Haddad vs. Bolsonaro: como vota o eleitor que rejeita os dois?

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Na medida em que Fernando Haddad (PT) cresce nas pesquisas de intenção de voto e isola Ciro Gomes (PDT) na terceira posição, o segundo turno entre o petista e Jair Bolsonaro (PSL) começa a ganhar contornos mais fortes. Com isso surgem também dúvidas a respeito da dimensão do anti-petismo e possibilidade de Haddad não conseguir derrotar o ex-capitão no round final.

Na pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta sexta (21), por exemplo, Haddad e Bolsonaro estão empatados dentro da margem de erro, de 3,2 pontos percentuais, com vantagem numérica para o deputado: 41% a 38%.

Esse contexto já foi pior para Haddad. No começo de agosto, o placar era 37% para Bolsonaro contra 28% do petista. A série da XP mostra que Haddad tem crescido um pouco mais rápido que Bolsonaro nesse aspecto.

Ipespe testou ainda o seguinte cenário: qual a intenção de voto no segmento que rejeita tanto Haddad quanto Bolsonaro (28% do eleitorado nacional, segundo a pesquisa), num eventual segundo turno entre ambos?

O resultado também mostrou empate: 26% para cada lado. Outros 46% disseram que a rejeição aos dois candidatos o fariam optar pelo voto nulo ou branco.

Na semana passada, Haddad tinha vantagem muito maior sobre Bolsonaro neste cenário: 32% dos votos, a contragosto do eleitor, seriam do petista, contra 17% do ex-capitão.

Há ainda outro dado que mostra que o ex-prefeito petista terá de trabalhar no quesito rejeição.

O Ipespe perguntou aos eleitores quem seria o pior presidente para o Brasil. Na média, 32% disseram Haddad e 30%, Bolsonaro. Outros 11% dizem Marina e 7%, Alckmin.

Entre os eleitores de Alckmin, 39% acham que Haddad seria um presidente pior do que Bolsonaro, com 31%.
 
Entre os eleitores de Bolsonaro, 60% cravam que Haddad seria o pior presidente. A segunda mais rejeitada é Marina, com 14%.
 
Os eleitores de Marina acham que Bolsonaro seria muito pior que Haddad: 43% contra o ex-capitão e 17% contra o petista.
 
No eleitorado de Ciro e Haddad, Bolsonaro é a maior ameaça: 63% dos ciristas são contra o deputado e entre os eleitores do petista, 69%. No nicho de Ciro, só 9% acham que Haddad seria o pior presidente.
 
Quando o quesito é rejeição (resposta à pergunta “em quem você não votaria de jeito nenhum”), Marina lidera com 67%, seguida por Alckmin e Haddad, com 60% cada. Bolsonaro tem 57% de rejeição e Ciro, 54%.
 
Os preferidos do eleitor com convicção (“vai votar com certeza, independe do cenário”) são Bolsonaro com 25%, Haddad com 16% e Ciro com 13%.
 

TRANSFERÊNCIA DE VOTO ENTRE CANDIDATOS
 
O Ipespe também tentou apurar para onde vão os votos de cada candidato.
 
Se os eleitores de Haddad tivessem de migrar, 35% iriam para Ciro, 8% para Alckmin, 4% para Bolsonaro e 13% para Marina. Não sabem ou optaram por branco e nulos um total de 32%.
 
Entre os eleitores de Bolsonaro, a ampla maioria (57%) prefere anular ou votar em branco do que escolher um substituto. Outros 6% votariam em Ciro, só 2% em Haddad, 10% em Alckmin, 3% em Marina. 
 
Entre os eleitores de Alckmin, 19% vão para Ciro, 6% para Haddad, 16% para Bolsonaro e 14% para Marina. Outros 26% não sabem ou anulam.
 
Os votos de Marina vão preferencialmente para Ciro (19%), Haddad e Alckmin (16% cada) e Bolsonaro (9%), e 24% não sabem ou anulam.
 
