Campanha de Bolsonaro monitora redes após atentado

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A coluna Painel, da Folha, informa que a campanha de Jair Bolsonaro, do PSL, monitorou a reação da internet após o atentado contra o candidato. Foram enviados relatórios de buscas no Google e menções no Twitter para a cúpula do partido, que indicam que no intervalo entre meio-dia de quinta e mesma hora de sexta o candidato foi o mais buscado, chegando a concentrar 98% das pesquisas. Em rede social, ele foi mencionado mais de 1,7 milhões de vezes.

Mas o documento aponta que, no Twitter, a #forçaBolsonaro apareceu cerca de 200 mil vezes, contra a #Bonoro, usada para acusar o ataque como mentiroso, alcança 202 mil.

Antes do episódio, Bolsonaro gravou vídeos de seu programa de governo e o PSL vai divulgar os filmes a partir de segunda, dia 10. Enquanto está na UTI, o filho de Bolsonaro, Carlos, gerencia as redes sociais e posta em nome do pai.

Os militantes bolsonaristas incorporaram ao discurso as teorias da conspiração e mesmo notícias falsas que circulam na internet. A intenção é vincular o agressor ao PT, um dos temperos assumidos para empurrar ao menos parte da responsabilidade do ataque aos petistas.

Mas o PT também monitora o movimento dos bolsonaristas que tentam fazer esse vínculo e a sigla avalia, por enquanto, que muito dificilmente os adversários terão sucesso. Não há qualquer vínculo do esfaqueador com o partido, disse a cúpula à coluna Painel.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Deve-se lembrar que dentro

    Deve-se lembrar que dentro desses 12,7% de apoiadores do Bolsonaro a maioria são de perfis “falsos”, pessoas desonestas com centenas de contas de redes sociais pagos para apoiar o candidato dos escravocratas.

  2. SUS, o atentado e a verdadeira democracia
    Da Revista Piauí

    (Observação minha: Na verdade, custou perto de 1500 reais, se contar os quase 1100 reais pagos ao hospital – outros profissionais também participaram do atendimento. O valor destacado se refere apenas ao cirurgião vascular. Mas uma vida, mesmo de alguém deplorável, não é apreciável em valores monetários. Fica a dica.)


    SUS SALVA BOLSONARO POR R$ 367,06

    Pago pelo sistema público brasileiro, cirurgião de veias e artérias de Juiz de Fora é tirado de almoço de família para achar e conter hemorragia no candidato

    CONSUELO DIEGUEZ
    07set2018_14p7

    Antes do Einstein veio o SUS. Antes dos médicos de grife vieram os que recebem pela tabela do Sistema Único de Saúde. Foram eles que salvaram a vida de um Jair Bolsonaro esfaqueado e exangue. Esta é a história de um deles.

    Por volta das 16 horas desta quinta-feira, o cirurgião vascular Paulo Gonçalves de Oliveira Junior participava de um almoço de família em Juiz de Fora quando seu celular tocou. Era um chamado da Santa Casa de Misericórdia da cidade para que fosse com urgência para o hospital: Bolsonaro havia sido esfaqueado e os médicos não conseguiam conter a hemorragia e nem identificar de onde vinha. O candidato a presidente pelo PSL chegara ao hospital com muita dor. Os médicos fizeram uma ultrassonografia e verificaram um hematoma na barriga, sem saber se era na parede na região epigástrica ou no fígado. Pelo quadro, resolveram iniciar imediatamente a cirurgia. Ao abrirem o abdômen, se depararam com um sangramento abundante e incontrolável. Chegaram a acreditar que o fígado havia sido atingido. Foi então que Oliveira Junior foi acionado, às pressas. O papel do cirurgião vascular seria tentar identificar onde era a hemorragia.

    Quando o médico entrou na sala de cirurgia, encontrou um quadro dramático: Bolsonaro, por causa da perda de sangue, estava em choque. A pressão havia caído para 7 por 4, apesar de ter tomado um litro de soro. Com a lesão na veia do intestino, não havia nada que contivesse a hemorragia. Após exame em condições adversas, Oliveira Junior concluiu que a veia afetada fora a mesentérica, uma das mais importantes do intestino, além de um ramo dessa veia, chamada cólica média. Se a facada tivesse sido alguns centímetros acima, poderia ter atingido, segundo os médicos, a veia porta e, nesse caso, o risco de morte seria maior. Oliveira Junior imediatamente iniciou o processo de sutura das veias para conter o sangramento. O agravante é que havia uma grande lesão no cólon, o que poderia resultar em contaminação. A preocupação dos médicos era com o risco de infecção generalizada.

