O manifesto de psiquiatras em apoio a Fernando Haddad

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Psiquiatras também se unem em favor de Fernando Haddad e da garantia embutida em seu programa de garantias de condições básicas para uma existência digna, parte do que engloba a saúde mental. Para os profissionais, valores como tolerância, respeito, solidariedade e compreensão são geradores de liberdade que celebram a vida. E, por fim, repetem que a democracia foi, tem sido e será o espaço de inclusão para toda a diversidade humana.
 
Leia o manifesto a seguir.

 
Psiquiatras em apoio a Fernando Haddad
 
A prática da psiquiatria, através da escuta e do olhar observador, compreensivo e não-julgador, objetiva acompanhar uma pessoa na liberdade de ser quem ela é, respeitando suas especificidades e particularidades, seja através da diminuição ou remissão de sintomas, seja através da potencialização de suas possibilidades existenciais. A saúde mental engloba o meio social em que cada indivíduo se encontra, que deve garantir condições básicas para uma existência digna.
 
A partir destas premissas, nós, psiquiatras, diante do processo eleitoral em que nos encontramos, nos colocamos em oposição ao candidato que ao longo de sua vida exaltou a tortura, considerou a eliminação de minorias e desdenhou de direitos básicos imprescindíveis para a garantia da saúde mental. Nós, que nos servimos da escuta como ferramenta profissional, nos colocamos contra o discurso de intolerância e ódio e contra a isenção e o silêncio que banalizam este mesmo discurso. As palavras e os afetos nos dizem quem uma pessoa é, ou pelo menos quem ela quer ser; as palavras constroem histórias, e não podemos desconsiderar o que foi e tem sido dito.
 
Como psiquiatras entendemos que os comportamentos e possibilidades de expressão humanas são diversos e múltiplos. Valores como a tolerância, o respeito, a solidariedade e a compreensão são geradores de um espaço de liberdade em que cada vida é celebrada em toda sua potencialidade. Todas e todos devem ter seu direito à felicidade protegido. A democracia foi, tem sido e será o espaço de inclusão para toda a diversidade humana.
 
Nós, psiquiatras abaixo-assinados, declaramos nosso voto em Fernando Haddad, pelo respeito a direitos básicos e porque escutamos nas palavras do outro candidato elementos incompatíveis com as premissas da saúde mental.
 
Natalia Timerman
Alexandre Valverde
Miguel Martins Rodrigues Neto
Celso Ricardo Bueno
Fernanda Valente Schultz
Rebeka Landim Rafael
Marcelo Altenfelder Silva
Ana Cláudia Melcop
Mariana Rangel Maciel
Rodrigo de Almeida Carvalho
Camila Tanabe Matsuzaka
Magali Pacheco Simões
Natalia Cruz Rufino
Iara Czeresnia
Dartiu Xavier da Silveira
Flavio Martins Shimomura
Kalil Bueno Abdalla
Cássio Henrique Gomide Papa
Maria Angelica Torneli Ribeiro
Juliana Pinto Moreira dos Santos
Leda Maria Silva Teixeira
Felipe Benatti de Cillo
Aline Lavorato Gaeta
Bruno de Oliveira Trevisan
Vinicius Benicio De Oliveira
Ana Maria Cortez Vannucchi
Letícia Pacheco Lessa
Taisa Cristina dos Santos Leonardo
Caio Antero de Souza Pinheiro
Clarice de Oliveira Marinho
Felipe de Souza Simil
Emi Carneiro Bragiato
Stephane Hartvite
Keite Helen Leone Mendes
Douglas Motta Calderoni
Karina Abunasser Pereira Leite Calderoni
Deise de Amorim Paz
Andrea Bacellar Soares de Andrade
Valeria Nador
Fernando de Siqueira Ribeiro
Mariana Muniz
Fabrício Donizete da Costa
Bruno Leonardo Bublitz
Leandro Baierl Melo
Vinícius Batista Vieira
Fellipe Miranda Leal
Rachel Cristina Ribeiro Giacoia Leal
Rosane Rodrigues Alves Campitelli
Luis de Moraes Altenfelder Silva Filho
José Carlos Morais de Oliveira
Laís de Andrade Veras
Luciana Gusmão Abreu
Diogo Abrantes Andrade
Rodrigo Garcia Borges
Maíra Félix Vasconcelos
Fátima Diniz Rigato
Juliana Montenegro
Gabriel Contreira Sansoni
Gabriel Francisconi Oliveira
Denise de Amorim Paz Rocha
Auro Danny Lescher
Alexandre Chehin
Maria Regina Junqueira
Janaína A. S. Cruz
Marlon Felippe Miotto do Amaral
Deise Daniela Mendes
Ana Cristina Chaves
Mariana Nogueira Divino
Angela Kaline Mazer
Rodrigo de Almeida Ferreira
Denise Achoa Claudino
Caio Borba Casella
Wilma Szarf Szwarc
Juliana Surjan
Jule Ane Ferreira
Natalia Mansur Haddad
Paloma Rodrigues Teixeira
Manuela Samir Maciel Salman
Nicoli Abrão Fasanella
Vivaldo Ferreira
Paula Paixão Franco
Vera Beatriz Martins Monteiro
Regis Hueb
Mauro Aranha
Lívia Beraldo de Lima Basseres
Edison Antonio de Almeida Prado Fagá
Ana Bresser Pereira Tokeshi
Sálua Salama
Filipe de Mattos Hungria
Anne Muscalu Raicher
José Santana Filho
Stela Mitsui Vaz Takakura
Danilo Furlanetto
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  1. BRASIL ENFRENTA ESCRAVIZAÇÃO MODERNÓIDE

