Boulos filia-se ao PSOL com a proposta da nova esquerda para disputar a Presidência

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Preparando o terreno para disputar a Presidência da República, durante a sua filiação ao PSOL, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos destacou a importância de se criar uma unidade que represente a esquerda, os movimentos sociais e as lutas por direitos sociais.
 
“Temos vários embates, várias lutas, lutas por direitos sociais, lutas pela democracia e contra o excessos de uma justica politizada. E nessas lutas nos encontramos sempre com as lutas do PSOL, que juntamente com os movimentos entendem a importancia da unidade da esquerda, que quando há causas comuns precisamos estar juntos, que valorizam a diversidade, a crítica, são aqueles que estão juntos nas ruas”, disse Boulos.
 
Durante o evento promovido na Fundação Lauro Campos, antes de preencher a ficha de filiação ao PSOL, Boulos foi questionado sobre o apoio que dava a figuras como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da tradicional esquerda criticada por partidos como o próprio PSOL. Deixou claro que a crítica contra o governo do PT era comum não só do PSOL, mas também do MTST e que isso não significava a falta de reconhecimento de que houve um golpe no país.
 
“[Nós e o PSOL] entendemos que tinha um golpe em curso, que precisava ser enfrentado com ousadia de pensar em um projeto de futuro que supere [os erros de governos como o da ex-presidente Dilma Rousseff]”, destacou. E relembrou o objetivo: “Nós queremos chegar a um novo projeto de esquerda, programática, que parte dos nossos entendimentos que demandam, sem dúvida, rupturas com uma lógica de sistema econômico. Vamos fazer no próxomo período um amplo debate”, continuou.
 
Durante a fala, Guilherme Boulos lembrou que sua trajetória dentro dos movimentos sociais foi um caminho político e que a candidatura não rompia com isso. 
 
“Quase metade da minha vida [no movimento] foi lutando por uma causa justa, ao lado de pessoas que historicamente foram excluídas da economia, da política desse país. A minha trajetória do MST foi se construindo também com o agravamento da crise política do propio país, que nos forçou a nos apropriarmos de um debate político mais amplo, a fazer um enfrentamento que transbordaram em muito a causa da moradia. Temos vários embates, várias lutas, lutas por direitos sociais, lutas pela democracia e contra o excessos de uma justica politizada”, confirmou.
 
O anúncio da filiação vem seguido da intenção do líder do MSTS de se pré-candidatar à Presidência nas eleições deste ano. O convite a Boulos já havia sido feito no ano passado, partindo de uma iniciativa do deputado estadual Marcelo Freixo (RJ), como uma proposta de renovação da esquerda, em alternativa à candidatura de Lula.
 
“Este ano queremos reforçar isso, apontando e apresentando para a sociedade brasileira um projeto consistente, que está fincado com o pé no barro das periferias, nas ocupações e aldeias indígenas, relacionados à luta das trabalhadoras e trabalhadores e contra a reforma da previdência, com a juventude, em tempo de tanta desilusões, na construção de uma aliança que vai ter muito a dizer nos proximos 10, 20 anos”, concluiu Boulos.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. O PSOL entende a importância da unidade da esquerda?!!!

    É piada? Passa o tempo todo se aliando à mídia contra o PT, e agora vem falar de unidade da esquerda?

    1. Calma, anarquista lúcida.

      Não podemos confundir Guilherme Boulos com o PSOL, embora ele tenha se filiado a este partido e pretenda ser candidato através dele. O mais importante é perceber que Lula marcou mais um golaço, ao manter uma relação amistosa com Boulos, que o o Ex-Presidente Lula percebe como líder popular capaz de sucedê-lo. Observe que a ala anti-petista, a esquerda festiva, aninhada no PSOL, está rasgando as vestes, indignada com Boulos poe ele ter o apoio de Lula. 

