O marxismo e o maquiavelismo nasceram na Europa, o cunhismo no Brasil
por Fábio de Oliveira Ribeiro
Entender o golpe de 2016 não é muito difícil. Os tucanos queriam desesperadamente retornar ao poder, os políticos bandidos não queriam ser presos e os juízes desejavam conservar e expandir seus privilégios feudais e a imprensa, os empresários odiavam suas obrigações trabalhistas, previdenciárias e fiscais, os estrangeiros cobiçavam nosso petróleo e o PT era um entrave. Mas entender o Brasil pós-democrático não é uma tarefa fácil.
Os tucanos deram o golpe, mas quem está mais próximo da faixa presidencial é Jair Bolsonaro. A Rede Globo, aliada dele durante o Impeachment, quer agora se livrar do monstro que ajudou a criar. Os militares deram o golpe de 1964 para garantir a hierarquia militar e serão convidados a tolerar um capitão intolerante que tem um vice general.
A violência, que fundamentou a intervenção militar no Rio de Janeiro, aumentou com os militares nas ruas. O sarampo voltou a ser uma realidade por causa dos ataques governamentais ao SUS. Os assassinatos políticos estão se tornando uma rotina no campo e nas cidades. Lula foi injustamente preso e mandou para uma cela diminuta todo o sistema político e judiciário ao se tornar candidato a presidente. A Interpol afirmou publicamente que Sérgio Moro é parcial, mas o CNJ continua se recusando a julgar os processos em que o juiz é investigado.
Há alguns meses pastores evangélicos foram presos traficando armamentos. Esta semana pastores evangélicos, sempre eles, foram detidos traficando cocaína em grande quantidade. Ao que parece eles acreditam que podem mover montanhas de dinheiro sem se preocupar com sua origem ilícita. Suponho que uma parte do que está sendo arrecadado com o tráfico de armas e drogas será utilizado para alavancar as candidaturas dos “manos” das igrejas evangélicas.
“La miséria religiosa es al mismo tempo, la expresión de la miséria real y la protesta contra ella. La religión es el sollozo de la criatura oprimida, es el significado real de un mundo sin corazón, así como es el espíritu de uma época privada de espíritu. Es el opio del pueblo.” (Introduccion para la critica de la Filosofia del Derecho de Hégel, Karl Marx; in Filosofia del Derecho, Guillermo Federido Hégel, editorial Claridad, Buenos Aires, Argentina, 1955, p. 7)
Quando Marx disse que a religião era o ópio das massas a religiosidade e o tráfico de drogas eram coisas distintas praticadas por pessoas diferentes com propósitos diametralmente opostos. Agora que os pastores evangélicos traficam cocaína a unidade entre a teologia deles e sua ação criminosa inviabilizou a ironia marxista. O ópio financia a evangelização e não há mais qualquer distinção entre vício e virtude. Mas a conduta dos pastores/traficantes conseguiu produzir uma ironia ainda maior.
Ao que tudo indica, alguns pastores agem como se os meios (ilegais) justificassem os fins (conquistar mais influência social e espaço político). É evidente, portanto, que eles se tornaram maquiavélicos. O problema é que Maquiavel dedicou sua vida inteira à elaboração de uma teoria que possibilitasse na prática uma separação entre os campos político e religioso.
“Em oposição ao pensamento medieval, Maquiavel concebeu o Estado como uma entidade política secular, dotada de fins próprios, moralmente isolada e soberana, desprovida de qualquer laço de subordinação a Deus, ao direito natural ou à Igreja, e que encontra a sua razão de ser tão somente na convicção dos homens de que a autoridade estatal é indispensável para garantir a segurança individual. O Estado existe para proteger cada indivíduo contra a violência e, ao mesmo tempo, para defender a coletividade contra ataques que poderão advir de seus inimigos externos; rodeado como se acha de inimigos atuais ou virtuais, deve o Estado precaver-se, fortalecendo-se adequadamente, pois sua segurança e sobrevivência repousam fundamentalmente na força. A capacidade do Estado de defender-se depende também da popularidade do governo, que será tanto maior quanto maior for o sentimento de segurança que conseguir transmitir aos cidadãos.” (Introdução ao pensamento político de Maquiavel, Lauro Escorel, FGV editora, Rio de Janeiro, 2014, p. 201)
Nem Marx nem Maquiavel explicam o que está ocorrendo no Brasil. Uma nova doutrina política parece ter sido inventada em terras tupiniquins.