    Parte I

    ASPECTOS ÉTICOS, JURÍDICOS E POLÍTICOS

    No Brasil, em 2018, o que se vê não é uma disputa eleitoral democrática, mas sim uma tentativa de ‘mudança de regime’. Ou seja, é a preparação de um golpe de estado ‘moderno’, movido à base de fake news, diversionismo ilusionista, discursos de ódio e manipulação de sentimentos negativos.

    Evidências atestam o uso de sistemas automatizados de pesquisa e análise de perfis e números de celulares de usuários de redes sociais, bem como a utilização de robôs para distribuição em massa de mensagens direcionadas, constituídas em geral de informações falsas ou distorcidas.

    Fica evidente que tais procedimentos ilegais, adotados em ampla escala pela candidatura de extrema direita, geram uma criminosa manipulação da opinião pública, com vistas a induzir os eleitores a erro, de modo a obter favorecimento eleitoral ilícito para o candidato direitista.

    Entretanto, tendo em vista a inércia conivente do poder judiciário diante dos abusos praticados pela candidatura de extrema direita no uso de fake news e de discursos de ódio, é indispensável que a ameaça fascistóide seja derrotada nas urnas, para defender a precária democracia brasileira.

    Todavia, a ampliação do debate sobre o uso de fake news e a difusão do ódio é um importante fator de conscientização, para demonstrar os motivos pelos quais é imprescindível eleger Fernando Haddad, bem como para ajudar eleitores a perceberem que têm sido enganados pela farsa das fake news — que os impede de entender que a candidatura de Bolsonaro constitui uma grave ameaça contra toda a nação brasileira.

    Neste sentido, a fim de promover o avanço mais rápido da conscientização dos eleitores acerca da necessidade de derrotar, nas urnas, a ameaça fascistóide, é recomendável expandir o conhecimento das pessoas sobre da pesada influência das fake news e da manipulação de sentimentos na distorção da vontade popular. Bem como vale questionar que ‘ética’ é essa alardeada pelos falsos moralistas flagrados a obter vantagens eleitorais ilícitas através da prática desonesta da difusão de calúnias e desinformação.

    Ademais, em face da atitude equivocada daqueles que parecem considerar relevantes apenas as questões relativas ao denunciado financiamento ilegal da distribuição de fake news, é necessário difundir a compreensão de que disseminar noticias falsas constitui crime, ainda mais grave quando envolve calúnias divulgadas para causar danos eleitorais.

