Marília Arraes e parte do PT de Pernambuco resistem à ordem de retirar candidatura

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O Diário de Pernambuco publicou na manhã desta quinta (2) uma reportagem informando que a vereadora Marília Arraes conta com a divisão da militância estadual do PT para montar resistência e bater de frente com a executiva nacional do PT, que mandou recuar com a candidatura ao governo do Estado, em benefício do PSB de Paulo Câmara.
 
A ordem do PT cumpre um acordo com o PSB, que também prometeu recuar com a candidatura ao governo de Minas Gerais, para não atrapalhar a tentativa de reeleição de Fernando Pimentel. O PSB ainda se comprometeu a manter “neutralidade” na campanha presidencial – ou seja, não vai apoiar Ciro Gomes (PDT) nem o presidenciável do PT. O comunicado rifando a candidatura de Marília foi feito na noite de quarta e acatado pelo diretório do PT de Pernambuco.
 
Mas, segundo o Diário de Pernambuco, “a base sindical e lideranças políticas que apoiam a pré-candidatura Marília Arraes se rebelaram, ontem, contra a decisão da executiva nacional do PT.”
 
Nesta quinta deve ocorrer o encontro do diretório estadual do PT e Marília pretende angariar apoio entre os delegados para derrubar a ordem da executiva nacional. “Segundo a deputada estadual Teresa Leitão, se o encontro estadual do PT for ‘desconvocado’, ‘pode ser caracterizado como um golpe, porque os delegados estão eleitos para definir os rumos da tática eleitoral do estado. Se formos boicotados, vamos denunciar’.”
 
A deputada ainda explicou que Marília e seus aliados já recorrer da decisão da executiva nacional. “Tem muita gente achando, comemorando que essa decisão é terminativa, mas não é. Depois de recorrer à executiva nacional, ainda tem o diretório nacional. Depois, ainda tem o encontro nacional do PT. E nesta quinta (hoje), temos o encontro do PT de Pernambuco e não pode ser desconvocado”. 
 
Marília Arraes abriu divergência com o PT nacional poucas horas depois de tomar conhecimento, por meio de Gleisi Hoffmann, do acordo com o PSB. A vereadora gravou um vídeo afirmando que não iria abrir mão da candidatura e que busca apoio dos delegados para manter a resistência. “Trezentos delegados vão votar para apoiar a tese de candidatura própria ou aliança estadual com o PSB, defendida pelo senador Humberto Costa”, anotou o jornal. 
 
A pré-candidatura ainda teria questionado o teor do acordo entre PT e PSB. Segundo Marília, o PT só deveria recuar da candidatura em Pernambuco se o PSB se comprometesse a apoiar Lula na disputa pela Presidência, fato que não ocorreu. Pelo tratado, o PSB ficaria livre para fechar alianças regionais com o PT ou com adversários da legenda, como Geraldo Alckmin (PSDB), que tem o apreço de Márcio França em São Paulo.
 
Ainda de acordo com a publicação, o diretório do PT em Pernambuco negou a possibilidade de o encontro de hoje ser desmarcado, mas pediu ponderação aos delegados e à militância. “Registramos, assim, que por razões políticas e estatutárias estamos convocando todos, dirigentes e militantes, a observar e a fazer cumprir a decisão da executiva nacional, mantendo a nossa identidade e a nossa convergência em torno do projeto nacional do PT, da nossa direção e da ampliação do apoio partidário à candidatura vitoriosa de Lula presidente, à sua libertação e à derrota da agenda antinacional, antipovo e fracassada do golpe de 2016”, registrou.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. A direita sabe que o Ciro

    A direita sabe que o Ciro enfraquece a esquerda…

    Não vi ninguém atacar o Ciro abertamente como fazem com LULA!

    O Ciro ainda está naquela fase que o LULA passou quando nunca ganhava…

    Vai incomodar a direita, os golpistas, mas não tem chances de ganhar e de quebra divide a esquerda…

    Tem que ter muito sangue frio e muita estratégia para ser golpista hoje…

    Então o PT fez certo e reduzir a força do Ciro…

    Agora a Marília está certa em querer continuar…

    Absolutamente certa!

