Mara Telles: antipartidarismo costuma castigar mais a esquerda na eleição

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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“O antipartidarismo, que já ocorreu na Itália, Grécia, Espanha, Portugal em outras décadas, costuma castigar mais as esquerdas do que as direitas. Não seria difícil imaginar que em circunstâncias muito parecidas, isso também fosse ocorrer no Brasil”, diz a cientista política da UFMG, Mara Telles

Jornal GGN – Em pelo menos 10 capitais brasileiras, o volume de abstenção supera a média nacional registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral na eleição de 2016, que foi de 17,58%. O índice de eleitores que não foram às urnas já é ligeiramente maior que o aferido em 2012, de 16,41%, e vem crescendo ano a ano. 

Em São Paulo, João Dória (PSDB) venceu no primeiro turno com 3,085 milhões de votos válidos, ante 3,096 milhões que não foram computados para nenhum dos concorrentes. Os votos de Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) somados chegam a 1,3 milhão, mas não alcançam os 1,86 milhão de eleitores que não colocaram nenhum dos dois candidatos no segundo turno, no Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte (MG), João Leite (PSDB) e Kalil (PHS) somam 710 mil votos contra 741 mil de brancos, nulos e abstenções.

Na visão do TSE, há uma motivação técnica para o crescimento das abstenções: a não atualização dos dados dos eleitores por meio do recadastramento biométrico. Mas há outros dois fatores acendendo o debate sobre a ausência de grande parcela do eleitorado nas urnas em conjunto com os que votam branco ou nulo: a insatisfação generalizada com a política e o impacto da minirreforma eleitoral.

Na contramão de vários analistas que diagnosticaram a derrocada do PT nas urnas como uma guinada do País à direita, a professora de pós-graduação em Ciência Política e coordenadora do grupo Opinião Polícia da Universidade Federal de Minas Gerais, Mara Telles, levanta a questão: será que os eleitores que costumavam votar em partidos e candidatos mais identificados com a esquerda não representam a grande parcela desses insatisfeitos que não votaram ou votaram branco e nulo?

“A hipótese apresentada não é a de que os eleitores de esquerda tenham migrado para a direita, mas eles deixaram de comparecer [às urnas]. Como no Brasil o voto é obrigatório, pode ser que eles tenham ido às urnas e tenham votado em branco, nulo, porque os eleitores de esquerda podem ter se sentido insatisfeitos com suas lideranças”, disse a cientista em entrevista ao GGN, na segunda (3).

“A Lava Jato teve peso muito grande sobre essa transformação da política em espaço bastante negativo, derrotando as ideologias em nome do discurso moral combate à corrupção. A clivagem passou a ser honesto contra desonesto, e isso não é disputa ideológica. É uma disputa em que tenta-se eliminar ideologias”, acrescentou.

Abaixo, a entrevista completa.

GGN: Como podemos interpretar o crescimento de abstenções, brancos e nulos em várias capitais brasileira na eleição de domingo passado?

Mara Telles: Digamos que “não quero ser político, quero ser prefeito” foi o mote dessas eleições com base na opinião pública. O mote viria a beneficiar o candidato que atacasse a política. Na opinião pública, a Lava Jato aumentou vertiginosamente a percepção de corrupção. Esse contexto mesclado com a perseguição às esquerdas reproduziu o desinteresse pela política. Tudo isso num país extremamente desigual e que testou, pela primeira vez, uma reforma política que reduziu o tempo de campanha e os recursos, que são importantes fontes de informação para o eleitor. 

É um cenário de muito desalento em relação a partidos e descrenças em relação a políticos. Esse fenômeno, na literatura, chama-se descontentamento. Em outros países, esse descontentamento gerou um forte antipartidarismo, que por sua vez levou à alta abstenção ou, como os eleitores são obrigado a participar, eles vão às urnas, mas não escolhem nenhum dos políticos. Quando escolhem, buscam nomes de fora da política.

