Bolsonaro tenta abafar polêmicas de vice e economista, para evitar perder eleitores

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Presidenciável teria conversado com Paulo Guedes e Hamilton Mourão, pedindo silêncio
 

Foto: Brasil247
 
Jornal GGN – O aumento da participação do general Hamilton Mourão (PRTB) em atividades eleitorais e o polêmico avanço de manifestações públicas, enquanto o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) segue em tratamento hospitalar, incomodou o candidato da extrema direita.
 
Um dos primeiros conflitos internos visíveis da campanha de Bolsonaro foi provocado pelas manifestações relacionadas à CPMF. Partindo do escolhido pelo candidato a assumir o Ministério da Fazenda em seu possível governo, Paulo Guedes era pessoa de extrema confiança de Bolsonaro, a quem por diversas vezes o candidato disse colocar a mão no fogo.
 
Entretanto, durante uma palestra a investidores nesta semana, o economista defendeu recriar um imposto semelhante à antiga CPMF, caso o deputado da extrema direita vença as eleições à Presidência da República. Sem questionar o próprio candidato, no dia seguinte, o candidato a vice, Mourão, disse que era contra a proposta.
 
E Bolsonaro também havia defendido publicamente em suas redes sociais: “Chega de impostos é o nosso lema!”, havia publicado no Twitter, no mesmo dia. 
 
Mas passados alguns dias, o candidato do PSL à Presidência voltou a se manifestar contra a recriação da CPMF, ainda que a proposta tenha sido amplamente defendida pelo economista escolhido por ele para ocupar a Fazenda. 
 
“Nossa equipe econômica sempre descartou qualquer aumento de impostos. Quem espalha isso é mentiroso e irresponsável. Livre mercado e menos impostos é o meu lema na economia!”, voltou a publicar Bolsonaro, no Twitter. O candidato teria enquadrado o economista Paulo Guedes, após ter afirmado criar um imposto nos moldes da CPMF.
 
Enquanto isso, corre nos bastidores da política que o candidato a vice, o general do Exército, estaria buscando maneiras de assumir protagonismo, enquanto Bolsonaro segue internado. Participando ativamente de campanhas, entrevistas e agenda eleitoral, as manifestações de Mourão são sempre feitas de maneira pessoal, sem abarcar o nome do cabeça da chapa.
 
Além do próprio caso da CPMF, que escancarou um conflito interno nos três principais nomes da possível política de Bolsonaro, Mourão também teria recebido uma “chamada” de Bolsonaro, pedindo que evite a imprensa e que diminuia a participação em atividades eleitorais. O aviso do presidenciável teria ocorrido depois da polêmica defesa de uma nova Constituição sem aprovação do Congresso.
 
O objetivo de Bolsonaro é estancar polêmicas e evitar perder eleitores. Por isso, nesta quinta-feira (20), Mourão chegou a evitar a imprensa durante um debate promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo, em São Paulo. 
 
No mesmo dia, em terceiro dia de atividades de campanha no interor paulista, em Catanduva, Mourão debateu com 300 pessoas em um clube privado, e evitou o contato com a imprensa. Saiu do local em carro com vidros escuros fechados até se dirigir à Praça da República da cidade, onde saudou apoiadores, antes de viajar. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Bolsonada

     Bolsonaro não entende nada de economia, tem que perguntar no posto ipiranga Paulo Guedes, que também não explicou seus planos para o intelijumento, ai fica assim depois de eleito o neoliberal explica pro Bolsonaro o que vai fazer, ate ai qualquer pergunta de economia ele diz que vai consultar seu economista, pra clarear ele não sabe nada que o paulinho vai fazer, resumindo torce pra ele não ganhar a eleiçao.

  2. Não é só o ‘posto Ipiranga’…

    Um eventual governo do coiso será o caos nos quarteis e consequentemente em todo o pais.Imaginemos que a hecatombe aconteça e o coiso seja eleito. Eleito, o coiso se torna comandante em chefe das FA; isso significa que generais estarão subordinados a um capitão que o Geisel chamava de ‘bunda suja’: um indisciplinado. O ‘bunda suja’ segundo Jarbas Passarinho fazia campanha no ‘alojamento dos cabos e soldados’ e não no clube militar; o capitão que vai mandar nos generais tem sua base no meio militar nos cabos e soldados –  os nivel mais inferior da hierarquia militrar.

