“Efeito Bolsonaro”: o impacto do novo puxador de votos nos candidatos eleitos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução/Redes
 
Jornal GGN – As coincidências dos resultados entre as diferentes pesquisas eleitorais, nas vésperas do dia 7 de outubro, traziam confiança a alguns candidatos ao Senado e a Governos e orientaram estratégias de campanhas ao longo das semanas. Mas os institutos de pesquisa não conseguiram captar um fator que seria decisivo para alterar parte das candidaturas dadas como vitoriosas: o “efeito Bolsonaro”, o grande puxador de votos nestas eleições 2018.
 
Se o próprio partido do candidato da extrema-direita conseguiu formar uma frente de 50 congressistas na Câmara e 4 no Senado, além de fechar uma aliança que levou muitos parlamentares das bancadas da bala, rural e evangélica a modificarem seus apoios de última hora e conseguirem se eleger, o fator também provocou grandes mudanças entre governadores e senadores dos estados brasileiros.
 
Abaixo, o GGN elenca qual foi o impacto do “efeito Bolsonaro” e traça o perfil dessas candidaturas que conseguiram ultrapassar as expectativas das pesquisas nos cinco maiores colégios eleitorais do país:
 
RIO DE JANEIRO
 
Estado que dedicou boa fatia de votos a Jair Bolsonaro (PSL), o Rio de Janeiro foi uma das principais surpresas nestas eleições ao governo, aonde o “efeito Bolsonaro” foi decisivo e escancarado. 
 
O ex-juiz Wilson Witzel, do PSC, até então estava brigando em um empate com o senador Romário (Podemos) para definir quem enfrentaria o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), então na liderança, em um segundo turno. Até os últimos dias, Romário e Witzel empatavam na casa dos 17% das intenções de voto.
 
No último resultado do Ibope divulgado no sábado (06), Romário estava a frente deste empate com 20% das intenções, Paes marcava a liderança com 32%, e o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) agora empatava em terceiro lugar com Indio (PSD), ambos em 12%. 
 
O resultado das urnas foi completamente diferente: o ex-juiz que apoiou Bolsonaro foi a segundo turno contra Eduardo Paes (DEM), mas com uma diferença inesperada de votos: 41,28% para o apoiador de Bolsonaro contra 19,56% para o ex-prefeito.
 
A mudança disparada ocorreu porque Witzel começou a fazer campanha nos últimos dias ao lado do filho de Bolsonaro, o candidato ao Senado Flávio Bolsonaro (PSL), que, por sua vez, também recebeu a maioria dos votos dos cariocas e foi eleito senador. 
 
SÃO PAULO
 
A notícia que impactou os analistas em São Paulo foi a não eleição de Eduardo Suplicy (PT) ao Senado. O candidato do PT que acumula carisma entre os paulistanos e assumiria seu quarto mandato, perdendo apenas para o tucano José Serra em 2014, ficou de fora pelos votos dados a Major Olimpio (PSL).
 
O candidato do partido de Jair Bolsonaro será um dos quatro deputados a assumir cadeira no Senado e, considerando os deputados do PSL eleitos, será um dos 54 parlamentares da sigla. Mas apesar de ter recebido o apoio do presidenciável da extrema-direita desde o início de sua campanha, nem a pesquisa Ibope realizada um dia antes registrava essa vitória.
 
Os dados de São Paulo eram de 20% para Suplicy, liderança que garantia ao candidato do PT uma das vagas de senador por São Paulo, e Major Olimpio e Mara Gabrilli empatavam pelo segundo posto em 14% das intenções de votos.
 
Nas urnas, o Major conseguiu 25,81% dos votos válidos, seguido de Gabrilli, a nova senadora tucana, com 18,6%, e Eduardo Suplicy obteve apenas 13,32% dos eleitores paulistas.
 
MINAS GERAIS
 
O estado mineiro também trouxe o “efeito Bolsonaro” surpresa para o resultado da disputa ao governo do Estado, retirando do segundo turno Fernando Pimentel (PT).
 
A última pesquisa Ibope para Minas marcava o confronto entre o tucano Antonio Anastasia (PSDB), com 42%, e Pimentel, com 25%. Um dia antes o até então desconhecido candidato Romeu Zema (Novo) obteve um salto que já indicava uma possível surpresa no dia das eleições.
 