Eduardo Cunha foi condenado e preso por lavar dinheiro numa igreja evangélica. Antes de mete-lo a ferros o STF permitiu que Cunha iniciasse e comandasse a fraude do Impedimento que levou à queda de Dilma Rousseff. O que ocorrerá se um pupilo do arquiteto do golpe de 2016 chegar à presidência? Ele será solto e os Ministros do STF serão presos?
Cunhadismo! Esse é o nome dado à instituição mais importante na vida dos tupis-guaranis. Em torno dela os índios organizavam a vida em suas tribos. O cunhismo parece ser uma versão moderna/evangélica do cunhadismo indígena. Em torno dele é organizada a vida das tribos evangélicas sem levar em consideração a distinção estatal entre ato lícito e ilícito. Os pastores que traficam armas e drogas certamente também usam suas igrejas para lavar dinheiro sujo como seu mestre e líder espiritual preso.
É importante notar que Eduardo Cunha foi o presidente da Câmara dos Deputados que exigiu que os evangélicos pudessem entrar no orçamento do SUS e do Ministério da Cultura. De um lado os pastores traficam drogas para financiar campanhas eleitorais, de outro assaltam os cofres públicos para tratar os dependentes de drogas que eles mesmos criaram. O que mais eles são capazes de fazer para consolidar seu poder? Treinar homens bombas para explodir os Fóruns e Tribunais que reprimirem sua atividade criminosa?
Michel Temer é Eduardo Cunha… disse Romero Jucá antes do golpe. Agora quase todo mundo já percebeu que Geraldo Alckmin é Michel Temer. Devemos concluir que Geraldo Alckmin foi ungido por Eduardo Cunha? Ainda não vi o ex-governador paulista se distanciar do cunhismo. E vocês?
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Correspondencias
Bom dia companheiro, tudo bem?
Encaminhei ontem para seu e-mail aqui no blogue um arquivo com uma proposta de ação. (tambem mandei para o André Araujo)
No campo inferior tinha a opção de enviar tambem uma cópia para mim do mesmos arquivo, o que eu fiz.
Acontece que eu não recebi a cópia a mim destinada, por isso penso que talvez não tenha recebido tambem.
Caso tenha interesse encaminhe seu endereço de e-mal em privado ([email protected]) para que eu reencaminhe.
Obrigado,
Edivaldo Dias de oliveira
A rede globo continua fazendo
A rede globo continua fazendo propaganda para o Bolsonaro, em matéria do JN terminaram a apresentação do candidato do PT dando ênfase no Bolsa Família mas tentando associar o programa social com a compra de votos, Bolsonaro já tem bem mais que 8 segundos na TV e é no horário nobre.
Grande reflexão.
Grande reflexão.
Os cunhistas continuam ai
Esses dias comentei que até Maquiavel ficaria maluco com o atual momento brasileiro. E que baita livro ele tiraria, hein? O judiciario e o Supremo certamente ocupariam capitulos inteiros.
Ja quanto ao Alckmin, mesmo que ele não empolgue ninguém, a campanha midiatica em torno dele sera de lavagem de cérebros. A meu ver vão colocar o Geraldo como homem probo, longe de Temer e Cunha e sem nenhuma relação com o golpe. Se não for a midia independente para desconstruir esse engodo, vai ser esse o conto que a imprensona vai tentar passar nos brasileiros.
O Estado brasileiro
O Estado brasileiro privatizado. A maior parte para o sistema financeiro. O restante dividido entre o poder judiciário, corporações não financeiras, evangélicos e PSDB/PCC. A única obrigação das quadrilhas é manter operacional as forças militares de contenção das rebeliões sociais.
nada dificil prá direita golpista
o capeitão não vai ter faixa nenhuma, vai ficar muito satisfeito com a glória e a agitação (nem ele esperava fazer tanto barulho) e com a promessa de alguns beneficios no futuro governo, ele sabe que é incompetente para o cargo.
possivel que pule fora antes ainda do primeiro turno transferindo votos prá ana desce o relho.
se vai ter eleição mesmo é porque tá tudo ‘acertado’.
parte dos eleitores aceitam e querem, parte dos eleitores não vão enxergar, fica uma e outra voz solitária tipo PCO que só faz cócegas e não consegue provar a fraude.
muitos eleitores terão que engolir por serem realmente insuficientes para rebelar.