Pré-candidato do PSOL defende estatização parcial do transporte em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O candidato do Psol à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, Gilberto Maringoni, disse em entrevista exclusiva ao Jornal GGN que é a favor de o Estado retomar o controle parcial das linhas de transporte coletivo. Na avaliação do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, não adianta abrir as planilhas de composição do custo do transporte e tentar debater com as empresas responsáveis pelo serviço uma tarifa mais justa, sem alterar o modelo de gestão vigente.

“Abertura de planilhas é uma coisa complicadíssima, e elas são inelegíveis. É pior do que hieróglifos do antigo Egito e não tem ninguém para decifrar. Há tantas variáveis, [custos com] pneu, peça daqui, desgaste operacional dali, obsolescência, que você não consegue fechar a conta. Você precisa ter um especialista [para ajudar a interpretar os dados], e muitas empresas fazem isso de propósito. Você não consegue ler porque não sabe o custo operacional do sistema”, disse.

Maringoni argumentou que o poder público da capital, por exemplo, tentou entender o funcionamento do sistema de transporte público e o seu custo quando criou, nos idos de 1950, a CMTC (Companhia Municipal de Transporte Coletivo). 

“Esse custo sabia-se até 1992. Em 1993, Paulo Maluf privatizou a CMTC. Quando tiraram isso, virou uma caixa preta. Então, você tem que retomar o controle do Estado [sobre o transporte]. E aí é um palavrão que se fala, mas tem que estatizar uma parte do sistema, pelo menos uma parte nevrálgica dele, para saber como se opera e quais são os custos”, defendeu. Caso contrário, na avaliação do professor, o Estado fica sujeito às propostas das empresas para revisão tarifária. “Não existe parâmetro, vira uma queda de braço”.

Há anos, instituir a tarifa zero à população é uma das principais bandeiras empunhas pelo Psol e outros partidos de esquerda, além de movimentos sociais e grupos organizados, como o MPL (Movimento Passe Livre). Nas manifestações de junho de 2013, quando a população saiu às ruas para defender a redução das tarifas do transporte coletivo, o Psol passou a discutir, em alguns municípios, a abertura das planilhas de composição de custo do sistema para se chegar a uma tarifa mais justa.

“A ideia do Lúcio Gregori [ex-secretário de Transportes da capital paulista, estudioso do tema de tarifa zero é viável no cálculo. Você aumenta IPTU e uma série de taxas e consegue criar a tarifa zero. O problema é a questão política da tarifa zero. Acho que temos que chegar numa situação de readquirir o controle do Estado na operação do sistema, estatizando uma parte dele. Lembrando que isso não é uma proposta socialista. Quem criou a CMTC foi Jânio Quadros, que não era nenhum líder revolucionário, para saber como se opera e qual o custo do sistema. A partir disso, podemos saber qual é o custo da tarifa e ter uma tarifa justa. E aí caminhar para o horizonte de tarifa zero”, disse Maringoni.

Reportagem: Cíntia Alves, Luis Nassif e Patricia Faermann
Imagens: Pedro Garbellini

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Entrevistas do Jornal GGN com outros pré-candidatos ao governo de São Paulo: 
Alexandre Padilha (PT)

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Acho que é muito importante trazer esta opção

    na discussão democrática, comparando como as demais grandes cidades do mundo trabalham.

    E apesar de ser um assunto da prefeitura, não acho negativo discutir isso a nível estadual, inclusive pelo fato que todas as cidades brasileiras tem este problema, já que, ao que parece, nenhum sistema de transporte público no Brasil é ao mesmo tempo de custo módico e com qualidade para os usuários..

     

  2. Mas o METRO é estatal e a

    Mas o METRO é estatal e a esquerda sonha em destrui-lo com greves, como ficamos?

    O transporte por onibus é estatal em muitas grandes cidades, como Paris, Nova York e Londres, em São Paulo já foi estatal com a CMTC-Companhia Municipal de Transportes Coletivos, no temo da Erundina compravam baterias usadas na Av.Duque de Caxias com nota de nova, ocorreu um escandalo com essas baterias e parufusos comprados em lojas do Brás com nota vinte vezes maior o valor, nada a ver com a Prefeita mas era o roubo-formiga da arraia miuda.

      Há um grave problema no ESTATISMO no Brasil, a mega, super mega CORRUPÇÃO entrnahada no sistema politico. Uma estatal de onibus em São Paulo teria a presidencia com o Jilmar Tato, a vice-presidencia com o Arselino Tato, a diretoria financeira com o PP de Paulo Maluf, aliado do PT, a diretoria operacional com o PR do Valdemar Costa Neto, a

    diretoria juridica com o Paulinho da Força, é essa a ESTATIZAÇÃO que o professor bem intencionado prega?

    A Universidade Federal do ABC é hoje uma das catedrais da vulgata do marxismo historico no mundo, sem teste de leninismo não se entra lá, nas novas federais em geral a cor é vermelha, mas a do ABC é pior de todas.

