A espantosa Força Nacional de Alckmin e o Bombeiro Nacional de Serra, por Luis Nassif

 

De todas as propostas de campanha eleitoral, nenhuma se compara, em ridículo à tal força nacional acampada em Brasília, que será acionada caso qualquer uma das 150 maiores cidades do país enfrente problemas de segurança. É tão despropositada quanto o Corpo de Bombeiros fixo em Brasília, proposta por José Serra em 2006, que seria enviado para qualquer parte do país que sofresse algum desastre natural.

 

Na gestão Serra, São Paulo passou pelos maiores desastres naturais das últimas décadas, com as enchentes provocadas por chuvas torrenciais e rede de esgotos entupida.

Existe no país um sistema de defesa civil modelar. Junta governantes federal e estaduais, pessoas treinadas em lugares de risco, defesa, segurança, saúde.

 

Em plena crise paulista organizei um programa sobre Defesa Civil com a participação de representantes de Santa Catarina, que também enfrentara problemas de enchentes, São Paulo e Brasília. Em 50 minutos de programa, entendi – na condição de entrevistador – o que significava a Defesa Civil e como poderia ser aprimorada.

 

Como ocorria sempre, em momentos de crise, Serra desapareceu de São Paulo, não apenas das aparições em público como no próprio Palácio Bandeirantes. Quando veio a campanha eleitoral, lá vem ele achando que Defesa Civil consistiria em um corpo de bombeiros em Brasília, deslocando-se para cada ponto do país afetado por enchentes. Tratava-se de uma ignorância crassa em relação ao tema de maior repercussão na sua gestão de governador, comprovando sua proverbial preguiça para aprender qualquer tema novo.

 

Com Alckmin ocorre a mesma coisa. Já há consenso, entre especialistas, que o combate ao crime depende de dois mecanismos:

  1. No caso do crime organizado, a montagem de um Sistema Nacional de Segurança Pública, juntando bancos de dados e inteligência de todos os entes federativos, para uma ação coordenada, que passa pela repressão local, mas pelo mapeamento do dinheiro, pela identificação das conexões internacionais etc.

  2. No caso da segurança pública, a polícia de vizinhança e de policiamento ostensivo, especialmente nos grandes centros, com os Policiais Militares ficando nas ruas, conhecendo os locais onde trabalha e com inteligência policial, unificando o trabalho das Polícias Militar e Civil. E também trabalho social, levar o Estado – com escolas, serviços públicos, saúde etc – nos locais mais vulneráveis à cooptação pelo crime.

 

É decepcionante que, após décadas de discussões séria sobre segurança pública e defesa civil, um dos principais partidos brasileiros não tenha desenvolvido sequer um diagnóstico preciso sobre os temas. É o preço de ter utilizado a Fundação Teotônio Vilela como moeda de troca nas disputas internas.

 

 
Luis Nassif

6 Comentários

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  1. Prezado Nassif
    Prezados

    Prezado Nassif

    Prezados Camaradas

    Vai se esperar o que de um “partido” (que representa o mercadismo, e só eles) que acredita em neoliberalismo de raiz?

    É só ver a devastação (acho que nem a Alemanha em 1945 estava tão destruída) que a tucanaiada fez em 24 anos em SP: 

     

    * desmontaram a infra-estrutura estatal (você disse uma vez que SP tinha estrutura de país europeu. Hoje, tem a estrutura de uma republiqueta de bananas): venderam os 2 bancos estatais, liquidaram a CESP (só não vendram porque a Dilma não renovou as concessões), os institutos de pesquisa (Pasteur, Biológico, Lutz; etc) estão destruídos

    *inventaram as OS´s (Organizações Sacanas), para que seus trutas rapinassem o tesouro público

    * liquidaram com o ensino fundamental e de base, e estão empenhados em acabar com as universidades públicas paulistas

    * venderam a malha viária (para empesteá-la com pedágios)

    * terceirização em massa (para que as comi$$õe$ sejam gordas e permanentes

    Sem falar na desindustrialização paulista e perda da importância relativa do estado no PIB (é interessante, que, nestes tempos tucanos – temerários; os empregos – os que existem – voltam a ser aqueles de vendedor de lojinha ou balconista. Um retrocesso de mais de 80 anos)

    Que a História suma com todos

     

  2. O PSDB é o partido do grande

    O PSDB é o partido do grande capital, da casa grande, dos interesses privados, das minorias privilegiadas. A grande meta do PSDB é a privatização do Estado. O único grande feito público foi a associação com o crime organizado. 

  3. Meu bom Nassif, combater o

    Meu bom Nassif, combater o crime e dar tranquilidade aos cidadãos brasileiros passa, única e exclusivamente, pela alteração desse sistema-financista-merdiático-golpista-predador. Quanto mais equilibrada a distribuição de renda, menos crimes acontecem. Aumentar a força policial, em si, apenas gera mais e mais violência (vide o Rio de Janeiro e sua intervenção miliquenta). Se começarmos logo após a vitória do Haddad, haverá esperanças de que possamos alcançar algum sucesso em menos de 50 anos. Se prevalecer os bolsonazi eou alquimista eou meirellistas eou amoedista e daquilo, não conseguiremos nunca. Mas, sabem as ostras, que muitos homens – ditos – bons estão até o pescoço nesses negocinhos de malandragem, criminosidade e o escambau. Só verificar juízites, ministráticos e desprocuradores “faturando” grana preta com audições, palestras e cursinhos de meia pataca. A educação do povo (de verdade), o pleno emprego, a noção de cidadania, a distribuição equitativa das rendas nacionais, farão muito mais do que qualquer culto, seita ou aceita-se cheques.

    Sem contar, obviamente, o quanto governos ditos estaduais – pelo visto (será?) faturam por debaixo dos paninhos das empresas (miliquentas e policialescas) que se adonaram – e faz tempo – da dita segurança pública.

    Ainda, prefeituras as mais diversas com suas – já armadas – guardas municipais sem concurso, sem eira, beira e cumeeira.

    Haja.

  4. Fala-se muito numa reforma

    Fala-se muito numa reforma política tendo em vista a total disfuncionalidade(acrescentaria: pior que isso, uma aberração) do sistema atual. Muito bem. O diagnóstico não poderia ser diferente e o “remédio” mais adequado.

    Ocorre que estaremos focando apenas nos aspectos, digamos, “material” da variável. O sistema pode ser aperfeiçoado até quase no limite da perfeição, mas se o elemento humano – o estamento político – não alterar a mentalidade tacanha e o comportamento egoista e irresponsável, nada feito. Será enxugar gelo.

    Raros, raríssimos, são os que são dotados de visão sistêmica e de longo prazo. Seus horizontes só vão até a próxima eleição, ou seja, se circunscrevem à aos interesses eleitorais. Secundariamente, falta também o preparo intelectual que lhes permitam conhecer e entender como se assenta a estrutura do Estado e as interações deste sociedade civil organizada. 

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