Ciro é quem mais transfere votos para Haddad, 32%. Alckmin ganharia 10%, Bolsonaro, 9%, e outros 12% para Marina. Anulam 24%.
 
O ATUAL CENÁRIO
 
Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro teria 28% das intenções de votos na pesquisa XP, contra 16% de Haddad, 11% de Ciro, 7% de Geraldo Alckmin e 6% de Marina Silva.

A primeira questão que se põe é se Ciro ou Alckmin têm chances de ultrapassar Haddad.

Candidato há exatamente 10 dias, Haddad cresceu 6 pontos de uma semana para a outra. Ciro oscilou 1 ponto para baixo nesse mesmo período e, durante toda a série da XP, o teto que já atingiu foi o de 12%. Alckmin nunca passou dos 10% e, na pesquisa passada, tinha 2 pontos a mais que hoje.

A seu favor, Haddad tem outro elemento: seu eleitorado é um pouco mais convicto do que o de Ciro e o de Alckmin.

O Ipespe perguntou ao entrevistado se ele mudaria de voto na última hora, para evitar um segundo turno entre dois candidatos que ele não gosta. No caso de Haddad, 41% disseram que fariam isso. Entre os eleitores de Ciro, 54% disseram que mudariam de voto. O desempenho no nicho de Marina é semelhante, de 52%. Os que votam em Alckmin atingiram um patamar parecido com o de Haddad: 42% disseram que mudaria o voto.

Na média dos brasileiros, 37% disseram que mudariam de voto dependendo de quem estiver nas duas primeiras colocações na pesquisa. Entre os eleitores que se declaram indecisos, 31%.

SEGUNDO TURNO
 
Alckmin x Haddad daria 38% para o tucano e 31% para o petista. O detalhe é que Alckmin está estável desde o mês passado, oscilando entre 36% e 38% neste cenário, enquanto Haddad está crescendo a cada pesquisa. No final de agosto, por exemplo, ele tinha 24% contra 36% de Alckmin.
 
Se o segundo turno fosse hoje, Alckmin e Bolsonaro estariam empatados com 39%.
 
Contra Marina, Bolsonaro hoje ganha por 40% a 35%.
 
Ciro ganha de Alckmin por 37% a 35%, mas o desempenho está dentro da margem de erro.
 
Ciro contra Bolsonaro daria 40% para o ex-governador do Ceará e 35% para ex-capitão.
 
Haddad contra Bolsonaro dá 41 para o deputado e 38% para o ex-prefeito petista, um empate dentro da margem de erro.
 

 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Sobre o “voto útil”

    Minha gente, o único candidato que tem condições de derrotar a besta fera (Bolsonaro) no primeiro turno é o Haddad. Essa probabilidade é pequena mas existe e vai depender do percentual de votos de transferência de Lula para o Haddad.

    Por outro lado, o Ciro ainda está na jogada. Se por acaso a transferência de votos do Lula para o Haddad falhar (mas não é isto que está mostrando as últimas pesquisas), Ciro Gomes poderá chegar ao segundo turno. Porém, a probabilidade de Ciro ganhar no primeiro turno é ZERO. Logo, vamos investir em Haddad para ver se ele resolve a parada logo no primeiro turno.

    Mas se o Ciro virar o jogo e chegar ao segundo turno contra Bolsonaro, eu votarei no segundo turno em Ciro Gomes sem dúvida. Para derrotar a Besta eu faço este sacrifício.

    Em outras palavras: quem chegar ao segundo turno contra Bolsonaro será o presidente da república. Mas só o Hadad tem uma probabilidade pequena de resolver o probelema no primeiro turno. Por isso eu estou com ele e não abro. E  ele é um excelente candidato.

     

    1. Sejamos realistas

      Impossível Haddad ganhar no primeiro turno, sejamos realistas!
      Se quer falar de voto útil, vote em Ciro já no primeiro turno. os eleitores de marina/alckmin/etc votariam em ciro no segundo turno, dando a ele condições de ganhar do Bolsonaro. eu te pergunto: que eleitor vc conhece que mudaria seu voto no primeiro turno de alckmin/marina para haddad?

