Da série, no jogo político atual, todos os gatos são pardos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Sugestão de Assis Ribeiro

do Tijolaço

Holandesa de Suape doou R$ 1,9 milhão ao PSB em 2010. R$ 2,5 mi em 2012. E só ao PSB… 

Fernando Brito

vanoord

A nossa mídia gosta de associar doações eleitorais – legais e declaradas – a favores políticos prestados por governantes, o que, embora não permita conclusões, é usado com o inequívoco objetivo de lançar suspeitas. Agora mesmo o UOL está fazendo isso com uma das empreiteiras acusadas de ter negócios com Paulo Roberto Costa, que fez doações ao PT, mas também ao PSDB. Como fez, em 2010, ao PSB.

Então, no seu furor investigativo, porque é que nossos diligentes investigadores não retrocedem um pouco e verificam que, em 2010, a empresa holandesa Van Oord  fez duas únicas doações, somando R$ 1,9 milhão, ao Diretório Nacional do  PSB?

Com esse valor, a Van Oord foi a maior doadora da campanha do partido, excetuando-se as grandes empreiteiras Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.

A doação – dividida em partes de R$ 1,8 milhão da Van Oord Operações Marítimas e R$ 100 mil da Van Oord Dragagens, para respeitar o limite legal de 2% do faturamento bruto – foi feita  em 2 de setembro de 2010.

E o Diretório Nacional do PSB foi a maior fonte de recursos da campanha de Campos, com R$ 8,5 milhões dos R$ 13,8 milhões declarados como receita da candidatura a governador.

No ano seguinte, os holandeses festejavam, na página da empresa, terem vencido dois contratos com o Porto de Suape, no valor total de 165 milhões de Euros (ou R$ 450 milhões, aproximadamente).

Veja aí em cima a reprodução do site da Van Oord.

Em 2012 a holandesa fez mais uma única doação, e ainda maior: R$ 2,5 milhões para o Diretório Nacional do PSB, dominado por Eduardo Campos.

Foram estes contratos que, pela recusa do Governo Federal em continuar repassando valores considerados muito altos para o serviço, produziram a encrenca descrita ontem aqui entre Eduardo Campos e o Governo Dilma.

Mas isso não se investiga, porque a “nova política” é acima de qualquer suspeita, não é?

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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    1.    Não são as doações legais

         Não são as doações legais (embora a um único partido, o do governador) que merecem um olhar mais atento. Mas os valores muito altos para o serviço prestado pelo doador ao governo estadual.

  1. “Foram estes contratos que,

    “Foram estes contratos que, pela recusa do Governo Federal em continuar repassando valores considerados muito altos para o serviço, produziram a encrenca…”

      

      De fato uma boa pista para entender como um governador, aliado histórico, beneficiado com investimentos federais de porte em seu Estado, tornou-se inimigo feroz da presidente da República, atacando-a impiedosamente em sua nova trilha. A “gerentona” parece que andou atacando um ninho de galinha de ovos de ouro.

     

  2. Antes de votar em Marina

     

    Como anular autuação da Receita Federal

    marina Antes de votar em Marina, você precisa conhecer Neca   e fazer a pergunta de R$ 18 bilhões

    Você precisa conhecer Neca e fazer a pergunta de R$ 18 bilhões

    Você precisa conhecer Neca. Ela é a coordenadora do programa de governo de Marina Silva, pela Rede Sustentabilidade, ao lado de Mauricio Rands, do PSB. O documento será divulgado na semana que vem, 250 páginas consensadas por Marina e Eduardo Campos. Educadora, com longo histórico de obras sociais, Neca conheceu Marina em 2007. É uma das idealizadoras e principais captadoras de recursos da Rede Sustentabilidade.

    Sua importância na campanha e no partido de Marina Silva já seria boa razão para o eleitor conhecê-la melhor. Ainda mais após a morte de Eduardo Campos. Mas há uma razão bem maior. Neca é o apelido que Maria Alice Setúbal carrega da infância. Ela é acionista da holding Itausa. Você pode conferir a participação dela neste documento do Bovespa. Ela tem 1,29% do capital total. Parece pouco, mas o valor de mercado da Itausa no dia de ontem era R$ 61,4 bilhões. A participação de Maria Alice vale algo perto de R$ 792 milhões.

    A Itausa controla o banco Itaú Unibanco, o banco de investimentos Itaú BBA, e as empresas Duratex (de painéis de madeira e também metais sanitários, da marca Deca), a Itautec (hardware e software) e a Elekeiroz (gás). Neca herdou sua participação do pai, Olavo Setúbal, empresário e político. Foi prefeito de São Paulo, indicado por Paulo Egydio Martins, e ministro das relações exteriores do governo Sarney. Olavo morreu em 2008. O Itaú doou um milhão de reais para a campanha de Marina Silva em 2010 (leia mais aqui).

    Em agosto de 2013 – portanto, no governo Dilma Rousseff – a Receita Federal autuou o Itaú Unibanco. Segundo a Receita, o Itaú deve uma fortuna em impostos. Seriam R$ 18,7 bilhões, relativos à fusão do Itaú com o Unibanco, em 2008. O Itaú deveria ter recolhido R$ 11,8 bilhões em Imposto de Renda e R$ 6,8 bilhões em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. A Receita somou multa e juros.

    R$ 18 bilhões é muito dinheiro. É difícil imaginar que a Receita tirou um valor desse tamanho do nada. É difícil imaginar uma empresa pagando uma multa que seja um terço disso. Mas embora o economista-chefe do Itaú esteja hoje no jornal dizendo que o Brasil viveu um primeiro semestre de “estagnação”, o Itaú Unibanco lucrou R$ 4,9 bilhões no segundo trimestre de 2014, uma alta de 36,7%. No primeiro semestre, o lucro líquido atingiu R$ 9,318 bilhões, um aumento de 32,1% em relação ao primeiro semestre de 2013. O Unibanco vai muitíssimo bem. E gera, sim, lucro para pagar os impostos e multa devidos – ainda que em prestações.

    A autuação da Receita foi confirmada em 30 de janeiro de 2014 pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. O Itaú informou que iria recorrer desta decisão junto ao Conselho Administrativo de Recursos fiscais. Na época da autuação, e novamente em janeiro, o Itaú informou que considerava  “remota” a hipótese de ter de pagar os impostos devidos e a multa. Mandei um email hoje para a área de comunicação do Itaú Unibanco perguntando se o banco está questionando legalmente a autuação, e pedindo detalhes da situação. A resposta foi: “Não vamos comentar.”

    O programa de governo de Marina Silva, que leva a assinatura de Maria Alice Setúbal, merece uma leitura muito atenta, à luz de sua participação acionária no Itaú. Um ano atrás, em entrevista ao Valor, Neca Setúbal foi perguntada se participaria de um eventual governo de Marina. Sua resposta: “Supondo que Marina ganhe, eu estarei junto, mas não sei como. Talvez eu preferisse não estar em um cargo formal, mas em algo que eu tivesse um pouco mais de flexibilidade.”

    Formal ou informal, é muito forte a relação entre Neca e Marina. Uma presidenta não tem poder para simplesmente anular uma autuação da Receita. Mas tem influência. E quem tem influência sobre a presidenta, tem muito poder também. Neca Setúbal já nasceu com muito poder econômico, que continua exercendo. Agora, pode ter muito poder político. É um caso de conflito de interesses? Essa é a pergunta que vale R$ 18,7 bilhões de reais.

    http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2014/08/20/antes-de-votar-em-marina-voce-precisa-conhecer-neca-e-fazer-a-pergunta-de-r-18-bilhoes/

    Imagens da Internet

  3. todos os gatos são pardos
    mas

    todos os gatos são pardos

    mas alguns têm uns olhinhos bem mais azuis que os outros

    que até parece  ter origem holandesa, argh!,,,.

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