O antipartidarismo, que já ocorreu na Itália, Grécia, Espanha, Portugal em outras décadas, costuma castigar mais as esquerdas do que as direitas. Não seria difícil imaginar que em circunstâncias muito parecidas com a de outros países, isso também fosse ocorrer no Brasil, com essas características: falta de identificação entre partidos e eleitores, baixa estruturação do sistema político, sucessivos escândalos midiáticos de corrupção, erros de estratégia das esquerdas, com o agravante da perseguição da Lava Jato a líderes vinculados às esquerdas. 

Mas tão importante quanto os resultados é ver quem não foi às urnas. Será que não são também eleitores descontentes com o PT? 

Os eleitores da esquerda tendem a castigar os partidos com os quais se identificam. Na Espanha, quando Mariano Rajoy ganhou a eleição presidencial por um partido de direita, foi com poucos votos em relação ao que ele teve antes. Na verdade, ele ganhou porque os eleitores de esquerda não compareceram para votar no partido socialista. Ou seja, o patamar de votos da direita subiu um pouco, mas a questão é que a esquerda perdeu muito mais eleitores.

A hipótese apresentada não é a de que os eleitores de esquerda tenham migrado para a direita, mas eles deixaram de comparecer. Como no Brasil o voto é obrigatório, pode ser que eles tenham ido às urnas e tenham votado em branco, nulo, porque os próprios eleitores de esquerda podem ter se sentido insatisfeitos com suas lideranças.

Não só no PT, mas conforme os partidos de esquerda vão se hierarquizando e burocratizando no Brasil, as lideranças ficam desgastadas. O Lula é a referência como liderança, mas é o único. Se acontecer algo com ele na Lava Jato, o que vai ser do PT? O PSDB conseguiu fazer o Dória. O PT aposta todas as fichas no Lula, não se renova, não recruta novas lideranças. Não é o fim das esquerdas, mas é uma grande crise.

GGN: Diante desse cenário de descontentamento e antipartidarismo que prejudicam mais as esquerdas, seria equivocada, então, a leitura de que o Brasil deu uma guinada à direita?

Telles: Acho que a maior parte dos candidatos não se apresentou como de direita. O discurso apolítico é justamente se colocar para cima e para fora da política. Mesmo que esses discursos estejam mais presente na boca de líderes identificados com a direita, não é imediatamente conectado pelo eleitor como um espaço à direita, mas um espaço sem política. Acho que a eleição foi muito pouco polarizada e ideologizada, ao contrário do que ocorreu em 2014. Na de 2016, os políticos tentaram se desvencilhar desse espaço de crise política, colocando-se como líderes não políticos.

A Lava Jato teve peso muito grande sobre essa transformação da política em espaço bastante negativo, derrotando as ideologias em nome do discurso moral combate à corrupção. A clivagem passou a ser honesto contra desonesto, e isso não é disputa ideológica. É uma disputa em que tenta-se eliminar ideologias. Claro que existe o antipetismo, mas isso é encontrado em todo o eleitorado? Acho que não.

GGN: Em 2014, houve aposta na campanha de terceira via por Marina Silva e seu discurso de negar a polarização entre PT e PSDB, se colocando “contra tudo o que está aí”. Em 2016, temos o “não sou político, sou empresário”, veladamente criminalizando a política. Como chegamos em 2018?

Mara Telles: O que chamamos de antipartidarismo e baixa institucionalização dos partidos gera outsiders. São pessoas com capital convertido, líderes que usam sua popularidade como apresentadores, bispos, outros religiosos, empresários. Isso é notado desde 2014, quando começou a produção de escândalos de corrupção viralizados na mídia, que acabaram produzindo imagens negativas para os partidos, sobretudo do PT. Note-se que o que vale é a imagem. Não importa se o PT é ou não corrupto. O que importa é que ele foi enquadrado assim.

