A política de segurança pública dos candidatos em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – É destaque no Painel da Folha de S. Paulo desta segunda-feira (14) que o empresário Paulo Skaf, candidato do PMDB à sucessão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, apostará “no discurso de lei e ordem” para vencer a disputa eleitoral deste ano.

Segundo colocado nas pesquisas de intenções de voto, Skaf foi chamado de “linha dura” após ter criticado a gestão de Alckmin e afirmado que o tucano é um mandatário “bonzinho” demais diante dos problemas do Estado.

De acordo com a coluna, Skaf declarou que, no lugar de Alckmin, já teria proibido o uso de máscaras em protestos e não esperaria mais de “uma hora” após a depredação que ocorreu nas dependências do Metrô, durante a greve dos metroviários, para demitir os funcionários envolvidos. “Muitos petistas veem o peemedebista à direita de Alckmin. Mesmo assim, prometem apoiá-lo num possível segundo turno”, pontua o periódico.

De fato, o programa de governo que Skaf entregou ao Tribunal Superior Eleitoral no início de julho não contém uma linha sobre como será o diálogo com movimentos setoriais, caso o peemedebista seja eleito. Mas a partir da página 7 da peça, a equipe de Skaf dedica bom espaço às propostas endereçadas à área da segurança pública e administração penitenciária. 

Segundo a Folha, elas foram elaboradas com ajuda de Antonio Ferreira Pinto (foto), ex-secretário de Segurança Pública do Estado. O ex-oficial da PM foi exonerado do cargo em novembro de 2012, após São Paulo passar por uma onda de violência que ganhou todos os notíciários. Ele foi substituído pelo ex-procurador-geral de Justiça Fernando Grella, que segue no posto.

Embora tenham surgidos algumas fissuras na relação com o governo Alckmin após sua saída da Secretaria, Ferreira Pinto leva no histórico a atuação de anos nos primeiros escalões do governo paulista que, há duas décadas, é do PSDB.

Ele foi responsável por criar, em 1993, a Secretaria de Administração Penitenciária, e foi alocado como adjunto na Pasta. Cinco anos depois, formou-se procurador de Justiça. Em 2006, foi alçado à titularidade da Administração Penitenciária e, em 2009, virou secretário de Segurança Pública. Um ano depois, repartições da Polícia Civil no Estado ameaçaram entrar em greve, alegando baixos salários e sucateamento da corporação, na contramão de um suposto favorecimento da Polícia Militar. A dificuldade de integrar as duas unidades passa por essa divisão. 

No programa de governo, o PMDB de Paulo Skaf, apoiado em alianças com o PSD de Gilberto Kassab e o PP de Paulo Maluf, promete, entre outros pontos:

– Distribuir adequadamente o policiamento ostensivo e preventivo;
– Coibir os pequenos crimes e os comportamentos desordeiros;
– Expandir e aprimorar o uso de tecnologias modernas, sistemas de monitoramento, via câmeras com gestão analítica de vídeos, drones, balões, satélites, gerando capacidade para monitorar todo o Estado;
– Resgatar a cultura da investigação;
– Revisar a distribuição de tarefas dos policiais;
– Apoiar a Operação Delegada [oficializar o famoso “bico” dos policiais], em conjunto com os municípios;
– Implantar programas para combate ao crime organizado;
– Expandir a repressão ao tráfico de drogas;
– Implantar sistema de câmeras para vigilância de áreas estratégicas das divisas do Estado, vinculado ao sistema de inteligência e integrado às câmeras já existentes privadas e públicas;
– Implantar novas Delegacias de Defesa da Mulher, com emprego efetivo de policiais do corpo feminino;
– Implantar o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC);
– Investir no aprimoramento técnico-profissional dos policiais civis, militares e técnico-científicos.
– Política de valorização das Instituições Policiais e do profissional da Segurança Pública;
– Concluir o plano de expansão de presídios;
– Estabelecer política de construção de presídios específicos para cumprimento de penas no regime semiaberto, como previsto na Lei de Execução Penal;
– Programa de formação de mão de obra para que, em parceria com a iniciativa privada, os detentos possam trabalhar;

– Parcerias Público-Privadas (PPPs) para construção e gestão de presídios.

