É hora de cerrarmos fileira em defesa do Rio, por Graça Lago

Queria mm que o Freixo
Queria mm que o Freixo ganhasse.
E ver de camarim como o PSOL resolveria um governo de coalizão sem maioria, mm que restrito ao Rio!

Esquerda globalizada que entra pela direita

Nesta brincadeira de esquerda e direita é onde muitos ingênuos se confundem. Nos países desenvolvidos da Europa a esquerda, sem mais problemas de fome e miséria para combater (agora são os imigrantes), é ecológica, modernosa e global, tendendo para o ambiente neoliberal de mercado e consumo, sem fazer muita questão sobre o interesse nacional. Já a direita é nacionalista é defensora da sua identidade nacional.

Nas últimas guerras o mundo moderno confrontou a direita nacionalista contra a esquerda global, nos campos de batalha na revolução espanhola, na Alemanha e na Itália. Ganhou “a esquerda” (a esquerda soviética junto com a neoesquerda modernosa trazida pelos Aliados), ganhou o mundo livre e global. Parecia tudo bem.

Mas, depois da revolução cubana e logo com a queda do “muro”, a mão esquerda neoliberal entra na América latina pela direita.

Isso tudo fica evidente na caminhada da nossa esquerda Brasileira, que em principio era marxista e cartorial (soviética ou maoista), seguindo os parâmetros globais. Depois da 2ª guerra mundial, Getúlio colocou a esquerda com viés nacional e patriótica, continuada por Brizola, que por isso este foi o mais perseguido pelo poder neoliberal (foi mais perseguido que o Lula, chegando esta situação no seu clímax quando o poder global ajudou o Lula a chegar no 2º turno contra Collor, para evitar a chegada do Brizola). Brizola, brincando, já falava do sapo barbudo e da esquerda (PT) que a direita gostava, na época. A esquerda nacionalista foi destruída (hoje o PDT é uma colcha de retalhos) e o nacionalismo foi tornado caricato com a figura folclórica do Enéas. Mas o PT aprendeu.

O PT nasceu como esquerda política, trabalhista, social e programática, de programas sociais, terceiro-mundista, de acabar com a miséria. Exatamente aquela esquerda que o mundo desenvolvido já esqueceu, pois essa parte já foi superada para eles. Nessa caminhada, com o apoio do Brizola, o PT veio a somar parcialmente bandeiras de Getúlio e ações de viés nacionalista. O PT consegue assim somar as duas principais bandeiras da esquerda de terceiro mundo: a bandeira nacionalista e da esquerda político/social.

O pessoal do brejo da cruz achou por fim o partido que os representava integralmente, gerando os últimos 4 governos petistas. Mesmo evangélicos, brasileiros sentiram-se representados nesta nova corrente de esquerda nacional e programática.

Mas, a globalização continua querendo entrar no terceiro mundo: pela direita (capital financeiro, tucanos e etc.); e também pela esquerda, com aquela visão da Europa, com movimentos verdes e as ações modernosas de comportamento. Até facções internas do PT, influenciadas pela globalização, caminharam para uma nova esquerda global, turbinadas pela globalização neoliberal, e encontraram motivação no espaço modernoso da nova sociedade de consumo, de liberdade de gênero e outras bandeiras globais que, embora coerentes e importantes (mas ainda inoportunas nesta fase da América latina), fizeram tender para uma visão global de esquerda comportamental, que favorece o neoliberalismo, abrindo novas frentes de consumo, turbinando a atomização do mercado, das comunidades e das famílias. Surge aqui uma nova esquerda que a direita novamente gosta.

Ingenuamente, o PSol caminhou para este canto de sereia e se esqueceu das primeiras e mais importantes bandeiras de uma esquerda terceiro-mundista. Como dois coelhos de uma pancada só, abriram dissidência na esquerda (dissidência radical e de oposição ao governo popular) e, ainda, afugentaram do Brejo da Cruz um enorme contingente de cidadãos evangélicos, que amam o seu país, que aprovam o avanço social executado pelo PT, mas que não conseguem compartilhar da nova sociedade modernosa que lhes é colocada na sua frente, como se fosse a prioridade das prioridades.

A esquerda modernosa é irreverente e inoportuna. Quer liberdade de gênero antes de dar dignidade aos brasileiros mais pobres. Querem uma nova bandeira cheia de cores para chamar de sua, sem termos ainda uma nação para chamar de nossa.

Por incrível que pareça, chegamos hoje ao Rio de Janeiro, cidade imortalizada pelo Brizola, Darcy e Niemayer, pelos CIEPS, pelo Lula lá, pela esperança, mas que foi entregue a picaretas do PMDB apenas para receber apoio em Brasília, estratégia esta que foi destruído por uma enorme traição, justamente deste PMDB carioca.

Rio de Janeiro enfrenta hoje uma eleição que teria dado 70% a Brizola, mas cujos eleitores estão divididos estupidamente entre católicos e evangélicos, entre famílias conservadoras e LGBTs, e etc., esquecendo-se do mais importante que está em jogo no Brasil: a supervivência de uma nação autônoma e a justiça social para o povo que mais precisa. A disputa no RJ caiu para o terceiro nível entre as prioridades nacionais: saber se o pato é macho. O pior de tudo é que, se considerássemos apenas as duas principais bandeiras da esquerda, tanto o Crivela como o Freixo estariam do mesmo lado, deixando ao povo que faça sua escolha política na urna e a sua escolha comportamental no seu dia a dia, como algo pessoal e respeitável.

Mas, levar para a urna a igreja, o sexo e outras situações comportamentais, dá nisso aí: uma eleição de 3ª categoria, onde a direita mais uma vez ganha, com os votos da esquerda.