Luis Nassif e Marco António Villa falam sobre eleições em rádio portuguesa

Jornal GGN – O cientista político Marco António Villa e o jornalista e diretor da agência Dinheiro Vivo e Jornal GGN Luis Nassif foram ouvidos na Rádio Antena 1 em entrevista conduzida pelo jornalista português Ricardo Alexandre. Os entrevistados fizeram uma análise das campanhas políticas para as eleições de 2014. A entrevista foi ao ar no dia 3 de outubro e foi reenviada ao GGN pelo colaborador Walter Decker.

Na ocasião, Marco António Villa disse que em Marina Silva surpreendeu tanto o crescimento na intenção de votos, logo após a morte do candidato Eduardo Campos, quanto o encolhimento ao longo da campanha.

Para ele, a trajetória de Aécio Neves no Senado não serviu para ele se firmar como uma liderança da oposição nacional. “Esse é o grande problema da oposição brasileira, ela deixa pra última hora pra se organizar e se contrapor ao domínio petista. E o petismo age justamente o inverso, faz política todo santo dia”.

Villa afirmou que o Bolsa Família não é um programa de caráter eleitoreiro, porém, 15 milhões de famílias, cerca de 45 milhões de pessoas, quase um terço do eleitorado, recebe o benefício, “Isso tem uma interferência direta, porque basta o candidato oficial, Dilma Rousseff, acusar a opositora que vai acabar com o Bolsa Família, significa que você vai lançar o medo em um terço do eleitorado. É muito. Hoje isso é um elemento absolutamente determinante no resultado eleitoral”, disse.

Com o livro de Villa, Década Perdida, em mãos, o entrevistador português questionou como se pode fazer essa afirmação, já que olhando de fora “o Brasil cresceu, chegou à posição de sétima economia mundial, milhões de pessoas deixaram a pobreza absoluta e ascenderam à classe consumidora”. Villa atribuiu essa percepção à eficiência do discurso petista. “Há um Brasil da fantasia, que é o Brasil do PT, e um Brasil da realidade”, afirmou.

“O PT tem um poder de comunicação que nunca ninguém teve na história do Brasil. Ele tem um grupo de blogs, que é a chamada Al Qaeda eletrônica, que é infernal, é todo dia, é sustentado com dinheiro público, do Banco do Brasil, Caixa, Petrobras. Ele tem um poder de domínio enorme. E o sonho é acabar com a liberdade”, acusou.

Para ele, Marina Silva “Traz um sentimento de estranheza à política. Isso é muito bom”.

Para Luis Nassif, a vitória de Dilma se dará porque a oposição é muito fraca e não conseguiu definir um conjunto de ideias. “A presidente representa um conjunto de ideias ligado ao aprimoramento da democracia e da política, mas não dá pra dizer que o primeiro governo dela foi um bom governo. Ela foi excessivamente teimosa, autocrática e autossuficiente e vai ter que mudar para o segundo governo. O grande desafio que o país vai ter é ver se ela tem essa capacidade de aprendizado pra fazer um segundo governo mais de acordo com o nível social da democracia brasileira”, disse.

Segundo ele, a visão de Dilma, herança da luta armada, sempre foi muito hierarquizada. “Talvez com essa campanha ela aprenda que o projeto que ela representa não é dela. É um projeto de país e tem muitos setores envolvidos aí. Ela é uma grande brasileira, absoluta honestidade, de propósitos muito claros de desenvolvimento, mas trouxe um estilo de governo incompatível com o atual estágio da democracia brasileira”.

Nassif acredita que Dilma manteve os avanços em termos de políticas sociais, mas em termos de participação houve um retrocesso. “Tem algo que o Lula fala sobre ela que é importante. Ela tem uma enorme capacidade de aprender”.

Em compensação, Marina Silva sempre foi muito errática. “Ela tem a bandeira do meio ambiente, mas nunca teve um pensamento consistente. Ela é uma evangélica, nada contra os evangélicos, mas ela é uma evangélica que se curva ao patrulhamento de um pastor de extrema direita que é contra o casamento homossexual”, lembrou.

“Num primeiro momento, o programa de governo dela foi muito interessante, porque eles pegaram todos aqueles movimentos sociais, que o Villa acha que são bolivarianos, que o Estadão, os jornais, acham que são bolivarianos. São movimentos sociais que surgiram fora da órbita do PT, ou seja, não acreditam mais em sindicatos, em partidos políticos, usaram as redes sociais e emergiram. Então, em vez de usar esses grupos, a oposição passou a criminaliza-los. A Marina percebeu e montou um programa de governo extraordinário. Mas a primeira crítica que foi feita a ela por um pastor, ela arregou”.

Para Nassif, foi aí que ela começou a perder as intenções de voto que conquistou no primeiro momento. “A Marina é o seguinte, se todo mundo é a favor de uma tese, ela é totalmente a favor da tese. Se há divergências, ela pula fora. Simbolicamente, ela é um símbolo tão forte quanto o Lula. Simbolicamente. Mas ela não é uma líder política. Por onde ela passou, ela rachou. Ela não tem uma dimensão política do Lula. Simbolicamente sim, mas politicamente ela é uma pessoa menor”.

Apesar de considerar as pesquisas de opinião, que consideravam uma maior chance de segundo turno entre Dilma e Marina, Nassif não se arriscou a fazer previsões. “Hoje, a maior força política de oposição que nós temos é o antipetismo. Não é a Marina, não é o Aécio. O PSDB não conseguiu definir um projeto alternativo de poder. Não vende o sonho. A Marina vendia o sonho no começo, quando ela entrou, porque parecia um livro em branco. E o sonho é sempre melhor”.

