem de interromper a fala do neo aliado.

“A primeira discussão que um partido como o nosso, que é um partido independente, tinha de tomar é se teríamos posição ou não no segundo turno”, afirmou Jorge. “Muito cômodo é se omitir e se refugiar numa posição dogmática de omissão e não tomar posição. É um egoísmo partidário. É um patriotismo de partido”, criticou o Verde, no que foi considerado por parte dos presente como uma crítica velada a Marina Silva.

Em seguida, Jorge ironizou de forma bem humorada o fato de Aécio ter demorado a lançar um plano de governo. “Temos de comparar, de analisar. Tivemos uma dificuldade, confesso para vocês, porque o PV, muito previdente, tem um programa desde março de 2014. O do Aécio demorou, mas saiu”, declarou. A plateia aplaudiu, mas no palco os sorrisos foram amarelados. Só respiraram aliviados quando Jorge disse que não se podia comparar plataforma com Dilma Rousseff porque ela não tem programa.

“Por uma questão de honestidade intelectual, tínhamos de procurar uma outra base aonde comparar. O que falou durante a campanha, o que fez ou não durante quatro anos. E aí nos esforçamos para fazer essa comparação”, explicou o ex-candidato a presidente da República, que foi um dos fundadores do PT, partido pelo qual militou até 2003, e mais recentemente atuou como secretário do Verde e Meio Ambiente na gestão de José Serra (PSDB) quando o tucano foi prefeito da capital paulista, em 2005.

Constrangimentos

Ao elencar os quatro eixos que levaram o PV a decidir pelo apoio a Aécio, surgiram os constrangimentos com a plateia e líderes políticos ali presentes. Ele defendeu uma reforma política que institua o voto distrital misto, voto facultativo, fim do financiamento privado feito por empresas para campanhas eleitorais e a suspensão do pagamento de salários para vereadores.

“Para começarmos a atrair pessoas que querem servir ao povo e não se servir da política como é no Brasil”, criticou ele. Disse que o programa de Aécio não contempla tudo que o PV defende, mas que na comparação com Dilma, a plataforma do tucano é mais próxima. “Portanto, um a zero para ele (Aécio)”, decretou Jorge.

Com já sete minutos ao microfone, Jorge falou do segundo elemento, o da inclusão social. E foi aí o momento de maior constrangimento para os tucanos ali presentes, já que Jorge colocou o PT e o PSDB no mesmo balaio. “Nós do PV consideramos que a Social Democracia, o PSB e o PT são partidos da família socialista”, defendeu o Verde.

“Nesse ponto, a visão do PV é que o diálogo entre as ideias do PV, do PSDB e da própria Dilma é plenamente possível. Não há uma grande divisão neste aspecto entre vocês e o governo da Dilma e as nossas ideias. Na questão da inclusão social, é possível sim conciliar essas três visões. Então deu empate”, disse Jorge. A plateia não reagiu.

Jorge passou a falar do terceiro eixo, “a cultura de paz” enquanto a plateia não perdoava a demorada fala do ex-candidato a presidente. Gritos de “chega” ecoaram pelo auditório. Aécio constrangido, gesticulava para que as pessoas parassem de pedir o fim do discurso do aliado.

“E aí estão as bandeiras que o PV defendeu sozinho nessa campanha. Temos a consciência de que nem a campanha da Dilma nem a campanha do Aécio assumiram nossas bandeiras”, afirmou Jorge, que enumerou alguns itens rejeitados pelos aliados. “Não acompanhou numa nova política em relação às drogas, não acompanhou na revogação da lei cruel contra as mulheres, no caso do aborto, não acompanhou totalmente na questão LGBT e outras questões desse tipo”, acrescentou ele, para desespero de Pastor Everaldo, que fechou apoio ao PSDB e acompanhava ao lados dos tucanos a fala do Verde.

Ele quase não pode falar do último eixo, do desenvolvimento sustentável, já que a plateia não conseguia disfarçar a impaciência com o discurso do Verde. “Nesse ponto, nossa proximidade é com vocês do PSDB”, disse ele para aplausos intensos que mais pareciam pedir o fim da fala do que manifestar apoio ao que o Verde dizia. Deixou o microfone sob gritos de “Dudu! Dudu! Dudu!”.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

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  1. Eduardo, o falecido Plínio de

    Eduardo, o falecido Plínio de Arruda, o que sucede? Fama pela fama? Sabendo-se irrelevantes querem ocupar o picadeiro? Tristes e melancólicos.

  2. Eu acho que essa eleição está

    Eu acho que essa eleição está perdida. Temos que lutar por 2018 agora. Preparar os funcionários da estatais, funcionários públicos de todos os níveis de governo, estudantes de universidades e institutos de educação, trabalhadores sindicalizados ou não, pequenos agricultores, enfim todos, para a grande luta desse período difícil que virá.

  3. Vendeu-se, simples assim

    Paremos com Erundina, Marina, Eduardo Jorge; estiveram um dia do nosso lado, agora não estão mais, é simples, é uma sentença seca mas é a cruel realidade, se venderam e devem estar com certeza convictos, amparados pelo que aconteceu na eleição majoritária e principalmente na proporcional, onde a direita avançou no Congresso Nacional (Datena está eufórico até agora com a eleição da “bancada da segurança pública” por São Paulo, que eu chamo de bancada da bala, bancada do tiro) e isso projeta, no imaginário deles, que Dilma, Lula e o PT vão levar uma tunga em 26/10.

    O lance agora é recuperar forças e atitudes concretas no dia a dia para que esse mal maior (as não eleição da Dilma) não aconteça, nunca as forças progressistas tinham sido tão covardemente apunhaladas nas costas, traídas pelo ressentimento e pela vaidade suicida.

    Estão somando forças com Aécio? Ótimo pra eles e ótimo também pra Dilma pois a cada dia se define o que de fato está em jogo agora e o lado que cada personalidade pública está tomando.

    O que estão dizendo agora ou o que dirão se Dilma ganhar em 26/10 pra mim não tem importância alguma; bom mesmo vai ser, se o PSDB retomar o Planalto, ouvir a choradeira uns 4 meses depois, tanto deles como do eleitorado que cair nesse conto mal contado de “nova política limpa e sustentável”.

  4. Quinta coluna na esquerda,

    Quinta coluna na esquerda, como de hábito. Se é para definir placar eu diria que Eduado Jorge é um zero a esquerda. Parece um “universal” dos PVs serem linha auxiliar da direita mais retrógrada . Aqui como na Alemanha, por exemplo. Alguem usou um adjetivo perfeito para eles ( acho que o Ciro Gomes ) clorofiloneoliberalista ou algo asssim e se não foi exatametente isso tinha o mesmo sentido. Foi para o lixo da História. 

     

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