Haverá segundo turno, e agora?, por Rafael Rodrigues da Costa

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Haverá segundo turno, e agora?

por Rafael Rodrigues da Costa

As pesquisas dizem e o clima de divisão em todo o país confirma: haverá segundo turno.

É claro que estamos falando de uma eleição nada comum e tudo está caminhando de forma assustadora, para qualquer um dos lados. De fato, é difícil crer que algum eleitor tenha a plena convicção de que os problemas emergidos neste período eleitoral não terão maiores consequências no futuro próximo. Mas é exatamente por esse excesso de medo que é importante lembrar: é preciso ter calma.

“O medo dá origem ao mal”, já dizia Chico Science.

É fato, estamos cercados pelo medo. Medo do país virar uma Venezuela, medo de um ex-militar assumir o controle do país, medo do que se pode fazer na rua em nome de uma ideologia ou um candidato.

Porém, o medo gera raiva, até porque ninguém gosta de ter medo. Ainda mais quando esse medo é justificado por um sem número de porquês: porque eles são uma organização criminosa, porque ele é racista, porque eles se fingem de coitados, porque ele é uma ameaça à democracia etc. A nossa raiva sempre puxa uma raiz do nosso medo.

E há muita gente por aí decidindo o voto pela raiva e pelo medo.

Por isso é preciso ter calma.

Olhemos ao redor. Estamos em um cenário dividido pelo antipetismo e o antifascismo. Soluções fáceis surgem a cada instante, mas nenhuma delas tem sido tão efetiva quanto o “nós e eles”. É fruto desta tática parte da transferência dos votos de Alckmin, Amoedo e Álvaro Dias, que entenderam que é melhor garantir Bolsonaro no segundo turno do que deixar a esquerda se organizar em torno do candidato petista e correr o risco deste ganhar logo no primeiro turno.

Já a esquerda se vê apavorada pela onda conservadora que tem transformado Bolsonaro em voto útil contra o PT. De um lado, tenta-se desesperadamente migrar os votos dos convertidos para Ciro Gomes, entendendo que o candidato é o mais cotado pelas pesquisas para desbancar Bolsonaro e o antipetismo. Por outro lado, alega-se que o candidato do PDT não tem base eleitoral para tamanho movimento, o que torna a iniciativa de migração uma tática desesperada que tende apenas a enfraquecer o único partido capaz de chegar ao segundo turno contra o candidato que apoia a ditadura.

Então antes de entrarmos em uma missão insana de derrubar o PT na última hora para fazer o Ciro crescer, por que não surfarmos nas águas dos indecisos e ali oferecermos, seja Haddad ou Ciro, como opção viável para derrubar o verdadeiro inimigo dessas eleições?

Mais uma vez, amigos, é preciso calma! Não podemos perder o foco nem pelo medo, nem pela raiva.

Qualquer candidato que esteja no segundo turno contra o Anticristo é aliado da democracia.

Rafael Rodrigues da Costa é sociólogo, mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São (Unifesp) e Bacharel em Sociologia e Política pela FESPSP.

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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