Os pequenos partidos, por sua vez, se aproveitaram disso. Observa-se, nessa eleição, que os nanicos lançaram candidaturas próprias se afastando dos partidos tradicionais. PHS, PMN, PHS, PSD, SD, PSOL, todos esses pequenos estão em segundo turno. Eles se apresentam como forças novas mesmo que seus líderes sejam antigos. O que se pode esperar da eleição de 2018 é que ela também seja mais fragmentada e menos polarizada entre PT e PSDB, como foi essa eleição municipal. Dependendo da situação econômica do País, alguns vão se apresentar como força política ou como força não política. Acho difícil aparecer um outsider em 2018.

GGN: Diante das experiências internacionais, qual o caminho para reorganização da esquerda?

Telles: O processo tem que ser por cima e por baixo. Por cima, dentro das organizações, novas lideranças precisam ser apresentadas, mas não aquelas que saem de Brasília para o povo. Tem de ter base social e vínculo psicológico com os eleitores e com os núcleos clássicos das esquerdas, mas sobretudo com os novos temas das esquerdas.

O PSOL fez sucesso com pautas voltadas para negros, mulheres, além da pauta mais clássica, da luta do capital. A pauta social é superimportante, mas outras, pós-materialistas, estão surgindo, como a de meio ambiente, de gênero, feminismo. Tudo é importante, mas além de dialogar, é preciso ser mais permeável à participação desses setores dentro dos partidos.

É importante que os partidos se descongelam. A crise não é do PT, é das esquerdas, é mundial, e aqui no Brasil foi agravada pela Lava Jato e pela falta de estratégia das lideranças partidárias. A direita sempre existiu. Ela só se aproveitou da janela de oportunidades para crescer um pouco. Acho que os outros partidos de esquerda fizeram isso, se renovaram. Todos já passaram por crises vinculadas à questão da corrupção. Na Espanha, Felipe González (PSOE) foi derrotado após dois governos exitosos. O PT deveria olhar essa experiência.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. O Brasil profundo sempre foi conservador

    As esquerdas precisam reconhecer isso e parar de tratar o lumpesinato como uma criancinha inocente.

    Os pobres de SP, que decidiram a eleição escolhendo Dória e não Haddad,  sabiam muito bem o que estavam fazendo. Escolheram um poste, sabendo que é um mal caráter e nunca ligou para eles: aguentem as consequências.

    A renovação das esquerdas passa por essa compreensão: o Brasil é conservador, imediatista e acha que a culpa é sempre dos outros. Ninguém aqui é inocente, mas o que tem de rico – e de pobre – se fazendo de vítima é de dar no saco.

    As esquerdas precisam se reinventar e oportunidade é agora. Lula só conquistou o poder quando mudou aparência e discurso.

    Janine Ribeiro: Pobre que vota em rico precisa ser tratado como adulto

    1. Janine e tu estão corretos. E por quê?

      Prezado mcn,

      A frase de Renato Janine Ribeiro é  de um  sábio; se poeta, seria um hay kay.

      E o título do teu comentário mostra sabedoria também. Sou do interior de MG e sempre soube disso. As questões de fundo são as seguintes:

      Por que esse Brasil profundo é tão conservador, até mesmo reacionário?

      Por que as Esquerdas sempre desprezaram ou fingiram não perceber esse conservadorismo do Brasil profundo?

      O que as Esquerdas fizeram de errado ou deixaram de fazer para conscientizar os pobres da periferia e do interior de que devem votar em que representa e defende os interesses deles e não o dos que os oprimem?

      Quais as técnicas e formas de as Esquerdas se interiorizarem e conquistarem o Brasil profundo?

      Qual a relação entre a dificuldade das Esquerdas conquistarem o apoio do Brasil  profundo, a repressão a movimentos sociais, transformadores e emancipatórios, como o MST? 

      Creio que a última pergunta e a resposta natural, que a ela os atentos e observadores podem elaborar rapidamente, trazem a chave para as anteriores. E se olharmos para a periferia das grandes cidades, a mesma repressão violenta está presente (seja por meio do crime organizado, das milícias para-militares ou mesmo da ação policial corrupta).

