O desafio de Haddad em números: os votos ainda disponíveis por Região

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Foto: Ricardo Stuckert
 
Jornal GGN – Para vencer a disputa presidencial no segundo turno, Fernando Haddad terá de manter o eleitorado que conquistou no dia 7 de outubro e ganhar mais 27 milhões de votos. Isso será impossível se o petista não avançar pelo Sudeste, região do País onde o PT tem dificuldade de penetração.
 
O desafio de Haddad é obter em três semanas quase o triplo de votos que faltam para Jair Bolsonaro ser eleito presidente. O capitão da reserva necessita de mais 10 milhões de votos.
 
No primeiro turno, Haddad terminou com 29% dos votos válidos, contra 46% de Bolsonaro. O deputado venceu o ex-prefeito em todas as regiões, menos no Nordeste.
 
Segundo levantamento feito pela Folha desta quarta (10), há um total de 36 milhões de votos disponíveis no País hoje. Esse número representa a votação dos candidatos que não chegaram ao segundo turno.
 
No Nordeste, Sul e Centro-Oeste, o total é de 19 milhões. No Sudeste, há mais 17 milhões. Isso significa que mesmo que Haddad conseguisse (o que é praticamente impossível) todos os votos das 3 primeiros regiões, não chegaria à vitória sem o Sudeste.
 
Leia mais aqui.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

7 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Por que acho que perderemos

    Ou talvez ainda não, se soubermos chegar aos corações e mentes de antigos eleitores petistas e que hoje estão convictos de que o voto em Bolsonaro é a cura para os grandes males do país, e que, ainda por cima, passaram a acreditar que, destes, o maior mal é o PT.

    Mas confesso que acho difícil. Muito difícil.

    Mas é por acreditar que por nos restarem ainda 2 semanas e meia, e que neste intervalo alguma coisa pode ainda ser feita, revirando de cabeça para baixo o tom da campanha, a fim de resgatarmos tanta gente, já tão sofrida, que se constiuirão nas primeiras vítimas de um período negro que se avizinha que faço o relato abaixo.

    Vou tentar repetir de memória o diálogo que tive hoje com um porteiro, negro, morador em favela, pessoa educada, embora sem muita escolaridade, sempre solícita, sorridente, enfim, aquele tipo que costumamos chamar de uma boa pessoa.

    Não gosto de sair expressando/impondo a minha opinião política, principalmente a quem é de camada social mais desfavorecida, por que sei que muitas madames (reconheço que estou sendo preconceituoso, mas a imagem é esta mesmo) usam e abusam deste poder “de convencimento” e não quero me igualar a elas, e por que sei que muitas vezes, se não tomarmos cuidado, corremos o risco de nos mostrarmos arrogantes, tipo “nós sabemos mais do que eles”. 

    Mas não tive opção. A conversa foi provocada por um outro porteiro nordestino e que, como eu, também vai votar em Haddad, e que me usou como argumento de autoridade para convencer o colega.

    Claramente, o assunto foi levantado como uma provocação, criando uma pequena saia justa inesperada que eu tive que administrar na hora.

    A resposta à provocação deste segundo porteiro foi uma declaração séria e muito firme de que o voto dele seria para Bolsonaro. Disse que sempre tinha votado no PT, mas que se decepcionou e que agora não votaria mais.  Reconhecia que o PT fez muita coisa boa, mas que é preciso mudar tudo o que está aí por que não pode mais continuar assim. 

    Questionei-o sobre votar em alguém que já deu diversas declarações racistas, se ele como negro não se importava. Ele mostrou saber disso, mas argumentou que achava que era como um cão que ladra, mas que não morde. Sabe que Bolsonaro é um cara esquentado, mas que é disso que o Brasil precisa para dar um jeito de uma vez.

    Em seguida fez uma misturada sobre Lei Rouanet, direito de portar arma para se defender de bandido, que as forças armadas são respeitadoras da Constituição, que Haddad iria soltar o Lula juntamente com um monte de presos… etc..

