“É o projeto mais ousado que o PT já apresentou”, diz economista Marcio Pochmann

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Ponte para o futuro” foi desconstruída pelo governo Temer, disse o economista, afirmando que meta do PT é recuperar emprego e investimentos, sem limitação de gastos, desde infraestrutura a programas sociais
 

Ex-presidente Lula e o economista e um dos coordenadores do programa do governo PT, Marcio Pochmann – Foto: Filipe Araújo/ Instituto Lula
 
Jornal GGN – “É o projeto mais ousado que o PT já apresentou desde que começou a participar de eleições no Brasil”, disse o economista e um dos forumuladores do programa do PT à Presidência 2018, Marcio Pochmann, nesta quinta-feira (23), ao ser sabatinado pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV.
 
O evento faz parte da série de entrevistas promovidas pelo Instituto, em parceria com o Estadão, intitulada “Os Economistas das Eleições”, convidando cada um dos economistas dos programas de governo de oito candidatos ao Planalto. 
 
Pochmann explicou o plano de governo do PT ao posto maior do Executivo com base em três fases: houve, primeiro, uma discussão interna do partido sobre erros e acertos dos governos petistas, entre 2003 e 2016: “isso nos permitiu olhar para nosso legado e humildemente reconhecer erros”, informou. Depois, ouviram a população, para criar um projeto de “Brasil que o povo quer” – frase que sintetizou emblemática campanha atual de Lula.
 
A partir daí, o documento do PT foi construído, disse Pochmann, olhando de baixo para cima, com estratégias que permitam a ascensão social, as garantias de emprego e renda, o aumento da tributação aos mais ricos, recuperação de investimentos sem limitação de gastos desde infraestrutura a programas sociais, a suspensão das privatizações, a recuperação do pré-sal em benefício dos brasileiros e a revisão de medidas adotadas por Michel Temer.
 
“É fundamental termos um programa de emergência para emprego e renda enquanto as reformas são discutidas. Isso passa pela ampliação da renda disponível da população na base da pirâmide social”, explicou Pochmann. “E paralelamente a isso, um aumento da tributação de segmentos de renda que estão praticamente isentos. Revisão das isenções fiscais. Uma forte ênfase na redução do custo do dinheiro, da taxa de juros e uma recuperação imediata dos investimentos em obras públicas, como as do programa Minha Casa, Minha Vida.” 
 
Outro ponto forte do programa prevê reverter medidas tomadas pelo atual governo Temer, como o teto dos gastos públicos, a reforma trabalhista e as privatizações. “É fundamental fazermos uma revisão profunda nas medidas que foram tomadas pelo atual governo, como o teto de gastos, a reforma trabalhista e os processos de privatização”, disse.
 
Pochmann também defendeu a criação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte para a execução de reformas que, segundo ele, são fundamentais para o futuro do país, elencando a do sistema político-eleitoral, dos meios de comunicação e a reforma tributária.
 
De acordo com o economista, além de impactarem diretamente o país e os trabalhadores, as decisões do atual mandatário são “contraditórias”, e disse que a tal “ponte para o futuro”, lema do governo de Michel Temer, na verdade, foi descontruída.
 
“Uma reforma constitucional ajudaria a nos concentrarmos no que é importante e não em mudanças contraditórias. A reforma previdenciária proposta está em oposição à reforma trabalhista apresentada. Uma Constituinte discutiria e organizaria melhor essas reformas. As opções que o Brasil fez nos últimos dois anos desconstroem uma ‘ponte para o futuro'”, destacou.
 
Nas mudanças econômicas, o programa defende uma política ativa de investimentos e a expansão do crédito com bancos públicos financiando o desenvolvimento nacional, o que impactaria na redução do spread bancário. Com inspiração desenvolvimentista, a primeira meta seria a recuperação do emprego, disse Pochmann, lograda com a recuperação das obras públicas. Também defendeu a isenção do imposto de renda para pessoas com renda até 5 salários mínimos. 
 
E a largo prazo, o programa prevê a recuperação da base industrial do país, voltada a segmentos tecnologicamente avançados no Brasil. Já a polêmica reforma da Previdência, “ainda que mudanças precisem ser feitas, desde que levem em conta o impacto ao sistema de seguridade”, não seriam a prioridade do governo.
 
Assista à participação do economista na sabatina da FGV:
 
https://www.youtube.com/watch?v=aAtnhfWr8L0 height:394
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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    1.  
       
      Primeiro vosmecê adquire

       

       

      Primeiro vosmecê adquire algumas galinhas e um galo, depois, aguarda um pouco e elas inciam a postura dos ovos. Com o leite, com a tabela do IR retido na Fonte, e com tantas outras carências que nos afingem. Assim como, para obter ovos, é a mesma coisa.

      Primeiro revolve o solo e aduba, pra depois semear. Não dá pra colher antes…

      Vai que essa foi a causa do governo Lula e do PT, não terem feito tudo nos primeiros 16 anos de governo.

      Orlando

  1. A Pinguela para o Passado foi a obra mais ousada dos Golpistas

    Eu quero saber não é quando será criado emprego e renda para a base da pirâmide, mas quando a a organização social piramidal vai acabar.

    It’s the economy, Stupid!

  2. Não obstante a imensa

    Não obstante a imensa capacidade do Pochmann, pessoa a quem eu muito admiro diga-se de passagem, alguém deveria avisar o PT, que até há uns 2 meses atrás não tinha sequer um esboço de plano de governo, haja visto as ações erráticas sobre isso nos seus quase 14 anos de governo, que copiar o plano de governo do Ciro Gomes nos seus muitos detalhes e minúcias é feio. Ciro vem divulgando essas mesmas diretrizes do seu plano há no mínimo 2 anos, e aí vem o PT e copia e cola. Tudo bem, idéias boas tem mesmo que ser copiadas. Mas a diferença gritante nesse caso é quem estudou e levantou todos os dados para formatar as propostas do plano. Quem detém o know how? Quem vem estudando isso há anos, ou quem copiou só agora? Depois é o Ciro que não presta. Então eu tô doido.

  3. A luta é voto a voto. Hoje

    A luta é voto a voto. Hoje convenci a moça do café que frequento a não votar em Ciro Gomes. Ela votará em Lula ou em Haddad. Ela entendeu tudo: no centro da disputa está o petróleo que os gringos (Embaixada dos EUA CIA) querem roubar do Brasil com ajuda do STF.

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