       

  2. Tenho a mesma visão que a
    Tenho a mesma visão que a entrevistada. O eleitor puniu os candidatos de esquerda em grande medida ao não votar. Voto branco, nulo ou não votar, são formas de protesto. Esse é o recado das urnas. Que repete reinvindicações de parte das manifestações de 2013. Enquanto isso, alguns militantes míopes da esquerda não enxergam o óbvio aqui em São Paulo: a campanha do João Dólar, ops, Dória, atingiu receios justamente de parte da periferia, principalmente saúde. Oras, muitos desses que tiveram algum progresso nesses últimos anos, estão ou desempregados ou no fio da navalha. Inúmeros estão perdendo seu plano de saúde que integrava pacote de benefícios quando estavam empregados! Õ que fez a campanha do tucano? Prometeu atendimento em hospitais particulares (em determinados horários…..aí está algo para maiores discussões) como forma de complementar a demanda da rede pública. Prometeram o paraíso para esse pessoal. Se irão cumprir a promessa, essa é outra história. Cito isso somente para mostrar como se conveceu parcela do eleitorado à digitar 45 na urna. Existem outros fatores levantados pelo Nassif. E sim, a esquerda em geral precisa rever onde estão falhando. Será indolor. Mirem-se na admirável campanha do Marcelo Freixo no RJ. E parem de culpar outros.

  3. Análise interessante, que me remete a outra.

    Prezados,

    Gostei muito da análise feita pela cientista Mara Telles, que apresentou um raciocínio e ponto vista bastante originais, fugindo aos clichês “O Brasil endireitou” ou “O Brasil deu uma guinada à direita”. Parabenizo a competente jornalista Cíntia Alves pela ótima iniciativa de entrevistar Mara Telles.

    Os blogs e portais progressistas têm apresentado várias matérias abordando a crise das esquerdas, do sistema de representação política, do PT enquanto partido e governo, da burocratização dos partidos de esquerda, assim como a formação de novos partidos de esquerda ou uma espécie frente ampla das esquerdas. Mais de uma vez mostrei que as condições sociais e históricas para o surgimento desse novo partido são extremamente desfavoráveis. Acabo de ler no Viomundo uma análise feita pelo Luiz Carlos Azenha, que pode ser lida em http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/o-pt-corre-atras-das-mudancas-que-ajudou-a-despertar.html. Da análise de Azenha destaco a primeira parte, que mostra exatamente as razões por que não é possível o surgimento de um novo partido de Esquerda, orgânico e enraizado, capaz de agregar os setores progressistas e de fato conquistar o poder executivo federal, para implementar um programa de governo em sintonia com os anseios e necessidades das classes trabalhadoras, populares, secularmente exploradas e/ou excluídas. Na segunda parte, Azenha comete erros de avaliação semelhantes aos do Nassif, principalmente em relação às manifestações de 2013.  Com vocês a primeira parte da análise de Azenha. 

    “Quando o PT foi formado, em 1980, o Brasil lutava contra a ditadura militar. O partido surgiu como frente de intelectuais, militantes das Comunidades Eclesiais de Base da igreja Católica e o operariado do ABC paulista, onde estava o mais moderno da indústria brasileira. Era o auge da presença da indústria no PIB, com cerca de 22%, um aumento vertiginoso em relação aos anos 50 (mais ou menos 10%).

    A tarefa principal da ditadura tinha sido a de organizar a mão-de-obra brasileira dentro dos parâmetros necessários à expansão multinacional dos Estados Unidos: arrocho salarial, controle absoluto sobre a organização sindical, supressão contínua de direitos. A Globo, como hoje, fazia o roteiro do golpe: festejava periodicamente o Operário Padrão, que ganhava premio por bom comportamento e aparecia no Jornal Nacional como exemplo de ascensão social. Era a versão retrô da ‘meritocracia’, ascensão individual obtida pelo estudo e pelo trabalho, nunca pela organização coletiva ou — Deus que nos livre — pela reivindicação de direitos.

    Para a ditadura o PT era uma péssima notícia, mas menos ruim que o retorno de algum Partido Comunista que àquela época ainda pregava “derrubar o sistema” — vivíamos em plena Guerra Fria. O caráter reformista do partido estava claro desde o início: a luta se daria dentro das instituições  e as grandes greves do ABC, ainda que abalassem a credibilidade da ditadura, tinham como pressuposto a reinvindicação de melhores salários e condições de trabalho.

    O horizonte sempre foi dado por Lula e ainda hoje o ex-presidente repete que o brasileiro quer uma casinha, um carrinho na garagem, o churrasco no fim de semana, comprar o mesmo perfume que a classe média, voar de avião, fazer três refeições por dia e colocar o filho na universidade — ambições extremamente ligadas ao aumento da capacidade de consumo, ainda que de tremenda repercussão social num dos países mais desiguais do mundo.

    Mas, o que mudou nestes 36 anos desde o surgimento do PT?

    Aquela sólida base industrial sobre a qual emergiu o PT se esboroou. Em primeiro lugar, as montadoras migraram do ABC em busca de salários mais baixos em outras regiões do Brasil. Em segundo, a participação da indústria no PIB voltou às taxas dos anos 40: é, agora, de novo, de mais ou menos 10%. Na divisão internacional do trabalho, o papel relegado ao Brasil é eminentemente o de exportador de grãos e matéria prima. Grande parte do capital e, portanto, do lucro, é internacional.

    Basta viajar pelas novas fronteiras agrícolas do Brasil para constatar isso: no interior do Maranhão, à beira das estradas, ficam os campos de testes das sementes. Os brasileiros entram com as terras, a água, o sol e a mão-de-obra barata. O dinheiro mesmo fica com as empresas que controlam as sementes, exportam os grãos e produzem os venenos — nenhuma delas brasileira. No entorno de Carajás ou ao longo da ferrovia através da qual o Brasil exporta minério de ferro, a pobreza estabelece um doloroso contraste com o valor internacional da carga que deixa o país pelo terminal marítimo de Ponta da Madeira — é a Vale, privatizada, exportando dinheiro.

    Nas últimas três décadas e meia desde a fundação do PT, as metrópoles brasileiras incharam. Houve uma explosão de empregos de baixa qualidade no setor de serviços. E mais alguns milhões no chamado “precariado”, dos quais se destacam os terceirizados da limpeza, da segurança e os atendentes de telemarketing. Aqui não se trata de saber se o PT poderia ou não ter feito mais, mas de constatar a falta de relação política substantiva entre o partido e este gigantesco número de trabalhadores brasileiros. O sindicalismo ligado ao PT perdeu grande parte de sua capacidade de mobilização.

    É legítimo que o PT, como verdadeiro partido social democrata brasileiro, tenha se deslocado para as tarefas da institucionalidade: governar prefeituras, estados e, durante 13 anos, organizar uma coalizão no Planalto que permitiu a ele fazer o chamado “reformismo fraco” calcado, acima de tudo, na promessa de consumo. Promessa duramente comprometida desde que a crise de 2008, adiada, alcançou o Brasil em cheio.

    Um dado muito significativo apareceu numa pesquisa do Datafolha divulgada durante o período eleitoral de 2014: na faixa de renda entre dois e cinco salários mínimos, fortemente inclinada a votar no PT, apenas 9% acreditavam que o Estado tinha tido algum papel em sua relativa ascensão social, enquanto 89% atribuiam o avanço à “meritocracia”, aquela mesma do Operário Padrão.(…)”

     

  4. Acabo de ler notícia que confirma esta análise de Mara Telles

    Prezados,

    Foi publicada nesta tarde uma notícia segundo a qual o IBOPE constatou que na periferia paulistana o prefeito eleito não obteve maioria em 40% das seções eleitorais. Nessas regiões o percental e abstenção, votos nulos e brancos foi bem superior ao verificado nos bairros onde residem as classes média e as elites. Ou seja, a tese de Mara Telles se confirma na maior cidade do País. Ponto para acientista política e para arepórter Cíntia Alves.

  5. Quem se abstém não aceita o

    Quem se abstém não aceita o que tem. O recado só vale pras esquerdas. A direita gosta muito; aliás, “adória”…

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