    Os militares não aceitam  de forma alguma inversão de hierarquia, indisciplina: isso é desobedecer ordens de superior – e o superiores são os generais, não o capitão; desobediencia aos superiores no meio militar chama-se motim. O maior risco de golpe militar, por questões internas das FA é o bolsonaro – o resto será uma desculpa para não piorar a indisciplina no interior dos quarteis.

    Não tenho conhecimentos no meio  militar,mas a lógica e os pronunciamentos públicos de generais indicam que não é só o posto ipiranga que deve estar pegando fogo…

  3. Salve a matemática

    Para você que ainda não entendeu, parcela paga pelo contribuinte poderá sofrer um aumento de 266% (a conta é apresentada abaixo)

    O economista do Bozzo, propôs entre as medidas para sair da crise, uma alíquota única de IR de 20% . Isso é o que se pode chamar de “Hobin Hood ao contrário”, pois tira dos pobres para dar aos ricos.

    Ainda não está claro? Vamos desenhar….

    Hoje, quem ganha entre R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68 paga 22,5% – e quem ganha acima de R$ 4.664,68 paga 27,5%. Pela proposta do economista estas alíquotas cairiam para 20%, ou seja, desta forma quem ganha mais paga menos imposto.

    Agora quem ganha entre R$ 1.903,99 e R$ 2.826,65 e hoje paga 7,5%; ou ainda quem ganha entre R$ 2.826,66 e R$ 3.751,05 e hoje paga 15%, pela proposta apresentada estas categorias terão sua alíquota elevada para 20%, ou seja, desta forma quem ganha menos paga mais imposto.

    Desenhando mais um pouquinho.

    Quem ganha 15.000 hoje paga 27,5% o que equivale a 4.125 reais de imposto. Pela regra proposta este cidadão pagaria 20%, ou seja, 3.000. O que implica numa redução de 1.125 reais para o indivíduo, ou seja, uma economia de 37,5% no valor pago ao IR;

    Por outro lado, quem ganha 2.000 e hoje paga 7,5%, o que equivale a 150 reais de imposto, ao ter a alíquota elevada para 20%, passará a pagar 400 reais, ou seja, um aumento de 266% no valor pago hoje (você entendeu corretamente, um aumento de duzentos e sessenta e seis por cento na parcela paga).

    Resumindo, para sair da crise, o mesmo propõem aliviar quem ganha mais e sobrecarregar quem ganha menos. Fora a volta da CPMF.

     

  4. Estratosférica Ignorância

    Coiso, Mourão e Paulo Guedes – três xucros que desejam liderar 208 milhões de brasileiros.

    O Coiso e o Mourão disputam para ver quem consegue superar o outro naquilo que Bob Fernandes chamou de “estratosférica ignorância exibida com grande orgulho”.

  5. bom post.

    Quando um liberal brasileiro diz ” mercado livre e menos impostos” ele quer dizer:

    MERCADO LIVRE: A iniciativa privada (principlamente as dos amigos) deve entrar como um trator nas atividades de responsabilidade do ESTADO,  como por exemplo, segurança, prisões, educação, saúde, previdencia. Abocanhar tudo. Milhoe$$$$ de lucro$$$. Quem tiver dinheir que paga quem não tiver se f….

    MENOS IMPOSTOS: os pobres e classe media que tratem de pagar. Aos ricos aliquotas baixas e muitos incentivos!

    O Coiso, ao melhor dizendo, o COICE, nada entende mas concorda com tudo!

     

     

  6. #

    Bolsonazi não consegue governar o seu economista quanto menos o seu vice.

    Como pensa governar o país?

    Como explicar para o Gal. Mourão que é impossível obrigar famílias sustentadas por mulheres, a serem dependentes de homens?

    Vai ser difícil segurar as redeas e aguentar os coices…

     

     

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