  2. Mas você é muito burro, hein?

    Caso você fosse Lula e já tivesse decido que Haddad seria seu candidato a presidente, quem você indicaria como vice? Eu indicaria Marília Arraes. Resolve questões de geo-política regional, coloca uma mulher na chapa e ainda dá para fazer um acordo com PSB. Mas eu não sei de nada.

    1. Marília na vice-presidência, sim

      Mas alguém já disse que na guerra não há substituto para vitória. Lula na presidência.

  3. PT saudações

    O PT troca a fidelidade da militância pelas traições do PSB. Troca a certeza da vitória em Pernambuco pela incerteza da vitória em MG. Troca o alto astral do Lula Livre pelo discurso fajuto de golpistas sem escrúpulos. Coloca em risco a credibilidade do Lula pela falsidade de apoiadres de última hora.

  4. Não é só o PT-PE,eis as correntes nacionais contrária à Executiv

    na metade do longo artigo da BBC Brasil: “Correntes de esquerda do PT criticaram a decisão de retirar a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco. Membros de tendências como Esquerda Popular Socialista, Militância Socialista, Trabalho, Avante e Democracia Socialista protocolaram no Diretório Nacional da sigla um pedido de reconsideração do acordo”. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45040795

  5. A executiva do PT errou

    Dá tempo de corrigir.

    PSB foi o partido que decidiu o Golpe de Estado em 2016. E Arraes foi rifada por um sujeito – não direi o nome – que estava no ap de Andréa Neves em 2014 para comemorar a derrota de Dilma. Ele aparece naquela foto do Aécio Macambúzio e nunca pediu desculpas ao Brasil por isso.

    Por princípio, quem é de esquerda NÃO vota em golpista. Em tempo nenhum. Ponto.

  6. Aliança PT x PSB
     A discussão em torno da aliança do PT com o PSB (na verdade, é só um acordo) tem se restringido a avaliar o impacto sobre Pernambuco e Minas Gerais. Em Minas Gerais, a retirada de Márcio Lacerda pode não ajudar a candidatura de Pimentel, porém não atrapalha. A questão de Pernambuco, pela qual tentam criar uma grande comoção, pode ser justificada sobre dois aspectos: 1) mesmo sendo  ruim e mal avaliado, o governo Câmara não pode ser considerado uma ameaça à esquerda e, tampouco, ao PT; 2) a candidatura da jovem Marília é uma faca de dois gumes. Assumir o governo estadual nas circunstâncias atuais, com crise, sem maioria etc. poderá “queimar” o futuro da candidata e do PT no Estado. Talvez seja mais prudente ela se candidatar a deputada federal, tentar ser uma puxadora de votos, e reforçar a bancada petista na Câmara. Isso é muito necessário. Além disso, há dois pontos que estão sendo relegados. Primeiro, a necessidade de se conter o risco Ciro Gomes: apesar da aliança com as forças direitistas ter sido frustrada, se algum candidato tucano (Álvaro Dias ou Alckmin) não decolar, Ciro ainda pode, ou poderia, no decorrer da campanha, se tornar o plano B dos golpistas. E seria o único candidato a ameaçar a hegemonia da esquerda em um segundo turno. Em segundo lugar, a aliança com o PSB abre uma perspectiva inédita em São Paulo. Acho até que a questão paulista motivou o acordo. Pelo cenário que se desenha, Márcio França e Dória irão para o segundo turno em SP, e Dória está queimadíssimo, principalmente na capital. Nesse contexto, em um eventual segundo turno, França ficaria em uma situação que teria que se aliar ao PT, pois, com Alckmin ou com Bolsonaro no segundo turno, o opositor dele seria um tucano (Dória) e aliado de Alckmin (seu candidato de primeiro turno). Essa bagunça na eleição paulista possivelmente beneficiará o PT no segundo turno e poder ser o motivo, “inconfessável”, do acordo com o PSB.

     

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