Romeu é empresário, dono do bilionário Grupo Zema, rede de eletrodomésticos e móveis em Minas e disparou nos últimos dias, após declarar apoio a Jair Bolsonaro (PSL) nos atos de campanha da última semana. Pimentel obteve a votação de 22,8% dos eleitores, mas não suficiente para passar ao segundo turno.
 
Com 42,73% dos votos válidos, Zema ultrapassou até o candidato Antonio Anastasia (PSDB), que angariou 29%. Ambos vão ao segundo turno.
 
RIO GRANDE DO SUL
 
Quem foi beneficiado do “efeito Bolsonaro” no Estado foi o produtor rural e ex-deputado federal da bancada ruralista, Luis Carlos Heinze (PP), que havia se lançado pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, em julho, mas desistiu da candidatura após uma aliança com Eduardo Leite, do PSDB. 
 
Quando ainda era pré-canditado ao governo gaúcho, Heinze anunciou e recebeu aliança de Jair Bolsonaro (PSL). Em julho, iniciava sua pré-campanha como o nome do Rio Grande do Sul com a benção do candidato da extrema-direita. 
 
Passando a disputa ao Senado, Heinze manteve o apoio em seus atos ao presidenciável. Na última pesquisa do Ibope, divulgada na véspera da eleição, Luis Heinze aparecia em quarto lugar, sem chances de assumir o mandato, com apenas 12% das intenções de votos válidos. 
 
Mas o “efeito Bolsonaro” foi visto nas urnas, e o parlamentar ruralista foi o que mais recebeu votos pelo Estado: 21,94%, sendo eleito senador.
 
BAHIA
 
Foi de dentro do hospital aonde estava internado após o ataque que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) enviou um áudio anunciando o seu apoio ao candidato do DEM ao governo da Bahia, José Ronaldo (DEM). As últimas pesquisas do Ibope divulgavam uma variação de 7% a 10% das intenções de votos até o final de setembro, antes de Bolsonaro publicar o apoio.
 
A partir daí, mesmo que a vitória de Rui Costa (PT) já estivesse garantida, os índices de intenções de voto saltaram para o candidato do DEM, em 10 pontos percentuais, na véspera das eleições, atingindo 17% dos votos válidos. E no dia 7 de outubro, o candidato recebeu significativos 22,26% dos votos das urnas. Assim, caso Costa não tivesse alcançado maioria dos votos válidos, José Ronaldo iria a segundo turno graças ao apoio de Bolsonaro.
 
Mas o estado é o quinto maior colégio eleitoral do Brasil e também nicho histórico de apoio ao PT. Por isso, ainda que tenha ocorrido o “efeito Bolsonaro”, de puxar votos a outros candidatos, não foi suficiente para a maioria do eleitorado mudar de posição.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Começou com 30 deputados,

    Começou com 30 deputados, depois cem e agora com ampla maioria no congresso., Exatamente o que ele vinha falando e nós pensávamos que era bravata.

  2. A movimentanção do eleitorado no início do segundo turno

    O processo de transferência dos de Lula ainda não se encerrou e Haddad deve continuar crescendo nos setores que votariam em Lula, esse impulso será maior em função de maioria ou totalidade dos eleitores de Ciro Gomes  e Marina Silva devem caminhar em direção ao candidato do PT, considerando que os eleitores de Ciro  e de Marina, que poderiam aderir ao fascismo já o fizeram no primeiro turno.

    Uma parte dos eleitores do candidatos do PSL devem caminha para o campo dos indecisos, para refletir melhor na aposta arriscada que estão fazendo, mas mesmo assim haverá um crescimento da candidatura do PSL, em função de que 70% dos eleitores de Alckmin, Amoêdo, Daciolo, Alvaro Dias e Meirelles, devem caminhar em direção ao candidato do PSL.

    Teremos no início algo como, Fernando Haddad com 47% e Jair Bolsonaro com 53% dos votos úteis.

