Eleições: debates devem se concentrar na ‘questão Lula’

Quem quiser conquistar os mais de 30% do eleitorado fiel do ex-presidente não poderá defender sua condenação no caso triplex 

Ricardo Stuckert/Agência PT

(Ricardo Stuckert/Agência PT)
 
Jornal GGN – Sem Lula no pleito em 2018 o debate eleitoral corre o risco de se concentrar apenas sobre a condenação do ex-presidente. Pelo menos 30% do eleitorado é fiel ao petista e quem for disputar a cadeira no Planalto não poderá defender a condenação de Lula se quiser conquistar seu eleitorado. Essa é a avaliação do cientista político do Insper, Carlos Melo, entrevistado pela BBC.
 
O professor acredita que a decisão do Tribunal Regional Federal de Porto Alegre (TRF-4) confirmando a condenação do ex-presidente e ampliando a sua pena, na prática, impedirá Lula de concorrer a eleição. Se Lula fosse candidato, analisa, as questões que já vinham sendo debatidas, como a reforma da Previdência, seriam centrais. Agora não, o ex-presidente e as condições em que foi condenado passarão para o centro das discussões. 
 
“Você acredita em alguém tentando conquistar esses votos lulistas falando bem da prisão do Lula? Candidatos desse campo (de esquerda) e até de fora dele tendem a fazer o discurso da vitimização do Lula. E, se esse discurso pegar, corremos o risco de transformar o debate eleitoral no debate da ‘questão Lula'”, disse à BBC. 
 
Ele pondera, ainda, que pré-candidatos como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente da Câmara Rodrigo Maia ou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não têm capacidade de pautar um debate nacional. Enquanto que Ciro Gomes (PDT), Fernando Collor (PTC) e Marina Silva (Rede) “talves tenham a, de olho no eleitor de Lula, fazer o discurso de vitimização” e “setores do PT vão tentar transformá-lo numa espécio de [Nelson] Mandela”, completou. 
 
Já para o cientista político da FGV, Claudio Couto, entrevistado pelo mesmo jornal, a principal alteração com o afastamento de Lula na disputa é o enfraquecimento do deputado Jair Bolsonaro que para o professor só despontava em segundo lugar nas pesquisas porque “o viam como ‘voto útil’ contra o petista”, em outras palavras ele “perde a função de ser o anti-Lula”.
 
 
 
 
Redação

4 Comentários

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  1. Um dos maiores erros desta
    Um dos maiores erros desta análise é sobre Bostonaro. Ele é o candidato do caos, vai se fortalecer com a saída de Lula. Quem está perdido são os falsos moralistas como Alkimim e o Luciano Globo, que fingem ser melhores que o milico e são muitos piores. Bostonaro é nosso Trump, pode ganhar mesmo contra a vontade da mídia.

  2. A capacidade que certos

    A capacidade que certos “especialistas” e/ou intelectuais de falar bobagens ou discorrer sobre o óbvio chega a ser cansativo.

    Muitos são incapazes de lançar uma ideia nova sobre determinado problema, mas apenas repetem à exautão o que outras

    centenas falam. A propósito: Lembram-se os caros leitores e comentaristas de que tivemos como palavras de ordem há não

    muito tempo atrás: “Não vai ter golpe”, “Fora Temer” e mais recentemente “Eleição sem Lula é fraude”?

    Pois é: deu-se o Golpe, Temer continua na presidência do país e agora já se fala em encontrar substitutos para o Lula.

    A esquerda brasiliera, parte dela pelo menos, só sabe correr atrás do prejuízo, mas propor ações concretas para derrotar o

    golpe de 2016, nada. Ao invés disso, centenas, milhares de artigos aqui e ali com citações sobre teorias marxistas, sobre

    economistas consagrados, sociólogos renomados, quase todos estrangeiros, numa espécie de viralatice esquerdista, pois os

    pensadores estrangeiros são sempre melhores, dão mais status.

    É triste, mas é verdade. Infelizmente. Enquanto isso uma direita medíocre, mas competente em armar suas jogadas, vai

    comendo o mingau pela beirada.

  3. O Professor foi educado “Mas,

    O Professor foi educado “Mas, sem o Lula, você consegue imaginar o (Henrique) Meirelles (ministro da Fazenda), o (Rodrigo) Maia (presidente da Câmara) ou o (Geraldo) Alckmin (governador de São Paulo pelo PSDB) pautando o debate nacional?”.

     

    Acho que ele queria dizer, você acha que estes bostas tem algum estofo para debater um país complexo, multifacetado e dilaceradamente dividido como o Brasil.

  4. Acho que o Bolsonaro é o

    Acho que o Bolsonaro é o grande beneficiário dessa lambança condenatoria do Lula. Toda a direita é anti Lula, e como o Bolsonaro está consolidado com 15-20% ele pode ficar neutro nessa questão. E receber votos de todo lado. 

    Quem mais perderam foram os tucanos, históricos fregueses do Lula.

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