O cabo de guerra entre PT e PSDB por apoio político em São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Antes da eleição propriamente dita, postulantes ao governo de São Paulo disputam, um a um, os partidos que podem alavancar suas campanhas, principalmente no tocante aos preciosos minutos de televisão.

Nesse cenário, PSDB, que detém o comando do Estado há duas décadas, e PT, que pretende desbancar o adversário Geraldo Alckmin com o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, duelam para ver, até o final de maio, o PP do deputado federal Paulo Maluf como um aliado. O troféu desse cabo de guerra são cerca de 75 segundos de mídia eletrônica. Em 2010, o PSDB tinha 2,4 minutos a mais de TV.

Em entrevista exclusiva ao GGN, Padilha admitiu que a estratégia do PT será a de buscar o apoio de “todos os partidos que apoiam a presidente Dilma”. Até porque, segundo ele, esses partidos “dirigem ministérios que podem contribuir fortemente para resolução de problemas do Estado”. Padilha citou como exemplo o Ministério das Cidades, capitaneado por Gilberto Occhi, indicado para a pasta pelo PP. “Esse Ministério têm papel fundamental em agilizar as obras do Metrô”, argumentou.

Leia mais: Padilha segue Lula e busca aliança ampla para vencer em São Paulo

Na semana passada, após participar da posse do diretório do PP em Santo André, região do ABC Paulista, Paulo Maluf garantiu que seguirá na raia do PT no âmbito federal, apoiando a presidente Dilma Rousseff em seu projeto de reeleição. Em São Paulo, entretanto, o deputado afirmou que não há nada definido. Evasivo, Maluf só descartou apoiar Gilberto Kassab, pré-candidato do PSD ao Estado.

Repetindo 2012

A possibilidade de aliança entre PT e PP para alvancar a campanha de Padilha – repetindo o que aconteceu em 2012 com Fernando Haddad, na eleição pela Prefeitura de São Paulo – também é costurada com o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira. Para os petistas, as chances aumentaram quando o PP entregou os cargos que possuia no  governo Alckmin, ainda em 2013.

No início daquele ano, Lula defendeu publicamente a formação de uma “aliança ampla” com PTB, PCdoB, PRB e PSD em São Paulo. Afastar esses partidos do arco de alianças do PSDB pode equilibrar a disputa. Mas meses depois, a migração de políticos de uma legenda para outra e a criação de novas agremiações – como PSD, Pros e Solidariedade – mudaram o cenário e reduziram os alvos do PT.

Soma-se a isso a estratégia de entregar de cargos no primeiro e segundo escalão estadual como forma de amarrar alguns partidos a Alckmin. Foi o que aconteceu com o PRB, por exemplo. A sigla só abriu mão de lançar Celso Russomanno como pré-candidato ao Executivo após Alckmin dar posse a Rogério Hamam na Secretaria de Desenvolvimento Social.

80% do PTB com Dilma, 20% com Alckmin

Nessa mudança de cenários, o visado PTB, que na disputa de 2010 não apoiou nem PT nem PSDB no Estado, já decidiu: vai nadar na raia de Alckmin em 2014. O deputado Campos Machado, presidente estadual da legenda, chegou a sugerir, em janeiro, que uma mulher petebista deverá ser candidata a vice-governadora ao lado de Alckmin, como forma de atrair a parcela feminina no eleitorado paulista, que representa 54% do total. Na eleição presidencial, o plano é que Dilma tenha apoio de 80% do PTB.

Até agora, portanto, Alckmin está fechado com sete siglas para a disputa que acontece em outubro: PPS, DEM, PSC, PRB, Solidariedade, PTB e PROS. A coligação do PSDB em 2010 contava também com PMDB, PHS e PMN.

O PMDB, este ano, ajudará a polarizar a disputa entre Alckmin e Padilha lançando Paulo Skaf, assim como faz o PSD com Kassad (foto ao lado). Em um eventual segundo turno, a tendência é que os dois partidos apoiem Padilha.

O influenciável PDT

Em 2010, o PT lançou o atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, como postulante ao governo de São Paulo. O candidato a vice-governador era Coca Ferraz, do PDT. O partido – antes liderado por Paulinho da Força, aliado do presidenciável tucano Aécio Neves – continua no arco de alianças de Dilma. Mas em São Paulo, após a derrota do PT nas urnas, decidiu acompanhar Alckmin em troca de espaço no governo.

Influenciado dos dois lados, o PDT está rachado. Enquanto uma parcela defende a reeleição de Alckmin, outra, com incentivo da direção nacional e estadual do partido, defende a candidatura do deputado estadual Major Olímpio na corrida contra Alckmin, Padilha, Skaf e Kassab.

As convenções partidárias, que acontecem até o final de junho, devem consolidar as candidaturas ao governo de São Paulo. Por enquanto, apenas o PCdoB declarou apoio oficial a Padilha. Na última eleição, o PT somava, além do PDT, mais oito partidos na coligação “Juntos por São Paulo”: PSDC, PCdoB, PTN, PTdoB, PR, PRB, PRP e PRTB.

Cogita-se que também entre na disputa Márcio França pelo PSB do presidenciável Eduardo Campos. Vladimir Safatle é o candidato do Psol. O PV ainda estuda nomes para lançar em outubro.

Resultado da Eleição 2010. Fonte: TSE
Resultado da eleição 2010 em São Paulo. Fonte: TSE

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

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  1. O artigo é equilibrado e não tenta

    criminalizar a política.

    Alias eu tenho aguentado muitas cara feias em reuniões sociais quando pergunto em qual partido votaram as pessoas que falam que todo político é corrupto…

  2. É isso! Na política atual

    É isso! Na política atual vale o que vale na esbórnia. TUDO VALE. Para ganhar e fazer uma ótima administração, como o PT tem feito no plano federal, vale qualquer aliança. Senão fica igual aquele senador Rudolfe(?) do PSOL e que ninguém sabe nem o nome, que tem zero por cento de intenção de voto e que NUNCA fará qualquer ação política a favor do Brasil e dos brasileiros. Voltará à insignificância de sua terra como voltou a Heloísa Helena e sem nada de proveito que tenha feito na sua atuação política.

  3. Eh mesmo. Alias,

    Eh mesmo. Alias, completamente fora de pauta, ou nem tanto. nassif, vc sempre falava da baixa atuacao da ex minstra da Casa Civil, e lembro que vc chegou a elogiar a entrada do Mercadante. Mas uma coisa que venho percebendo, ou melhor nao percebendo eh: cade o Mercadante gente? Serah que as pessoas indicadas para o  Ministerio mais poderoso do Governo estao com medo de serem presos,  e por isso nao querem aparecer? Afinal, como foi lavrado na peca de acusacao contra Dirceu, a acusacao eh que ele tinha um “projeto de poder”. Crime realmente previsto na Constituicao. Meu Pai! Quem ainda nao percebe esse absurdo jah pode abanar as orelhas.

  4. “Padilha citou como exemplo o

    “Padilha citou como exemplo o Ministério das Cidades, capitaneado por Gilberto Occhi, indicado para a pasta pelo PP. “Esse Ministério têm papel fundamental em agilizar as obras do Metrô”, argumentou.”

    O problema está exatamente ai. Ao invés de promover a organização dos espaços urbanos nacionais, o Ministério das Cidades é mais um curral eleitoral, balcão de empréstimos e cabide de empregos.

    As cidades continuam crescendo mal e o ministério sai por ai distribuindo analgésicos ao invés de tratar a doença.

    Os problemas urbanos brasileiros começam todos em Brasília que já é uma cidade problemática…

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