      Com uma inteligência política superior Lula minou a dissidência, ao “abençoar” a candidatura de um líder como Boulos, que até hoje sempre se mostrou coerente, embora sempre crítico do PT e dos governos petistas.

  2. Sinceramente não entendo essa

    Sinceramente não entendo essa falta de pragmatismo e estratégia da esquerda brasileira.  As chances do Boulos chegar a presidência são remotas, ainda que chegue, seu governo será boicotado, pois faltará apoio político no congresso.  Seja quem for o próximo presidente,  ele terá que travar batalhas durissimas no congresso. Se for de esquerdar, terá que revogar várias das ações danosas aprovadas a custa de muito dinheiro pelo governo corrupto do Temer. Se for de direita, tentatará passar com o rodo compressor sobre qualquer mecanismo de proteção social. A começar pela previdência.  Sendo assim, é imperativo que os partidos de esquerda façam uma grande bancada, principalmente no senado.  Já que o senado terá a renovação de 2/3, uma bancada grande de esquerda no senado aumentará o poder de barganha. O Boulos seria um ótimo puxador de voto para Psol na câmara ou ótimo candidato ao senado. Já como candidato a presidência marcará apenas posição. Ele é avanço em relação a Luciana Genro, mas não será o suficiente. 

    1. A decisão foi pragmática e estratégica.

      Se você atentar para o que escrevi em comentário anterior, perceberá que a candidatura de Guilherme Boulos, pelo PSOL, com as “bênçãos” do Ex-Presidente Lula, é fruto de decisão pragmática e estratégica e mata ‘vários coelhos’ com uma só cajadada.

      Todos observamos que Boulos mantém discurso bem afinado com Lula, tendo eles dividido palanques várias vezes. Nunca houve troca de farpas ou hostilidade entre os dois líderes. Gênio político que é, o Ex-Presidente Operário vê em Boulos um “Lula cotemporâneo”, nascido não no chão de fábricas – que no Brasil já não existem mais ou que são raras nestes tempos de desindustrialização e desmonte da economia brasileira – mas agregando as massas que se amontoam nas periferias, nos guetos e favelas, onde estão milhões de excluídos, escravos e semi-escrvos desse tempos “pós-modernos”.

      “Abençoando” a candidatura de Guilherme Boulos pelo PSOL, Lula dá um xeque naquela ala que posa de “esquerda radical”, mas que aceita TODOS os convites para entrevistas feitos pelos véiculos do PIG/PPV, aproveitando os microfones e holofotes para bater em Lula e, no PT e nos petistas; tal ala é a mais “assanhadinha” e encontrou abrigo no PSOL e no PSTU. Com a jogada de mestre aplicada pelo Ex-Presidente Lula, perdem o palanque, os microfones e os holofotes aqueles psolistas que esperavam se aproveitar do espólio e despojos tanto de Lula como do PT, perseguidos e caçados de forma implacável pelo consórcio golpista do midipoliciário. Note você que já houve muitos esperneios nessa ala que compõe a chamda “esquerda festiva’, a mais amada pela direita golpista, oligárquica, plutocrata, escravocrata, cletocrata, privatista e entreguista.

  3. O fator Boulos no protagonismo da esquerda brasileira

    Guilherme Boulos não só é o melhor quadro da esquerda brasileira atual (e não por acaso o MTST vai tomando uma dimensão enorme em termos de incomodar a elite), mas também, e assim, disparado, o melhor quadro que o PSOL tem atualmente – um dos poucos que supera a pequenez que circunda e domina o partido desde a fundação… talvez Boulos seja quem vai afastar o que resta do fantasma de Heloísa Helena e outros ectoplasmas.

    Daqui a pouco a mídia começa a produzir fake news contra ele. Vai vendo.

    1. Boulos pode ter se filiado ao P$OL por se identificar com a HH

      Boulos pode ter se filiado ao P$OL por se identificar com a Heloisa Helena e com os ectoplasmas.

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