Bolsonaro e sua equipe tentam abafar acusação de financiamento ilícito

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Advogado minimizou pagamentos de milhões por empresários, não declarados, a empresas que fizeram campanha a favor de Bolsonaro no Whatsapp como algo alheio, sem possibilidade de controle
 

Foto: Lula Marques/Divulgação
 
Jornal GGN – Jair Bolsonaro (PSL), seus filhos, aliados e o advogado da campanha tentam abafar o escândalo de contratos de R$ 12 milhões pagos por empresários para disseminar mensagens em massa via Whatsapp contra o PT e a favor do capitão reformado do Exército, que como financiamento não declarado e por empresas pode se configurar em crime eleitoral e crime de Fake News.
 
Pela manhã, enquanto as redes sociais de todo o mundo político no Brasil estava voltada à denúncia divulgada pela Folha de S.Paulo, o candidato do PSL e seus filhos ignoravam e não comentavam nada a respeito. 
 
A declaração dada publicamente partiu do advogado que integra a equipe jurídica de Bolsonaro, Tiago Ayres, que minimizou a denúncia e disse que não há relação desses pagamentos de empresários em serviços de Whatsapp – que favoreceram nos últimos dias de disputa os números de votos alcançados por Bolsonaro – com a campanha eleitoral.
 
À reportagem do Valor, que consultou o advogado, Ayres disse que “não tem nem o que dizer em relação a isso” porque, segundo ele, não existe “elementos minimamente indiciáveis” que poderiam responsabilizar a campanha do político por crime de caixa dois e de Fake News.
 
O advogado isolou o pagamento de empresários – que claramente configuram financiamento de campanha e, uma vez não declarado à Justiça Eleitoral, financimento ilícito – como atos individuais sob os quais o presidenciável não teria controle. 
 
Para isso, chamou os empresários de “apoiadores”, quase como “eleitores” que não teriam responsabilidade na campanha direta do candidato do PSL, ainda que envolvendo diretamente o uso de dinheiro. E, neste caso, milhões.
 
“Esta é uma campanha muito diferente. Não é razoável que qualquer manifestação, ele [Bolsonaro] tem que ter responsabilidade. Teria que ter muito dinheiro para vigiar [a conduta de todos os apoiadores]”, disse Tiago Ayres ao Valor Econômico.
 
A doação de campanha por empresas é proibida pela Justiça Eleitoral e a doação, ainda que não na forma de dinheiro, mas na contratação de serviços prestados diretamente, quando é feita por pessoas deve ser declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nenhum dos dois casos foram atendidos. E, além disso, o serviço contratado em si, a prática de Fake News também é considerada crime.
 
E somente no início da tarde desta quinta-feira (18), quando a denúncia já havia repercutido pelo país, que o candidato se manifestou nas redes sociais, também minimizando a acusação:
 
“Apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita”, escreveu, e sem continuar a tentar se defender, desviou as publicações a acusações contra o PT: “Sempre fizeram política comprando consciências. Um dos ex-filiados de seu partido de apoio, o PSOL, tentou nos assassinar. Somos a ameaça aos maiores corruptos da história do Brasil. Juntos resgataremos nosso país!”.
 
“O PT não está sendo prejudicado por fake news, mas pela VERDADE. Roubaram o dinheiro da população, foram presos, afrontaram a justiça, desrespeitaram as famílias e mergulharam o país na violência e no caos. Os brasileiros sentiram tudo isso na pele, não tem mais como enganá-los!”, continuou.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Não é só Fake News
    Existe também um exercito de robozinhos para difamar o PT, e apoiar o tal de Jair pelas redes sociais e em comentários de reportagem nos principais jornais do País.

  2. Como no Brasil do pós

    Como no Brasil do pós impeachment se estabeleceu pelo STF a regra  APLICAMOS AS LEIS CONFOME A CARA DO FREGUÊS, então não vão fazer nada contra a campanha do Boçal. Grande parte porque quer que o Boçal seja eleito e uma minoria por medo da reação da sua SA cabocla.  Infelizmente acho que a única bala de prata contra esse coiso é um vídeo em que ele tirasse o sarro dos seguidores dele do mesmo jeito que ele tira das minorias. Talvez mudasse o rumo da eleição. 

  3. fraude

    essas eleições estão irremediavelmente comprometidas.

    todo o processo eleitoral do dia 07/10/18 é nulo.

    as eleições gerais devem ser remarcadas e os responsáveis pela mega fraude eleitoral presos preventivamente por fraude eleitoral, organização criminosa, estelionato etc etc.

    dá uns 30 tipos no código penal, executados pela família bandida e seus parceiros de crime.

    todos eles devem ir para a cadeia.

    as eleições são nulas por vício de origem e não há ‘eleitos’.

    uma organização criminosa tenta se manter no poder associando-se com essa escória que fraudou a vontade do eleitor.

  4. Eleição fraudada

    Uma porção de militares entreguistas associados a uma porção de evangélicos fanáticos estão destruindo o pouco que restou de nossa Democracia estuprada.

    Esses criminosos também estão submetidos à Lei Bolsonaro: bandido bom é bandido morto ????

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