    Os procedimentos de sutura deram resultado, e o quadro clínico do candidato se estabilizou. Na medicina o trabalho é sempre feito em equipe, e os outros cirurgiões, anestesistas e enfermeiros foram vitais. Mas, sem a intervenção do especialista em cirurgia de veias e artérias, provavelmente, a sucessão de eventos seria outra.

    No começo da noite, Oliveira Junior mandou uma mensagem para um grupo de WhatsApp de cirurgiões vasculares amigos. Ali, ele agradece os cumprimentos dos colegas pelo trabalho e revela a tensão daquela cirurgia. “Meus amigos, muito obrigado pelos cumprimentos. Estou muito aliviado. Foi muito tenso. Quando cheguei, estava chocado, a lesão venosa estava destamponada, com muito sangue na cavidade tributária calibrosa da mesentérica superior. Talvez a cólica média junto a mesentérica superior. Lesão grande de cólon transverso com fezes livres na cavidade, quatro lesões de delgado, várias lesões linfáticas. Está estável e entubado no CTI da Santa Casa.”

    Pelo procedimento, Oliveira Junior será remunerado pelo Sistema Único de Saúde em 367 reais e seis centavos, preço pago pelo sistema público por esse tipo de cirurgia – na tabela do SUS, aparece como “tratamento cirúrgico de lesões vasculares traumáticas do abdômen”. O hospital será remunerado em 1.090 reais e 80 centavos.

    Nesta sexta-feira pela manhã, o candidato foi transferido para o Albert Einstein, em São Paulo, hospital que rivaliza com o Sírio-Libanês a preferência dos políticos e de quem pode pagar pelos seus serviços. Bolsonaro passou a noite na Santa Casa de Juiz de Fora, monitorado pelos médicos que, até o início da noite, pela gravidade do quadro, entendiam que o candidato ainda corria risco de morte. Na madrugada, com a estabilização da pressão do paciente, foi dada autorização para a transferência para São Paulo.

    Quando a cirurgia em Juiz de Fora terminou, os médicos que participaram do procedimento deram uma entrevista coletiva. Discreto, Oliveira Junior se manteve em silêncio e saiu antes do fim da coletiva. Para um amigo médico, ele explicou, no grupo de WhatsApp: “Infelizmente não tenho o dom da palavra e prefiro não comentar. Prova disso é que, na entrevista coletiva, entrei mudo e saí calado. Mas, o ocorrido foi o que postei no grupo do vascular.”

    Oliveira Junior é descrito como bom profissional por colegas dos seminários médicos dos quais participa. Um deles disse que o cirurgião é uma pessoa “extremamente discreta”. No site Doctoralia, o médico é elogiado por dois pacientes pela pontualidade, atenção e instalações. Um dos comentários diz tratar-se de “um excelente médico! Muito competente. O melhor especialista em angiologia e cirurgia vascular e endovascular da região.” O site informa que o consultório fica no Centro de Juiz de Fora e que Oliveira Junior atende pacientes particulares (sem convênio) e Unimed. E sugere entrar em contato, para confirmar se atende o seu plano de saúde.

    CONSUELO DIEGUEZ
    Consuelo Dieguez, repórter da piauí desde 2007, é autora da coletânea de perfis Bilhões e Lágrimas, da Companhia das Letras

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    © 2018
    TODOS OS DIREITOS RESERVADOS”

    https://piaui.folha.uol.com.br/sus-salva-bolsonaro-por-r-36706/

    Sampa/SP, 08/09/2018 – 11:52

  3. Só a título de curiosidade,

    Só a título de curiosidade, que quiser ver uma história que pode ter relação com o episódio do bolsonero em Minas, é só assistir o filme A HORA DA ZONA MORTA . Não tem muito o que pensar. Qualquer um entende a mensagem porque o totalitarismo sempre assusta.

     

  4. Pois é, o pessoal não fala

    Pois é, o pessoal não fala “colheu o que plantou”? Nesse caso não me refiro ao fato de ter sido vítima da violência que prega contra os adversários. 

    Mas sim ao fato de por trabalhar sem limites com fake news nas redes sociais, assimo como o MBL, a turma do Bolsonaro agora vai ter lidar com a desconfiança de todos em relação ao veracidade do atentado. 

    Como dizem, é o feitiço contra o feiticeiro. Ou melhor ainda, aquela máxima popular que conta a história do garoto levado que de tanto enganar os outros, no dia que estava de fato morrendo afogado, ninguém deu bola

  5. E com a fragilidade de um mortal,

    Bolsonaro com a bolsinha temporária, que agradeça a deus por estar vivo. Terá tempo no hospital para refletir sobre sua conduta violenta e desprezo aos irmãos brasileiros, as minorias e os que pensam diferente de sua ideologia. Que prossiga sua campanha de forma civilizada. Que pregue a paz no lugar da violência, a humildade substituíndo a arogância, a unidade, não divisão.

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