O que ainda pode acontecer antes das eleições, por Maria Cristina Fernandes

Alerta: “Como o antipetismo pode não se mostrar suficiente para catapultar a vitória de Bolsonaro, só o crime organizado daria conta da tarefa”
 
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
 
Jornal GGN – Aparentemente nada poderá mudar o cenário que aponta para um segundo turno entre os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Faltando menos de dez dias para o segundo turno, todas as pesquisas de intenção de voto não indicam para outra direção. Mas, existem alguns fatores que devem ser observados e, se não contribuírem para mudar o quadro esperado na primeira etapa desta eleição, poderão influenciar na decisão final de segundo turno.
 
Os fatores foram levantados na coluna “O que ainda pode virar na eleição da omelete”, de Maria Cristina Fernandes, no Valor econômico, se referindo ao aumento significativo do consumo da proteína animal mais barata no mercado, impacto de uma economia em crise. 
 
“O consumo, que vinha mais ou menos estável até 2014, disparou, a ponto de hoje o mercado ser disputado por aplicativos de entregadores do produto. A resignação com a dieta foi captada pelo publicitário André Torreta em um dos grupos qualitativos de pesquisa que conduz diariamente. Uma participante lhe disse que seria muito bom se a galinha também botasse bife”, comenta Fernandes arrematando que o eleitorado feminino, responsável por segurar o orçamento doméstico em tempos de recessão, será decisivo no pleito. 
 
Aliás, o posicionamento das vices Kátia Abreu e Ana Amélia quanto ao movimento #EleNão, ainda não definido, poderá “desestabilizar” o cenário definitivo das próximas pesquisas. 
 
“Esta é a vidraça mais fina de Jair Bolsonaro. Tanto pelo conjunto de sua obra (Maria do Rosário não merece ser estuprada, filha é fruto de uma fraquejada, salário desigual é problema do mercado e ameaça à ex-mulher) e da contribuição aportada pelo vice Hamilton Mourão (lares conduzidos por mães e avós produzem desajustes), quanto pela conjuntura econômica em que se desenrola na sucessão”, completa a colunista.
 
O segundo movimento que poderá influenciar nas eleições está nas mãos da justiça e da Polícia Federal sobre o caso do agressor de Bolsonaro. “[Ele] não precisou de 72 horas para conseguir a autorização que lhe permitirá dar não apenas uma, mas duas entrevistas, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva completará seis meses de prisão no dia 7 de outubro sem que a mesma regalia lhe tenha sido franqueada”, fustiga.
 
Para quem acredita que o esfaqueador de Bolsonaro estaria fora do baralho, entre as possíveis cartadas dessas eleições, Cristina Fernandes lembra que sempre há espaço para manobras baseadas em teorias da conspiração:
 
“As camisetas e bandeiras do PT traficadas para dentro da casa em que Abílio Diniz foi sequestrado deixaram a disputa política e viraram história. A influência dos manuais dos sequestradores para a formação daqueles que um dia se tornaram os líderes do PCC também. Como o antipetismo pode não se mostrar suficiente para catapultar a vitória de Bolsonaro, só o crime organizado daria conta da tarefa”, conclui. Clique aqui para ler o artigo na íntegra. 
 
 
Redação

4 Comentários

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  1. Só o crime organizado? E o judiciário? Que insinuação é essa?

    Só o crime organizado? E o judiciário? Que insinuação é essa?

    Alerta: “Como o antipetismo pode não se mostrar suficiente para catapultar a vitória de Bolsonaro, só o crime organizado daria conta da tarefa”.

  2. A Nêmesis brasileira: mais um lado da História

    Que análise um anônimo como eu poderia fazer e que fosse minimamente audível se esta também não for elaborada por jornalista do Valor Econômico? Tenho certeza que além de mim, muitos moradores da periferia já vêm cantando esta pedra faz muito tempo.

    O primeiro comentário na internet a gente nunca esquece. Foi no Viomundo. Escrevi com meus parcos recursos teóricos e linguísticos que a fronteira da democracia no país era justamente o crime organizado. Falei com o tato sensibilizado por sucessivas ações do crime organizado na zona leste de São Paulo, com o intuito de mostrar claramente à população (sobretudo à organizada) que quem mandava no pedaço eram eles. Não foram só ações de bandidos. Presenciei policiais declarando abertamente apoio ao movimento. Eu e muitos tentaram denunciar e sofreram por isto sem nenhum apoio insitucional nem partidário. Minha revolta continua a mesma e minha pergunta continua sem resposta: por que nossos representantes nos abandonaram? E por que, no decorrer dos anos, só nos fez crescer a percepção de que muitos haviam mudado de lado? Que fique claro: estou falando de lideranças e agentes da esquerda. Não da direita. Nunca fui e nunca votei em tucano. Por vezes, o desânimo me deixou sem candidato ao legislativo. Preferi anular meu voto, já que perdi a confiança em muitas lideranças locais. 

    A esquerda não é burra. Ela não subestima a possibilidade de o crime organizado ser o fiel da balança na derrocada da democracia. A possibilidade analisada por Maria Cristina Fernandes é real e previsível. Se um zé mané feito eu já sabia do quanto é perigosa a cautela diante do crime organizado e sua simbiótica relação com o Estado, que dirá a bancada da Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados do Estado de São Paulo?

    Reitero a pergunta que fiz: a esquerda escolheu o lado nesta história? Foi, apenas omissa? Tem compromissos e ideologias indizíveis que ainda não se revelaram? Duvido que qualquer autocrítica vinda de cima seja capaz de abordar tais questionamentos. É pena, mas, só depois de uma investida do aparato criminoso, previsivelmente amparada pelas polícias estaduais (ou, ao menos uma parcela destas) é que algum petista se atreverá em apontar o dedo pra algum culpado. Enquanto isto, todos aqueles que se posicionam contra Bolsonaro (claramente o candidato que mais gera simpatia em setores do crime organizado) ficam na berlinda, cercado de PCC por todos os lados, sem apoio logístico para tentar nada além de sobreviver.

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