    O que pode ter acontecido com os 15% do eleitorado que estavam dispostos a votar em Marina Silva no início de setembro,

    Uma parte significativa aderiu a campanha de Fernando Haddad, quando perceberam que ele era o escolhido do Presidente Lula, outra parte que estava disposta a aderir ao fascismo para derrotar o PT o fizeram já no primeiro, o que restou caminhou em direção a Ciro e Fernando Haddad na expectativa garantir um candidato progressista no segundo turno.

    Este movimento varia de estado para estado, e é influenciado pelo desempenho dos candidatos no estados, já que nos estados de São Paulo e da região o eleitor tem a impressão de que Alckmin poderia chegar no segundo turno para disputar com Jair Bolsonaro, e nos estados do Norte e Nordeste a impressão que se tem é o PT vai chegar no segundo turno.

     

  3. Juntou a fome com a vontade comer

    Não é bem assim,  existe uma explicação racional para isso, que o fato que desde do fim da ditadura os candidatos serem obrigados em se candidatar por partidos de centro e até de esquerda, como PSB, parra se viabilizar eleitoralmente.

    Ao mesmo tempo em que os eleitores conservadores em obrigados a votar em partidos de centro-direita para derrotar oPT e a esquerda.

    Com intensa campanha de ódio promovida pelo PSDB, mobilizando os setores mais conservadores da sociedade, que de certo modo estavam adormecidos, e o impeachment de Dilma Rousseff, que tirou do PT o poder de persuasão dos cargos no governo federal, para ampliar as alianças partidárias,os candidatos de direita abandonaram as alianças com o PT, com exceção do Nordeste

    Muitos candidatos se sentiam incomodados com as alianças com PT em função da disputa dos cargos nos governos federais.

    Esta mobilização do setores mais conservadores permitiu uma reorganização em torno do candidato Jair Bolsonaro, que expressava abertamente os anseios dos setores mais conservadores da sociedade.

    O PMDB e os partidos do centrão sempre se aliaram em torno do governo, e com o desgaste quase que total do candidato do PSDB, este setores não tiveram dificuldades nenhuma em se alinnar com o candidato do PSL, principalmente em função da afinidade ideológica, que até então vinha sendo deixado de lado, prevalecendo o fisiologismo.

    E com a vitória de Fernando Haddad, serão os primeiros a aderir a bancada do governo no congresso.

  4. Sei não

    Essas eleições podem ser chamadas de tudo, menos de democráticas e legítimas.

    Antes de mais nada: Eleição sem Lula é fraude!

    Mas, como é possível em um dia a Dilma estar em primeiro lugar para o senado e no dia seguinte perder em quarto lugar?

    Como é possível um candidato que mal aparecia nas pesquisas ganhar o executivo em MG?

    Como é possível o Eduardo Suplicy estar em primeiro lugar para o senado em um dia e no dia seguinte perder em quarto lugar?

    Da noite para o dia, os votos no bozo subiram acima da margem de erro de inúmeras pesquisas, a exemplo dos inacreditáveis, literalmente, 10 pontos acima da independente promovida pelo BR 247, cujos levantamentos se encerraram na tarde do sábado, portanto, menos de 15 horas do início da votação?

    Podem me chamar de “antidemocrático” e adepto de teorias da conspiração.

    O fato é que o STF está sob intervenção militar e ninguém me convence de que não estaria havendo FRAUDE cibernética nessas eleições.

    A história da multinacional Smartimatic, detentora do código fonte do sistema utilizado pelo STF (https://www.youtube.com/watch?v=vm48DDvKtIo), tem seus frêmitos:

    https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40808557

    https://en.wikipedia.org/wiki/Smartmatic#Relationship_with_Venezuelan_government

    Sobre as urnas:

    1- conseguiram, esses profissionais, fazerem ataques ao sistema de inicialização da urna; 2) conseguiram gerar um boletim de urna falso; 3) consweguiram, também, obter a chave criptográfica da urna; 4) conseguiram, ainda, e o que é o mais grave – recuperar a ordem do RDV(Registro Digital do Voto) que é o que garante o sigilo do voto. e. portanto, conseguiram identificar quel era o primeiro, o segundo. o terceiro voto de cada um dos eleitores;

    https://www.youtube.com/watch?v=brfm4G1DGHQ

    E para piorar, mais esse, 

    https://www.youtube.com/watch?v=TncaJCTmKXM

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