Ainda assim, ele acredita em vitória da presidente Dilma, e disse que “Ela tem todas as ferramentas à mão para o país dar o salto que está faltando. Hoje nós temos um modelo de desenvolvimento que está dado. Foi montado um baita de um sistema nacional de inovação, ferramentas de financiamento à inovação. Então, depende fundamentalmente da capacidade que ela tem de se mudar pessoalmente”.

Sobre a comunicação e a força do discurso petista, Nassif discordou de Villa. “Esse pacto dos grupos de mídia não tem nada a ver com o governo. Tem a ver com o receio da entrada de novos participantes no mercado de mídia”, disse. 

A íntegra da entrevista de Marco António Villa e Luis Nassif está disponível aqui.

Redação

17 Comentários

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  1. excelnte contraponto do

    excelnte contraponto do nassif ao villa,

    um notório provocador,

    muito confuso.

    villa só ve o seu entorno tucano,

    mas não a realidade cotidiana da população

    e seus avanços evidentes….

  2. Ai ai ai ai!

    Ave-maria, esse Villa é de matar. Matar de vergonha de tanta bobagem que diz. E o Nassif, hein ? Continua batendo na tecla da teimosia da Dilma. A Dilma foi muito mais que isso, e acho que agora é hora de coloca-la pra frente e instigar um ministério à altura de uma grande chefe de Estado. 

  3. Desonesto afirmar que é 1/3

    Desonesto afirmar que é 1/3 do eleitorado considerando o numero de familia 15  milhoes pode se sim afirmar que sao 15 milhoes de adultos e assim sendo eleitores. 45 milhoes inclui  se ai criancas e jovens que nao estao em idade para votar. Os numeros de eleitores que participam do BF sao imprecisos acredito que nao chegue a 18% nao  é despresivel mas tambem nao pode ser determinado como principal fator Para eleicao de petistas.

  4. subestimando o quarto poder

    Acho que o Nassif ainda subestima o poder economico associado à mídia, apesar de combate-lo com frequencia e honradez. Dilma tentou baixar os juros, fazer reforma politica, aumentar a influencia da sociedade organizada. Foi trucidada, seu potencial politico se demonstrou insuficiente, teve de recuar. A politica de apoio aos “campeões nacionais” se mostrou virtuosa no sentido de que combateu o desemprego e manteve os cofres do BNDES saneados e com inadimplencia zero. Faltou um ministério de primeira linha e um programa de eficiencia em obras públicas que poderia ser mais ágil. Mas no país da cultura dos 30%, o desempenho de Dilma deu para o gasto.

  5. [  Ela foi excessivamente

    [  Ela foi excessivamente teimosa, autocrática e autossuficiente e vai ter que mudar para o segundo governo  [  se o povo quissesse alguma mudança,   Dilma estaria empatada com Luciana Genro

  6. [   “Esse é o grande problema

    [   “Esse é o grande problema da oposição brasileira, ela deixa pra última hora pra se organizar e se contrapor ao domínio petista  [  não me constar que nenhum dos jornais deixaram de sair todo dia e batendo no petismo, como no caso da petrobras, que esse nada tem haver, pois ainda não nasceu nenhum corrupto nos governos petistas, são todos desde de governos anteriores

  7. Quem é esse mané chamado

    Quem é esse mané chamado villa? Vá chafurdar com os rola bostas da Inveja e outros lixos midiáticos. Sou Dilma por que os governos do pt fizeram a diferença e não por qulquer outro motivo.

  8. foi manso o Villa

    No jornal da Cultura seus comentarios parecem aquele falecido Alborghetti (reporter policial estilo mundo cão ) quando se refere a politicos do PT !  

  9. Caro Nassif e demais
    Villa

    Caro Nassif e demais

    Villa não, por favor.Villa e JB, que dupla de três terrível.

    Haja excretor externo.

    Saudações

  10. Desonestidade intelectual que

    Desonestidade intelectual que deve ter levado o jornalista Ricardo Alexandre a se perguntar: Afinal, quem é o português?

    “O PT tem um poder de comunicação que nunca ninguém teve na história do Brasil.” 

    O jornalista português Ricardo Alexandre deve estar se perguntando até agora como é que um partido sem nenhum jornal, nenhuma rádio e nenhum canal de TV pode adquirir tamanho poder de comunicação, impossível somente com blogs.

    Quando o jornalista afirmou que de fora o Brasil é percebido como a 7ª economia com notórios e notáveis progressos sociais, respondeu Vila: “Há um Brasil da fantasia, que é o Brasil do PT, e um Brasil da realidade”, afirmou.”

  11. “não dá pra dizer que o

    “não dá pra dizer que o primeiro governo dela foi um bom governo”

    Viiixe Nassif, melhor não sair de casa por uns dias, capaz da militância te crucificar, kkkkk

  12. Segundo O Globo, totalizado

    Segundo O Globo, totalizado os votos em Israel. Resultados:

    Aécio –  142 votos – 69%

    Marina- 36 votos – 17%

    Dilma – 15 votos – 7%

     

  13. Villa não deve sequer conhecer “A arte da guerra”.
    A conta torta e fanática do Villa: 15 milhões de famílias recebem o Bolsa Família, logo 45 milhões de pessoas, ou 1/3 do eleitorado.

    As famílias em questão não possuem crianças?

    Qual a premissa do Bolsa Família? Não seria gilhos matriculados nas escolas?

    Esse pessoal da Veja, além da usual.má fé, pouco estudam “o inimigo”.

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