Bolsonaro acena ao mercado e Haddad ao poder das estatais

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação/Reprodução
 
Jornal GGN – Enquanto o candidato Jair Bolsonaro (PSL) tenta atrair o mercado, defendendo políticas liberais para a economia, o presidenciável Fernando Haddad (PT) apresenta propostas estatais. Nesta segunda-feira (22), faltando menos de uma semana para as eleições de segundo turno, Haddad falou sobre as estatais brasileiras e Bolsonaro acenou para o Banco Central.
 
O candidato do PT participou do programa Roda Viva, na TV Cultura, nesta segunda, e ao ser questionado se pretende privatizar alguma estatal brasileira, a resposta foi imediata: “Não pretendo vender. Não tem nenhuma estatal no meu radar para ser vendida”, disse.
 
Fernando Haddad lembrou que a venda de estatais estratégicas em setores importantes de um governo impactam diretamente no fim que se quer dar para serviços que devem ser públicos. Como exemplo, citou os hospitais universitários.
 
“Eu criei uma, que gerencia os 47 hospitais universários. Hoje, os hospitais estão debaixo do guarda-chuva de uma empresa para fazer gestão empresarial, ganhando eficiência. Melhorou enormemente a questão dos hospitais universitários!”, mencionou.
 
Ainda sobre o tema, o presidenciável afirmou que o seu adversário, Jair Bolsonaro, apresenta propostas que desconhece, que são ineficientes ou não condizem com a realidade:
 
“Você vai vender a empresa dos hospitais universitários para quem? As universidades vão ter cenário de prática aonde? Vai alugar leito hospitalar para capacitar médicos? São ideias de quem desconhece completamente a máquina pública”, completou, em referência a Bolsonaro.
 
“O meu adversário [Jair Bolsonaro] é capaz de dizer que vai vender todas as estatais criadas pelo PT”, criticou. 
 
E também nessa linha, disse que o candidato do PSL “não tem cultura democrática”. Bolsonaro foi convidado a participar do programa Roda Viva, mas não aceitou.
 
Do outro lado, o candidato da extrema-direita está buscando articular já antecipadamente a sua equipe econômica, caso seja eleito. Uma preocupação apontada é com os membros de setores estratégicos, como o Banco Central.
 
Bolsonaro pretende seguir a linha adotada pelo atual governo impopular de Michel Temer e manter integrantes que, segundo o indicado por ele para ocupar o Ministério da Fazenda, Paulo Guedes, seriam boas na atuação.
 
Entre eles, a intenção de manter o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, para ficar por mais dois anos no cargo, em uma espécie de transição. Mas, em claro sinal de liberdade ao mercado, espaço que Bolsonaro ainda não garantiu apoio suficiente, o candidato já sinalizou que deve criar mandatos de quatro anos para o posto, sem coincidir com os mandatos de presidente da República.
 
Por já estar no comando do BC há mais de dois anos do governo Temer, Jair Bolsonaro pretende manter Ilan por mais dois, caso ele aceite o convite e o candidato obtenha a vitória neste domingo (28).
 
De acordo com colunas do G1, em espécies de porta-vozes de Bolsonaro, o objetivo do candidato é “manter o momento de tranquilidade na economia, com Bolsa em alta e dólar em queda diante da expectativa de sua vitória no segundo turno, contribuindo para um começo de governo sem turbulências no mercado”, aponto Valdo Cruz, em aceno aos liberais.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Só passando para lembrar que

    Só passando para lembrar que quando Bolsonaro diz “mercado” ele não está se referindo ao empresário local, ao empreendedor que luta para manter-se e sim às empresas gigantes internacionais que não titubeiam em aterrorizar e demolir democracias e estados nacionais tanto quanto seus empreendedores locais. Os compromissos do ex-capitão com o dólar são sempre em detrimento da prosperidade local e da soberania do nosso país.

    Digo isso porque tenho visto muito empreendedor local num primeiro momento apoiar oligopólios por acharem que mesmo locais e pequenos são do “clube” para ali na frente descobrirem que foram mesmo é ludibriados, e que seus sonhos de poder e properidade foram para o beleléu. Ou melhor, para país estrangeiro…

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