    A distribuição massiva de fake news nada tem a ver com a livre circulação de idéias e informações, pois caracteriza delito de deliberada indução a erro e, portanto, não pode jamais ser acobertado sob o manto da liberdade de expressão. A resultante distorção da vontade popular caracteriza violação da liberdade de voto e, portanto, constitui fraude eleitoral.

    Além disso, cabe destacar que o projeto político de Bolsonaro visa impor uma ditadura para suprimir a liberdade civil, revogar o estado democrático de direito, ampliar a devastação da natureza, dilapidar o patrimônio nacional, retirar direitos trabalhistas e previdenciários, restringir e precarizar serviços públicos, reduzir gastos sociais e aumentar impostos.

    Assim, a candidatura de extrema direita ameaça piorar muito uma situação já péssima, pois coloca a perspectiva de agravamento da desestabilização política, econômica e social, com resultante crescimento da violência, da recessão, do desemprego e da crise fiscal, institucional e cultural.

    Para embasar a firme demonstração da necessidade vital de eleger Haddad, é prioritário observar as nítidas evidências de que todas as pretensões de Bolsonaro têm como resultados propagação do ódio, aumento da violência policial, intimidação de adversários, repressão a todo ativismo, além da quebra de hierarquia e degradação das instituições.

    Os discursos de ódio proferidos pelo candidato de extrema direita e seus a apoiadores, repletos de ofensas e discriminação contra mulheres, negros, gays e pobres em geral, já causam uma escalada vertiginosa dos índices de violência social e política, com inúmeros incidentes de diversos tipos, e pelo menos dois casos de homicídio.

    Pronunciamentos de Bolsonaro, nos quais ele afirma ser favorável à tortura, faz apologia do estupro, apóia as milícias e os grupos de extermínio, são um abjeto conjunto de agressões contra a dignidade humana.

    E as tenebrosas pretensões do candidato de extrema direita no que tange à imposição de sinistra norma antijurídica que corresponde a uma licença para policiais matarem, sem serem sequer questionados sobre as mortes, criam a sombria perspectiva de aumento da brutalidade policial e dos já inaceitáveis índices de assassinatos praticados pela polícia.

    Para piorar, salta à vista a perspectiva de terrível aumento dos índices de violência, se houver a previsível, inadmissível e inqualificável ocorrência simultânea da propagação dos discursos de ódio e do apoio governamental a milícias, a grupos de extermínio e à brutalidade policial.

    A intimidação de adversários políticos, uma tática utilizada em larga escala pelos extremistas de direita, tem crescido num ritmo exponencial.

    Um dos casos mais gritantes e sintomáticos é a enxurrada de ameaças dirigidas por seguidores de Bolsonaro contra jornalistas da Folha de São de Paulo que trabalharam nas reportagens referentes a evidências do uso massivo de fake news e de financiamento ilegal do disparo de mensagens.

    Cumpre destacar que o próprio candidato de extrema direita ameaçou de forma incisiva retaliar o jornal paulista por meio de drástica redução das verbas de publicidade do governo federal para a publicação, pelo simples fato de terem sido publicadas reportagens com denúncias fundamentadas.

    Outros gravíssimos alertas provêm das ameaças feitas por Bolsonaro e assessores contra o poder judiciário e seus representantes, e também das alardeadas pretensões de perseguir, prender e exilar opositores, assim como de criminalizar e reprimir toda e qualquer forma de ativismo político.

    Acresce que o incentivo dado por Bolsonaro a atitudes de insubordinação e de desrespeito às estruturas hierárquicas evidencia que a possível ascensão da extrema direita representa uma ameaça tanto para o poder judiciário e demais instituições civis, quanto para as Forças Armadas e a segurança do país, visto que disciplina e hierarquia são princípios fundamentais para o vigor, a união e a eficiência das organizações militares.

    Fica evidente então que a candidatura de extrema direita não representa todos os militares brasileiros, mas sim grupos de indivíduos dispostos a por na berlinda a estabilidade política e a paz social para servir a deletérios interesses particulares e ao imperialismo predatório genocida.

    Por outro lado, os potenciais danos políticos e sociais relacionados com um indesejável governo Bolsonaro se mostram ainda mais assustadores quando considerados os efeitos nefastos de algumas das políticas econômicas excludentes desejadas pela extrema direita, e suas relações com a política internacional — assuntos que são tema da segunda parte do presente ensaio.

