Com intenções à Presidência, chantagens do governo Temer miram agora o apoio eleitoral

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcos Corrêa/ PR
 
Jornal GGN – Se a intenção do mandatário Michel Temer, até hoje, vinha sendo a aprovação de medidas de seu interesse no Congresso, as sucessivas moedas de trocas como a liberação de bilhões para emendas parlamentares e a promessa de cargos no governo de então foram substituídas por outros objetivos: emplacar um sucessor na disputa à Presidência de 2018.
 
O recado é claro: os ministros que a legenda quiser indicar serão levados em consideração pelo presidente, desde que, em troca, o partido apoie o governo e o escolhido por ele a disputar as eleições no comando do Brasil do próximo ano.
 
Ministros que já carregam legendas e bancadas de apoio ao mandatário, como o PP com o ministro da Saúde Ricardo Barros, o DEM com o comando da Educação de Mendonça FIlho, e o PSD de Gilberto Kassab na Ciência, Tecnologia e Comunicações, foram avisados da tratativa e intenções.
 
O apoio que Michel Temer conquistou no Congresso graças a essas moedas de troca custaram ao Orçamento do país bilhões: o enterro da segunda denúncia que poderia por fim ao mandato de Temer gerou R$ 1 bilhão apenas com emendas, em dois meses – setembro e outubro de 2017. Pouco antes, foram calculados outros R$ 4,2 bilhões de emendas em apenas um mês liberados dos cofres públicos em junho para o manter no cargo. Somando com todos os gastos de anúncios de programas e incentivos a estados e municípios, foram registrados R$ 15,3 bilhões de liberações em julho do ano passado.
 
Este ano, a reforma da Previdência era mais cara. Para conseguir o apoio da aprovação da maioria da Câmara sobre a matéria antes do fim de fevereiro, Temer havia prometido a cifra de R$ 30 bilhões para a aprovação da pauta, chamada nos bastidores do Congresso de “arsenal” de Temer, para comprar a base aliada.
 
Todos os montantes vieram acompanhados de cargos de primeiro, segundo e terceiro escalões, seja em Ministérios, ou da administração pública e empresas federais. Mas, agora, o recado tem sido direto com os ministros: se os respectivos partidos quiserem manter seus indicados nos postos, terão que fazer um esforço maior.
 
O tema teria sido tratado pelo chefe da Casa Civil do governo Temer, Eliseu Padilha, com os ministros Mendonça Filho, Gilberto Kassab e Ricardo Barros nas últimas semanas. Nesta quinta-feira (01), por exemplo, Padilha teria se encontrado com o ministro da Saúde, para tratar sobre a indicação de quem seria seu substituto na reforma ministerial que o mandatário vem anunciando.
 
Na quarta-feira, Padilha teria se encontrado com Kassab e um dia antes, na terça, com Mendonça Filho. O que se coloca em cheque são as estratégias de poder dos partidos versus as expectativas pessoais de alguns caciques, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que almeja se candidatar à Presidência, mas parte de seu partido prefere apenas garantir a Educação.
 
Kassab negocia, pelo seu partido, o apoio à candidatura do tucano Geraldo Alckmin, e o atual ministro entraria como o prossível vice-governador na chapa de João Dória em São Paulo. Por isso, diante das articulações mais continuadas, Michel Temer pretende barrar desde agora as tentativas e garantir a promessa dos partidos em troca de cargos em seu futuro governo, seja com ele apresentando-se no posto da Presidência, ou um sucessor de confiança que daria continuidade à sua gestão.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Esta foto é uma alegoria à

    Esta foto é uma alegoria à meritocracia.

    Se não vejamos. A rapaziada do PCC está quase toda atrás das grades. Há anos os caras batalham para arrumar um produto de boa qualidade para bem atender à sua clientela diferenciada. Composta de gente bonita, gente do bem. Para tal, os sacrifícios são imensos. É achaque de um lado na prospecção e no transporte, é pagando propina a deus e ao mundo,  de outro. Quando não, sofrendo perseguição de quadrilhas chapa-branca, de policiais e, até de concorrentes ora fardados ora à paisano ou sob disfarce. Um inferno!

    Urge cuidarmos de fazer justiça, dando a todos, as mesmas oportunidades. O crime organizado não pode continuar rachado em duas facções, uma dos engravatados. Outra facção, de sandália de dedo. Não é justo. A todos deve ser oferecido, ao menos, um diploma de nível superior, isso ainda abre portas e dá credibilidade. Com tais medidas, creio, todos terão as mesmas regras para obterem ninchos mais maneiros para suas falcatruas, onde todos poderão ostentar belos Colarinhos Brancos. E, ao final, o crime organizado fará jús à fama de organizado limpinho e cheirosinho, que nem os tucanos de dona Cantanhede..

    Quem sabe, dando melhor aparência ao trabalho do Exército Nacional que, em vez de correr atrás de retalhista de maconha, crack e pó. Vai pegar Colarinho Branco em seus hilicocas.

    Orlando

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