    1. É mas…

      É mas, dar lucro para acionistas também não acho correto. O “lucro passageiro” é uma lata de sardinha ou se um dia isso não acontecer mais, o repasse da prefeitua aumenta. Um problema da estatização poderia ser resolvido deste modo: a sociedade estipular um salário justo aos servidores e a partir dai tirar o poder do sindicato nas negociações de dissídio desses servidores, ex: o parâmetro para dissídios deve ser levar em conta os dissídios das demais classes trabalhadoras, com o sindicato tendo poder de negociação de o máximo 3% para mais ou menos. Mas o regime teria que ser CLT.

      Sobre o metrô é que o sindicato quer aumentos acima da média das demais classes, já que os salários desses funcionários de economia mista, que são CLT, estão acima da média (e devem estar mesmo para atrair bons funcionários), mas os dissídos deveriam ser controlados em paridade com o demais trabalhadores como mencionei. Quando acharem que ganham “pouco”, que procurem outro emprego como qualquer funcionária da iniciativa privada.

  3. É preciso mudar o sistema de pagamentos

    Deixar de pagar por passageiro transportado (o que torna lucrativo pôr muitos passageiros em menos ônibus) e pagar por viagem feita, estipulando porém limites por faixas horárias (de modo a que haja muitas viagens em horários de pico, mas nao em horários mais tranquilos). Aí as prefeituras decidiriam a quantidade de viagens e lugares necessários, nao as empresas.  

  4. E será que o distinto

    E será que o distinto candidado do PSOL tentou entender a planilha sozinho? Pq ele pediu a um bom grupo de profissionais com canja em custos para fazê-lo? Pelo que eu entendi, ele critica algo que sequer entende. E o “melhor”: ainda propoõe soluçõem em cima do que não sabe. 

  5. Vou tocar num ponto delicado:

    Vou tocar num ponto delicado: a estabilidade no funcionalismo público (federal, estadual e municipal ) cria uma distorção tal que muitos destes funcionário trabalham quando e como querem, não há comprometimento com a qualidade do serviço prestado. Convivo com isso diariamente e vejo a diferença de comprometimento de um celetista e um servidor. Não estou falando de excessões. Se não fizerem as correções necessárias para que a estabilidade pare de ser usada como escudo de malandro, teremos passe livre sem motorista…. é mais fácil o papa liberar o aborto….

    1. Sim…

      Sim, hoje não há nenhuma paridade entre o funcionalismo público e a iniciativa privada, o FGTS foi criado a partir da exclusão do sistema decenal, onde o trabalhador da iniciativa privada tinha estabilidade a partir de 10 anos no emprego. Uma das coisas em que se deve fazer e a constituição pede, é a regulação do direito a greve dos funcionários públicos, já que eles tem vantagens em termos de estabilbidade devem ter “menos” direitos em termos de greve, acredito que isso seja justo.

      Uma outra coisa é que em sociedade de economia mista, que são regidos pela CLT, também há relatos de alguns funcionários “acomodados” pois, o processo de demissão é complicado, geralmente em situação de justa causa. e “acomodação” não é justa causa, não sei como poderia ser regulado isso.

      Um tipo de regulação poderia ser: onde houvesse regime estatutário ou ações majoritárias do estado (sociedade de economia mista), houvesse uma regulação de dissídio levando em conta à media dos dissídios dos demais trabalhadores Brasileiros, ex: média dos dissídios Brasileiros variação máxima que o sindicato da categoria poder negociar = 3% para + ou -, tiraria algumas propostas absurdas de alguns sindicatos.

      Hoje o a lei que regula os salários na iniciativa privada é a lei da oferta e procura (lei da selva) enquanto nos demais regimes inexistem este tipo de regulação. Concordo em os salários de servidores públicos o de economia mista sejam superiores do que a iniciativa priva (em média), mas, depois que entrar no serviço e não estiver contente, procurem outro, como qualquer trabalhador da incicativa privada, pois vejo muitos sindicatos usando a estabilidade dos funcionários pedindo aumentos absurdos. Socialismo ou uma sociedade mais igualitária é também, igualdade de direitos entre os trabalhadores, na medida do possível é claro.

  6. Concordo ,mas…

    Concordo, dar lucro para acionistas também não acho correto. No atual sistema o “lucro passageiro” é uma lata de sardinha ou se um dia isso não acontecer mais, o repasse da prefeitura aumenta. Um problema da estatização poderia ser resolvido deste modo: a sociedade estipular um salário justo aos servidores ( e maiores “em média” do que a inciativa privada, para atrair bons funcionários) e a partir dai tirar o poder do sindicato nas negociações de dissídio desses servidores, ex: o parâmetro para dissídios deve ser levar em conta os dissídios das demais classes trabalhadoras, com o sindicato tendo poder de negociação de o máximo 3% para mais ou menos, mas o regime teria que ser CLT, com isso tirariamos propostas absurdas de aumento, pois deve haver uma certa paridade com a inciativa privada, e quem não estivesse satisfeito procure outro emprego, já que tem alguns funcionários querendo ser classe média alta no serviço público, com establidade. A lei da oferta e da procura (lei da selva) que regula os salários acontece na iniciativa privada, então se quiser um patamar de classe média alta, que se arrisque na iniciativa privada (lei da selva).

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