Eleições de 2014: o voto determinante das “minorias”

Enviado por Antonio Ateu

do Brasil de Fato

Voto do eleitorado feminino e negro será determinante nas eleições 2014

Reprodução

De acordo com análise, o eleitorado feminino é maior desde o ano 2000, mas o peso neste ano é inédito, somando 74,4 milhões de votantes mulheres diante de 68,2 milhões de votantes masculinos

10/09/2014

Por Marcela Belchior,

Da Adital

Pela primeira vez na história das eleições diretas para a Presidência do Brasil, as eleitoras superam os votantes homens em 6 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, a população negra e parda é maioria no eleitorado brasileiro de maneira inédita na escolha do mandatário do país. As informações são destaque na análise intitulada “Gênero e raça nas eleições presidenciais de 2014: a força do voto de mulheres e negros” (acesse aqui o relatório na íntegra), publicada pelo Instituto Patrícia Galvão, que trabalha pela qualificação da cobertura jornalística sobre questões críticas que envolvam os direitos das mulheres brasileiras.

O estudo é uma leitura de dados levantados pelos institutos de pesquisa Ibope e Datafolha. De acordo com a análise, o eleitorado feminino é maior desde o ano 2000, mas o peso neste ano é inédito, somando 74,4 milhões de votantes mulheres diante de 68,2 milhões de votantes masculinos.

Desde 1989, quando a população brasileira passou a eleger seu presidente por voto direto, depois de duas décadas de ditadura civil e militar, negros ou pardos representam 55% do eleitorado brasileiro, declarando-se brancos outros 44% da população e amarelos o restante 1% dos entrevistados pelas pesquisas.

No que se refere à intenção de votos espontâneo por sexo e raça, 32% declararam ainda não saber em quem deverão votar nas eleições marcadas para serem realizadas no próximo dia 05 de outubro, em todo o país. Entre as mulheres, mantêm empate técnico as candidatas Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores – PT), atual Presidenta da República, que tenta reeleição, e Marina Silva (Partido Socialista Brasileiro – PSB), ex-ministra do Meio Ambiente que entrou na corrida presidencial após a morte do então candidato Eduardo Campos.

Nas intenções de voto espontâneo, Dilma marca 27% enquanto Marina figura entre os 25% entre as votantes. Um total de 10% das eleitoras aponta Aécio Neves (Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB) como seu candidato, enquanto outros 10% declararam votar em branco e 28% não sabem ou não responderam. Já no voto estimulado, as duas mulheres candidatas aparecem com 35% das intenções de votos das brasileiras, enquanto Aécio figura com 14%. Campos, morto no último dia 13 de agosto em um acidente de avião, permanece aparecendo nas intenções de voto de 8% do eleitorado feminino.

Entre o eleitorado autodeclarado negro ou pardo, Dilma amplia liderança no voto espontâneo, com 35% das intenções de voto, seguida por Marina (25%) a Aécio (8%). Nesse segmento, 9% deverão votar em branco ou nulo e 22% ainda não escolheram seu candidato ou não responderam a pergunta. Já no voto estimulado, ou seja, aquele em que a lista de candidatos é apresentada ao entrevistado, Dilma abriu oito pontos de vantagem na liderança entre a população negra do Brasil, aparecendo com 40% das intenções de voto desse segmento étnico.

O que representam os dados

A socióloga e especialista em pesquisa de opinião Fátima Pacheco Jordão, coordenadora do estudo, aponta aspectos do comportamento desses dois segmentos no Brasil. Segundo ela, os dados mostram como o eleitorado ainda está avaliando as opções para o cargo e, nesse contexto, as mulheres continuam levando mais tempo para definirem seu voto. “Assim como nas eleições anteriores, o voto feminino continua sendo um voto mais reflexivo”, avalia Fátima.

De acordo com a socióloga, o processo de amadurecimento da escolha eleitoral tem um recorte de gênero e, em diferentes níveis, perpassa a geografia, a escolaridade e os ciclos de vida do eleitorado. Nesse sentido, as mulheres aguardariam mais informações para definirem seu voto e observariam com maior rigor as propostas e promessas de políticas públicas, uma vez que elas mesmas são as principais usuárias dos serviços públicos, representando 51,3% do contingente populacional brasileiro.

Já com relação à mudança no peso do eleitorado negro, Fátima interpreta que isso revela que a população brasileira cada vez mais se reconhece na sua identidade racial. No que tange às campanhas no horário eleitoral, o estudo indica que Dilma e Marina recebem avaliação similar por parte da população. “Chama a atenção o distanciamento dos autodeclarados pretos em relação ao programa, que pode ser explicado pelo fato da questão racial não aparecer com ênfase nas campanhas. A não ser na exibição de alguns e algumas modelos negros e negras, a população negra não se vê representada nos programas”, aponta Fátima.

Como pode influenciar

Em entrevista à Adital, Fátima avalia que essa característica do eleitorado feminino tardar mais a decidir o voto pode influenciar no curso das eleições, como na geração de um segundo turno de votação. “Como foi o caso das últimas eleições presidenciais, em que não se esperava o segundo turno entre Dilma e José Serra [na época candidato pelo PSDB]”, exemplificou.

Relativo à população negra, ela diz que esse eleitorado crescente pode influir na integração de brasileiros/as negros/as nas peças de campanhas publicitárias eleitorais, mas ainda sem levantar questões sobre o racismo propriamente dito. “Eles são tratados apenas nos períodos eleitorais. Fora destes, não se vê um debate incisivo que resulte numa transformação da sociedade”, analisa a socióloga.

