O candidato do Partido dos Trabalhadores a prefeito de Rio Branco, capital do Acre, obteve apenas 4% dos votos nas eleições municipais de 15 de novembro. Este ex-bastião da esquerda votou esmagadoramente em Jair Bolsonaro em 2018.
O enorme pôster saúda o visitante assim que ele sai do aeroporto, aparecendo na umidade tropical. “Deus, pátria e família. Rio Branco acredita [em Jair Bolsonaro]”, diz o slogan da placa afixada com destaque na entrada da capital do Acre. O presidente posa ali todo sorrisos, gravata verde, dedo erguido para o céu, como um profeta em seu país. Ou um messias na frente de seus seguidores.
Não demorou menos para comemorar o “mito” Bolsonaro, como seus apoiadores o chamam. Porque é aqui, neste estado do extremo oeste da Amazônia, na fronteira boliviana-peruana, que o líder da extrema direita alcançou sua melhor pontuação nas eleições presidenciais de 2018: 77,2% no segundo turno (contra 55% nacionalmente). Em Rio Branco, obteve mais de 82% dos votos. Um verdadeiro plebiscito.
Difícil de acreditar, mas a região foi por duas décadas um baluarte da esquerda, considerada inexpugnável. O Partido dos Trabalhadores (PT) do ex-presidente Lula detinha todas as alavancas do poder lá: governador, deputados e senadores, prefeitos, assembleias locais… Tudo varrido pelo surgimento do Bolsonaro. Nas eleições municipais de 15 de novembro, o candidato do PT a prefeito de Rio Branco, Daniel Zen, foi drasticamente expulso da disputa no primeiro turno, com apenas 4,01% dos votos…
“Tínhamos tudo e perdemos tudo”, suspira Jorge Viana, ex-líder carismático da esquerda local. Aos 60 anos, o homem é bonito, com sua estatura alta, seus cabelos grisalhos cuidadosamente desgrenhados e seu sorriso de novela. Por muito tempo, o Acre foi sua coisa, sua casa. Ele o corporificou sucessivamente como prefeito de Rio Branco (1993-1997), governador (1999-2007) e finalmente senador em Brasília (2011-2019).
Costuma-se dizer que Jorge Viana “inventou o Acre”. Isso não está totalmente errado. Pobre, isolado no extremo oeste da Amazônia, o Acre foi por muito tempo uma terra marginal, pátria caída de seringueiros, coletores de látex, refúgio de exilados, lugar de todo tipo de tráfico…
Mas tudo mudou em 1999, com a chegada do PT no poder: Viana inaugura então o “governo da floresta” e dá ao Acre sua importância na escala do Brasil.
“Sonhamos grande aqui”
Sob seu governo, a Amazônia se torna um “ouro verde” a ser protegido. O governo investe em turismo e em indústrias sustentáveis, como látex ou castanha, e o desmatamento caiu 65% entre 1998 e 2007.
Melhor ainda: com a vitória do “camarada” Lula nas eleições presidenciais de 2002, o Acre se beneficia plenamente dos programas sociais de esquerda. Nos anos 2000, o PIB do estado triplicou, a expectativa de vida saltou de 66 para 71 anos. “Provamos que podemos aliar crescimento econômico e proteção ao meio ambiente”, afirma Viana.
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O Acre melhorou com o Bozo?
Certamente que não e com certeza piorou e vai piorar mais ainda.
Cada povo tem o governo que merece.
Nós brasileiros, temos o nosso.
Erro Jossimar, sob o ponto de vista dos Acreanos derrubar a floresta é progresso, se não entenderem isso não entenderam nada.
no Le Monde
“Tínhamos tudo e perdemos tudo”
por Bruno Meyerfeld. É tão auto-explicativo esta chamada para a Matéria. A preocupação do Le Monde, de seus Profissionais para informar ao seu Público e Povo. É um alerta : Tínhamos tudo e perdemos tudo. Não é que estes Brasileiros querem mandar na sua Pátria, nas suas Vida? Pode isto? Como vamos explicar este ocorrido lá em Paris?