     

    REFERÊNCIAS

    1. Missão da OEA vê uso sem precedentes de fake news no Brasil. https://www.dw.com/pt-br/miss%C3%A3o-da-oea-v%C3%AA-uso-sem-precedentes-de-fake-news-no-brasil/a-46048684

    2. Quem financia e quanto custa a campanha de Bolsonaro no WhatsApp? https://www.cartacapital.com.br/politica/empresarios-bancaram-campanha-anti-pt-pelo-whatsapp-diz-jornal

    3. A influência dos robôs nas eleições. https://jornalggn.com.br/noticia/a-influencia-dos-robos-nas-eleicoes-por-antonio-augusto-de-queiroz

    4. TSE nega liminar para retirar notícias falsas contra Haddad. https://jornalggn.com.br/noticia/tse-nega-liminar-para-retirar-noticias-falsas-contra-haddad

    5. Bolsonaro diz que quem vai mandar no Brasil serão os capitães. https://jornalggn.com.br/noticia/bolsonaro-diz-que-quem-vai-mandar-no-brasil-serao-os-capitaes

    6. El País denuncia linchamento virtual de jornalistas. http://www.conversaafiada.com.br/brasil/el-pais-denuncia-linchamento-virtual-de-jornalistas

    7. Folha vê indícios de ação orquestrada de bolsonaristas contra repórter que assinou denúncia. https://www.viomundo.com.br/denuncias/folha-ve-indicios-de-acao-orquestrada-de-bolsonaristas-contra-reporter-que-assinou-denuncia.html

    8. Como a criminalização do ativismo enfraquece a democracia. https://www.cartacapital.com.br/diversidade/como-a-criminalizacao-do-ativismo-enfraquece-a-democracia

    9. Em discurso Bolsonaro apoiou grupo de extermínio. http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2018/10/13/interna_politica,765394/em-discurso-bolsonaro-apoiou-grupo-de-exterminio-que-cobrava-r-50-pa.shtml

    10. Os falsos moralistas. /www.dw.com/pt-br/os-falsos-moralistas/a-46023936

    11. Mapeamento da violência eleitoral no Brasil revela ações de apoiadores de Bolsonaro. https://br.sputniknews.com/eleicoes-2018-brasil/2018102012481964-violencia-eleitoral-bolsonaro/

    12. Em vídeo filho de Bolsonaro fala em não se dobrar ao STF. https://br.noticias.yahoo.com/em-novo-video-filho-de-bolsonaro-fala-em-nao-se-dobrar-ao-stf-024810813.html

  2. Eu fui levada, acho que ano

    Eu fui levada, acho que ano passado, a um psiquiatra, por minha tia linha-durista.
    Chegando no consultório, na sala de espera, ela esclareceu que nos pastorinhos, meu avô era “do azul”.

    Saí de lá sem diagnóstico algum

  3. Ainda do meu amigo (sempre tem um)…

    Ele não ia ao analista “apenas”. Ia ao psiquiatra também.

    Que contava a mesma história. “Existem relações compulsórias e não compulsórias. É preciso ser um pouco cínico.”

    (O psiquiatra dizia que era a respeito do cinismo antigo, estilo Diógenes o Cão; pessoalmente, acho que o psiquiatra não entendeu nada.)

    E as histórias abundavam de coisas piores que a que ele vivia. 

    Claro, não ajudava nada.

    Sempre  – desculpe o calão, novamente – aquela individualização de merda, descontextualizada.

    “Neurose”, “doença mental”? Acho que não.

    Ele sofria de doença política. 

     

  4. Os psiquiatras…

    Pena que, respeitando a ética, os psiquiatras que assinam o manifesto não podem apontar a suposta patologia… Mas com certeza , apenas observando o semblante, olhares e,  principalmente as frases proferidas , eles não têm dúvida de qual seja…

     

  5. O psiquiatra que escreveu sobre o então candidato Fernando Haddad, parece que se equivocou, para não escrever outro termo. Imprecionante, e ainda se diz um profissional da Saúde Mental, tenho pena dos seus pacientes.

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