O continuísmo de Geraldo Alckmin

Já o atual chefe do Executivo paulista elenca, a partir da página 30 do programa de governo entregue ao TSE para um possível segundo mandato, as seguintes propostas para a segurança pública:

– Aprimorar a política de meritocracia (metas e bonificação) como forma de valorizar o policial e aumentar a eficiência;
– Acelerar a integração entre as polícias;
– Aperfeiçoar os mecanismos de controle interno com foco no combate à corrupção e uso racional dos recursos;
– Aprimorar os mecanismos de transparência, inclusive dos indicadores criminais e operacionais;
– Aprimorar a capacidade de investigação;
– Aperfeiçoar o combate às novas formas de criminalidade, em especial a organizada;
– Incrementar o investimento em tecnologia, dotando as policias de novas ferramentas de gestão e de atuação;
– Dar continuidade ao processo de valorização das carreiras policiais;
– Dar continuidade ao processo de profissionalização da gestão de segurança pública;
– Dar continuidade ao programa de videomonitoramento por câmeras instaladas em pontos estratégicos;
– Ampliar o combate aos crimes contra a vida e patrimônio e ao tráfico de entorpecente;
– Aperfeiçoar os mecanismos de participação da sociedade civil na construção e implantação da política de segurança pública;
– Dar continuidade ao processo de fidelização do policial nas ações do Estado, a exemplo da atividade delegada e da diária extraordinária.

E, no que tange as políticas de administração penitenciária:

– Ampliar o programa de escolta de presos por Agentes de Escolta e Vigilância Penitenciária;
– Ampliar o sistema de automatização de portas de celas;
– Capacitar servidores em cursos de idiomas e implementar o programa Diálogo Virtual para presos estrangeiros;
– Implantar sistema de vigilância interna e externa dos presídios com utilização de drones;
– Ampliar o programa de Reintegração Social e Cidadania;
– Continuar o programa de expansão e modernização do sistema prisional;
– Ampliar o programa estadual de videoconferência.

Os diferenciais de Alexandre Padilha

O programa de governo do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), terceiro colocado nas pesquisas de intenções de voto, dedica mais espaço ao combate à corrupção no Estado. O petista promete “investir na criação e no aperfeiçoamento de órgãos de controle e de investigação, abrindo as portas das informações do Poder Executivo”.

Nessa área, Padilha tem como modelo o prefeito Fernando Haddad (PT), que, ao assumir o Paço de São Paulo, criou a Controladoria Geral do Município (CGM). Em poucos meses, o órgão veio à tona com a Máfia do ISS.

“Manter uma relação republicana e independente com o Poder Judiciário, Ministério Público e demais instituições de justiça e fortalecer os órgãos de controle interno e externo, responsáveis pela fiscalização financeira e orçamentária do governo estadual”, também é meta do ex-ministro.

Além disso, o programa de Padilha também destoa dos demais ao destacar que “a atuação das polícias respeitará o direito a livre manifestação e tratará igualmente cidadãos e cidadãs, independentemente de classe social, renda, cor escolaridade e local de moradia”.