    Diante de uma saraivada dessas, costuma ser muito difícil argumentar pois cada tópico é um tópico, o que exige argumentos específicos para cada um.

    Disse-lhe que não era verdade que Haddad iria soltar o Lula. Lula já tinha afirmado não querer indulto e Haddad já tinha declarado publicamente que não o faria, até por que não teria o poder para isso.

    Ele pareceu um pouco confuso quando eu disse que não era verdade, uma vez que tinha recebido em seu grupo de whatsapp, proveniente de um policial, um vídeo, que ele fez questão de me mostrar, no qual Haddad discorria sobre a elevada taxa de presos por pequenos delitos e que ele pretendia concentrar as prisões naqueles crimes mais importantes. Argumentei que isso não era uma coisa ruim, tendo em vista a quantidade de crimes de vulto tais como helicópteros cheios de cocaína, e que não conseguem ser acompanhados pela polícia. Pedi para ele repetir o que o Haddad tinha dito no vídeo e ele não conseguiu reproduzir a acusação original.

    Mas ele não se mostrou derrotado. Fez questão de mostrar outro vídeo no qual Haddad dizia que se eleito Lula subiria o palácio junto com ele. Este foi mais difícil de argumentar. Ainda assim, disse-lhe que era uma forma figurativa de falar já que Lula não poderia ser solto. 

    Tentei argumentar, ainda, sobre o perigo de distribuir armas para a defesa pessoal, mas ele estava absolutamente convicto do seu direito de atirar em um bandido se necessário por que a criminalidade está solta e fazendo o que quer.

    Não aprofundei a discussão por que eram muitos os tópicos e tinha receio de causar um sério mal estar com uma pessoa a quem sempre respeitei e com quem teria que conviver passado o período das eleições.

    Bem… o relato acima, que não foi o único caso entre meus conhecidos, mostra como a campanha de Bolsonaro foi bastante hábil e eficiente para chegar com solidez, ainda que com notícias falsas ou meias verdades, aos corações e mentes daqueles que normalmente seriam os eleitores potenciais de Hadadd e do PT.

    Se a campanha de Haddad não der um cavalo de pau (e eu confesso não saber como), a eleição do próximo dia 28 estará perdida, com trabalhadores, negros, mulheres, LGBTs e índios votando alegremente em Bolsonaro.

  2. Argumentos racionais são inúteis

    Em adendo ao que comentei abaixo, argumentos racionais são inúteis para quem viu, com “seus próprios olhos” e em seu celular, ainda que de forma distorcida ou falsificada, a “prova” para as suas convicções.

    Infelizmente, não há TSE que coíba a prática.

    P.S. Lembrei de mais alguns tópicos brandidos em enxurrada pelo porteiro no diálogo que com ele tive hoje: Venezuela; patriotismo de Bolsonaro; nenhum país deve mandar no Brasil.

  3. Parece Mas Não É

    Essa análise não leva a lugar algum, melhor aguardarem o Datafolha de hoje.

    Após o Datafolha saberemos quantos por cento Haddad terá que conquistar do Coiso (passa a ser dupla partida).

    Cravo 4%, ou seja, de 4 a 5 milhões de votos em 17 dias ou em torno de 250 mil votos dia.

     

  4. Porque acho que perderemos(2)

    Eleições não se ganham com otimismo, mas com mobilização e tempo. Votei em Haddad (apoio “crítico”), mas só um evento fortuito de grande impacto poderá reverter os números. Quem optou pelo capitão até agora não é sensível a argumentos racionais (muito menos a ‘compaixão’…). Byé, byé, Brasil…

  5. A matemática está evidentemente errada.

    Há mais do que isso em votos disponíveis. Há os votos de quem anulou ou votou em branco, e há os votos de quem se absteve.

    Mas esta eleição é “inganhável” se não tomarmos votos de Bolsonaro.

    Com acordos com os caciques derrotados em 7 de outubro é mesmo que não dá.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador