Meirelles silencia sobre eleições, mas vê em Maia “nome extraordinário”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
 
Jornal GGN – Após a decisão de Henrique Meirelles de alertar seu interesse pela disputa ao Planalto em 2018, o presidente Michel Temer se reuniu com o ministro da Fazenda para pedir discrição e não se manifestar publicamente sobre a candidatura. Por isso, à imprensa, não negou que irá participar das eleições, mas disse que o anúncio virá apenas no primeiro trimestre do próximo ano.
 
A articulação era em atendimento a Temer. Agora, em entrevista à Folha de S. Paulo, o ex-presidente do Banco Central e ministro de Temer mostrou que foi picado pela mosca azul e que tem o desejo de sair dos bastidores da economia, para assumir comandos de postos políticos. 
 
Admitiu que falta apenas ter a certeza de que conquistaria algum apoio público. “Qual o fator decisivo para o sr. bater o martelo sobre sua candidatura em 2018?”, questionou a Folha. “Primeiro, a consolidação e a percepção pela população do crescimento econômico e, mais importante, dos benefícios que isso vai trazer. Segundo, essa articulação política”, respondeu.
 
Mas já adiantou: a articulação, seja dele ou do próprio governo Temer em busca de um sucessor, não se dará com o PSDB. “Uma coisa é o apoio a determinadas reformas, outra é o apoio à política econômica atual, com todas as suas medidas e consequências. Não há, pelo menos até o momento, um comprometimento do PSDB em defesa dessa série de políticas e do legado de crescimento com compromisso de continuidade”, disse.
 
Apostando em seu potencial de candidatura, disse não se sentir ameaçado com os baixos 1% ou 2% das intenções de votos mostrados no Datafolha. Segundo ele, isso ocorre porque não entrou oficialmente na disputa. “A grande maioria da população ainda aguarda um candidato que não tenha posições extremadas e que vai refletir essa posição de comprometimento com o crescimento do país.”
 
Ainda, defendeu a possibilidade de angariar apoio de partidos como o do Centrão, de antigo comando de Eduardo Cunha (PMBD-RJ), ao qual caracterizou positivamente como “aqueles que estão fora da polaridade histórica de PT e PSDB”. “Agora surgiu uma novidade, uma extrema direita, que não deve prevalecer. Existe uma série de partidos que não fazem parte desses dois polos e têm posições doutrinárias, como DEM e PSD”, disse, negando ser incômodo o apoio dessa ala.
 
No mesmo período que Meirelles estancou o discurso de candidatura, Temer se encontrou com ele e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também surpreendentemente modificou o posicionamento de confrontos diretos com que vinha mantendo junto ao governo, e passou a assumir a liderança da aprovação, por exemplo, da Reforma da Previdência.
 
Uma das interpretações do encontro Temer-Maia-Meirelles foi de que além da discussão sobre a aprovação no Congresso da Reforma, estavam naquele momento iniciando uma articulação para a sucessão ao atual governo. “Temer gosta da ideia de uma chapa Meirelles-Maia. E o sr.?”, perguntou, então, o jornalista, neste contexto.
 
“Maia é um quadro político excepcional, tem um futuro enorme pela frente e não tenho dúvida de que será um nome extraordinário para qualquer chapa ou posição que optar por disputar”, foi a resposta de Meirelles.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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