Na área da segurança pública, o candidato do PT elenca como diretrizes gerais:

– Reverter a violência nas regiões mais vulneráveis;
– Ser implacável com o crime organizado e com qualquer mal feito dentro dos órgãos de segurança;
– Cooperar com o governo federal, com os governos estaduais, sobretudo com os quais compartilhamos divisas territoriais, com os governos municipais, com o Judiciário e com os parceiros privados que ampliaram suas ferramentas de segurança e monitoramento;
– Ampliar o espaço do Estado, por meio da Defensoria Pública e do Ministério Público, nas unidades prisionais;
– Desenvolver ações de integração operacional entre as policiais estaduais e de promoção de um salto tecnológico e dos serviços de inteligência policiais;
– Dar atenção especial na proteção às divisas interestaduais, às rotas rurais e urbanas do crime e com as unidades prisionais.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Skaf parece esperto, mas no

    Skaf parece esperto, mas no fundo é um bobão. Ao prometer “mais guerra” ao crime o candidato da FIESP quer os votos dos conservadores truculentos. Sua estratégia poderá dividir uma base eleitoral importante de Alckimin. Um dos resultados plausíveis será beneficiar o candidato do PT, cuja base eleitoral é qualitativamente diferente da de ambos.

  2. Por trás do Skaf podemos achar o que temos de pior

    nos negócios e na politica paulista (acaba sendo a mesma coisa), consegue ser pior que alkmin/psdb se fosse possível:

    – apesar de não citado neste noticiário, FSP e OESP já citaram antes o nome do famigerado Fleury Filho – Barão do Carandiru como “consultor” de segurança…

    – no financiamento da campanha temos o B. Steinbruch, mas não como $$$ dele, esse ele não rasga, mas $$$ da ex-Fiesp, hoje uma mera lembrança do que foi no passado na organização da industrialização paulista e brasileira. Só para citar um caso emblemático, a Fiesp é totalmente ausente do esforço nacional sobre o Pre-Sal, estou falando de fatos não de discursos vazios.

    Pobre São Paulo…

  3. 3ª via “non ecxiste”

    “Skaf foi chamado de “linha dura””

    O Skaf NÃO é linha dura.

    O Skaf é linha auxiliar. 

    Do partido de oposição ao PT.

    Tal e qual e Marina já foi um dia.

     

  4. Padilha:
    – Reverter a

    Padilha:

    – Reverter a violência nas regiões mais vulneráveis;

    Será que é só apertar um botãozinho?!?!? Parece miss que sempre deseja um mundo cada vez melhor!!!

     

    1. Alckmin

      O Alckmin é que foi profundo e detalhista, né?

      – Aprimorar a capacidade de investigação;
      – Aperfeiçoar o combate às novas formas de criminalidade, em especial a organizada;

  5. Precisam é começar

    Como candidatos ao governo de um estado que tem um dois maiores – senao o maior – efetivos de polícial, deviam abrir o debate da carreira única na polícia estadual.

  6. Valorização

    Os três programas para a segurança pública estão bem redigidos, mas não avançam muito. Skaf erra em querer aprimorar uma infeliz medida do governador Alckmin (ou Serra): o bico oficial (omitida em Padilha). PM ou policial civil precisa ser valorizado no plano financeiro e na sua preparação. Ele tem de ganhar muito bem para ter horas de folga dignas, para não ser necessário fazer bicos. É só reduzir verbas apoteóticas do governo do estado em outras áreas (jetons e ajudas de custo em conselhos e secretarias, em algumasáreas da cultura, inclusive na TV Cultura) e vai sobrar dinheiro para São Paulo deixar de ser  o estado que pouco paga aos PMs. O policial para ser bom precisa estar descansado, não estressado . Louvo as linhas de aprimorar o aperfeiçoamento na investigação que, em SP, é lerda e deixa muito a desejar e a intenção de , oficialmente, punir mascarados em atos que permitem vandalismo. E de se impor medidas disciplinares para protestos; sem essa da marcha do cão indefeso, do direito a moradia se achar no direito de interromper com 300 pessoas, o transito dificil de São Paulo ou de estradas. 

  7. Alguem pode mencionar alguma

    Alguem pode mencionar alguma politica de segurança de qq partido que funcione atualmente, a unica que vi mudar alguma coisa nestes ultimos anos foi a das UPPS do Rio de Janeiro.

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