 

Redação

12 Comentários

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  1. O Brasil não é um país de

    O Brasil não é um país de população politizada

    Não há votação fechada das minorias

    O embate continua sendo pobres X ricos

    O pêndulo se dá nos votos dos evangélicos, o único grupo que fecha questão na hora de votar, e segue normalmente a orientação dos pastores

  2. Nassif, interessante:

    Datafolha por região, idade, escolaridade, porte da cidade e renda

    Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (10) mostra Dilma Rousseff (PT) com 36% das intenções de voto, Marina Silva (PSB) com 33% e Aécio Neves (PSDB) com 15%. Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) têm 1%. Os demais não alcançaram 1%.

    Região
    Segundo a pesquisa, Dilma passou de 38% para 48% na região Norte do país, enquanto Marina cresceu no Centro-Oeste, de 30% para 35%, e Aécio no Sul, de 16% para 20%, e no Nordeste, de 5% para 8%.

    datafolha regiao

     

    Faixa etária
    Entre os eleitores de 16 a 24 anos, Marina tem 38% das intenções de voto. Dilma passou de 29% para 32%. Aécio tem 15%. Entre os de 25 a 34 anos, a petista foi de 35% para 33%, e Marina passou de 37% para 39%. Aécio manteve 13%.arte idade datafolha

     

    Escolaridade
    Entre os eleitores com ensino superior, Aécio passou de 19% para 22%. Dilma lidera entre os que possuem ensino fundamental, com 45%. E Marina entre os com ensino médio, com 36%.

    arte escolaridade datafolha

     

    Porte do município
    Marina está à frente em cidades de Região Metropolitana, com 34% das intenções de voto, onde Aécio passou de 13% para 15%. Dilma lidera em municípios do interior, com 39%.datafolha município

     

    Renda
    Entre os eleitores com mais de dez salários mínimos de renda familiar, Dilma passou de 22% para 26%, e Marina, de 41% para 32%. Aécio foi de 25% para 31% nesta faixa.

    arte renda datafolha

    A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e jornal “Folha de S.Paulo”. Foram ouvidos 10.568 eleitores em 373 municípios entre 8 e 9 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. o nível de confiança é de 95%. Isso significa que, se forem realizados 100 levantamentos, em 95 deles os resultados estariam dentro da margem de erro de dois pontos prevista. A pesquisa está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-00584/2014.

    http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/blog/eleicao-em-numeros/1.html

  3. Xii… A mulherada tende a

    Xii… A mulherada tende a ser mais conservadora.

    Foi o voto feminino que impediu Lula de ganhar já no primeiro turno em 2006 e Dilma em 2010. Ambos tinham mais de 50% entre os homens, mas não entre as mulheres.

  4. Quem mais tem genótipo negro

    Quem mais tem genótipo negro tem menos votos esses esses. Não por acaso que Marina está sendo atacada virulentamente.  Se mulher ainda toleram um pouco, ser negra nem um pouco

    1. De onde vc retirou isso????

      De onde vc retirou isso???? Marina tem um problema, a tentativa de agradar a todos, alias isto também ocorreu com Dilma, no inicio do mandato, qunado foi em Ana Tomate Braga e na Folha. 

      Não dá para agradar a direita e a esquerda.

    2. vamos
      Pensar.
      Todas as minorias e nao eh ocaso dos negros no Brasil.
      Os combate esta sendo feito no proprio historico da Marina e sua base ambientalista e ex PT. Ai existe mais um ponto que diferencia de 2010, o partido que era PV e agora PSB. Esta diferenca da MARINA E PSB sao grandes e a uniao entre o Eduardo e ela foi deixando a rede e psb fora do acordado.
      Uniao util e despretenciosa para ambos visando um futuro e independencia politica individual.
      Portanto com a exposicao natural da Marina na substituicao do Eduardo e com a emocao, votos passou a ser aprofundar na sua politica como na vida pessoal para entender a candidata a presidencia do Brasil.
      Agora entender, a menina pobre que quer ser freira, depois pastora, atuante politica com povo da floresta, CUT, PT, ministra, estudante e ambientalista tudo bem e normal.
      Agora entender Marina e PSB sao duas coisa completamente diferentes, fica esta conversa disse e nao disse, contradicoes, enganos e falsa intencoes politicamente.
      Nada existe contra ser negra pq nao esta em jogo politico a questao. Nao esta no pensamento geral a mulher, pois atual presidente eh mulher.
      O que realmente consta o conceito da politica ideologica, economica e na sua, do PSB e associados para o Brasil e os brasileiro.
      Ela ate tem seus meritos mais perde mais para as suas associacoes da direita e conservadores.
      Sinceramente meu caro, Marina nao se sustenta concretamente em muitas das politicas, seja economia, etc. fica muito distante de outro que a vida politica ensinou Lula. Marina tem uma base rasa para este mar politico. Esta melhor do que 2010 soh isto.

  5. o curioso em todas esas

    o curioso em todas esas pesquisas é que a faixa etária mais velha, digamos, vota mais em dilma.

    é  a faixa etária certamente

    que sabe

     como o país

    era antes com o neonliberalismo de fhc e tucanos

    e sabe a importancia agora para eles e seus filhos

    das conquistas sociais destes últimos doze anos.

  6. O Movimento Passe Livre tem a

    O Movimento Passe Livre tem a obrigação de vir a público e dizer que as manifestações de Jun/13 não foi para vitaminar candidata de banqueiro. Não se acomodem, não queiram levar com a barriga!

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