      O desempenho de Haddad é semelhante ao de Bolsonaro, alcançar seu teto no primeiro turno, e crescer 2% no segundo turno. Ciro é a segunda opção de MUITA gente. ele no segundo turno consegue agregar muito mais do que Haddad, tanto por ser o candidato com menor rejeição (ciro) como pelo antipetismo ser muito forte(haddad)

  2. Os nao votos
    Os nao votos (abstençao, branco e nulo) sao muito importantes para as analises, pois podem, inclusive, determinar o resultado no primeiro turno; além dos indecisos: é pensando neles, principalmente, que se faz campanha.

    Tem muita gente cansada dessa chacrinha toda, dessefla x flu, desse debate rebaixado, confuso…

      1. Errado de novo
        Nas eleiçoes para Prefeitos, no meio da chacrinha, 1/3 foi de nao voto. O Doria ganhou em Sao Paulo no primeiro turno assim.

        Muitos apontam “erros” nas pesquisas eleitorais, mas nao enxergam que o que mais apresenta discrepancia são os nao votos. Procure as peaquisas da reta final das campanhas e compare os resultados reais de nao votos.

    1. A luta contra o fascismo deve ser incansável

      Me desculpe, mas não se trata mais de ‘petismo’ e ‘anti-petismo’ nem de muito menos de fla-flu. Se trata de fascismo e antifascismo, e a luta contra o fascismo deve ser incansável. No fascismo não existem muro, não existem nulidade – quem se omite está do lado do fascismo.

      1. Ta desculpado
        Ta desculpado.

        O fascismo brasileiro é o antipetismo. A direita brasileira é o antipetismo. O PSDB/DEM, ou o que alguns chamam de centro direita, so existe ma retorica de alguns saloes. Nas ultimas tres eleiçoes para presidente os demotucanos nao apresentaram uma proposta sequer pra coisa alguma. Nas campanhas, nos horarios eleitorais só batiam na tecla da criminalizaçao do PT, PT, PT. Resultado: 30 dos eleitores de Sao Paulo, por exemplo, votam em Boçalnaro. A pregação anticomunista desvairada, antipolitica e contra os direitos humanos nao podia dar ortra coisa, mas, os quadros, os intelectuais tucanos nao enxergaram isso.

  3. Entre o abismo e a esperança

    (1) Somente Ciro Gomes ganha (e com folga) do fascista

    (2) depois de 11 dias, Haddad tem apenas 16% (chegaram a dizer que os 39% de Lula seriam transferidos em 1 dia)

    (3) Haddad está com rejeição superior a do Coiso.

    (4) Ciro é quem tem a menor rejeição

    Cruzando essas informações, há fundamento para duas possibilidades:

    (a) Haddad perde e o fascismo fica legitimado

    (b) Voto Útil em Ciro no primeiro turno pra derrotar o fascismo

  4. Esse palpite infeliz basei-se

    Esse palpite infeliz basei-se numa não-pesuisa, um levantamento, com grande margem de erro, mais pequena para o rigor do trabalho, certamente de custo tão baixo quanto a qualidade do que apresenta. Serve para enganar incautos. Haddad tem possibilidades de ganhar essa parada já no primeiro turno. Bolsonaro não tem força para um segundo turno e está ameçado até aqui por Ciro Gomes. É o que mostram os institutos da mídia golpista, Globo & cia., Ibope e DataFolha, com o bneplácito da Justica Eleitoral que permite que a mídia, além de apoiar a oposição em todos seus canias de concessão, gaste mais de US$ 150.000,00 em duas pesquisas praticamente com os mesmo resultados, feitas em termos práticos no mesmo período, mas divulgadas em dias diferentes, no claro intuito de confundir a oposição em benefício de seu candidato (todos menos Haddad). Além do mais, em 13/09 o Vox Populli também apresentou uma pesquisa que já mostrava Haddad bem mais próximo de Bolsonaro, com possibilidades de chegar a 49% dos votos, vale dizer próximo de vencer no primeiro turno. Sarta, fora!

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