Cenário eleitoral: ministério e candidatura Kassab são parte do acordo do PSD com governo Dilma

Fazem parte do mesmo pacote de acordo do PSD com o governo federal a escolha do vice-governador Guilherme Afif Domingos para o novo ministério, o das Pequenas e Médias Empresas, e a candidatura do ex-prefeito Gilberto Kassab ao governo do Estado de São Paulo. Afif deixa de ser vice de Geraldo Alckmin, e com isso o PSD sacramenta sua saída do circuito de influência do PSDB paulista. Kassab entra como candidato ao governo não porque acha que vá ganhar, mas como uma estratégia articulada com o PT para dividir os votos tucanos em 2014, quando o governador Geraldo Alckmin disputará a reeleição. A ideia é que desempenhe o mesmo papel que Gabriel Chalita (PMDB) desempenhou voluntariamente nas eleições para a prefeitura da capital, no ano passado: tira os votos que puder dos tucanos e, derrotado, apoia o candidato do PT no segundo turno.

Nessas negociações, fica fortalecida o candidatura de Alexandre Padilha pelo PT. O PSD avalia que a estratégia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de bancar Fernando Haddad, um nome desconhecido para o eleitorado paulista, nas eleições para a capital do ano passado, foi não apenas uma bola dentro, mas uma fórmula a ser perseguida também nas eleições para o governo. Nesse caso, Padilha é o candidato que mais se aproxima do perfil de Haddad: é jovem, tem uma formação técnica, os serviços prestados ao PT foram dentro do governo (não existe uma identidade dele com a militância petista ou com o movimento sindical, que provocam a rejeição do eleitorado não petista no Estado). Enfim, é um candidato do PT com uma cara diferente do PT, o que pode facilitar a adesão de setores do eleitorado petista que nunca votaram no partido, têm restrições aos quadros tradicionais mas estão descontentes também com o PSDB – e podem mudar de voto se o candidato petista não for fortemente caracterizado com a militância tradicional do partido.

É possível que a definição do candidato do PT paulista ainda demore, por questões internas. O PT estadual tem um postulante ao governo com forte vínculo com o PT sindical e com grande ascendência sobre o ex-presidente Lula (que deve ter a última palavra na definição do quadro eleitoral sindical): Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, que está no segundo mandato e mantém uma grande popularidade. Lula ainda não sinalizou suas preferências para as eleições do próximo ano, mas o PSD aposta que ele convergirá para o nome de Padilha por ele ser, na avaliação de estrategista do partido de Kassab, o candidato que mais se aproxima com a estratégia traçada por Lula para a vitoriosa pela prefeitura paulista.

 

Redação

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