O que há por trás do Mito, por Maria José Trindade

O que há por trás do Mito, por Maria José Trindade

Ontem, apenas por curiosidade, glooguei a palavra mito no meu computador. Surpreendi-me com o resultado. Mais de 50 palavras foram relacionadas à minha procura. Fábula, narrativa, legenda, história, lenda, crença, metáfora, símbolo, imaginário, mentira, quimera, parábola, enigma, esfinge, mistério, conto, ficção, história, invenção, novela, segredo, quimera, devaneio, fantasia, sonho, utopia, ilusão. Ao final, figurava entre os resultados: bolsomito, falso, mentira.

Tive certeza de que é preciso falar sobre isso. O mito irrompe com força nos tempos mais antigos da história do pensamento humano, mas, ainda hoje, continuamos a fabricar nossos mitos como nos tempos de Homero.

A diferença é que hoje eles são construídos midiaticamente sob a forma de ícones, vedetes do sistema midiático. Nós não reparamos neles. Até que, abruptamente, incorporam-se numa figura qualquer, um “salvador da pátria”, forma de sebastianismo que herdamos dos nossos colonizadores portugueses.

Neste momento, aqui no Brasil, este Mito tem nome. Seu nome é Coiso, representante da direita chucra.

Sua aceitação decorre da sua retórica violenta, bate-pronto, boca dura que diz o que quer, sem rodeios ou eufemismos. Seu jeito truculento é aplaudido pelos segmentos mais violentos da sociedade, como policiais e milicianos assassinos, que o vêm como herói. Jovens urbanos de classe média e da elite consideram-no “cool e divertido”, enquanto os do interior do país, aqueles de chapéu que escondem sua arma no porta-luvas da camionete, confirmam sua alienação dizendo-se atraídos por sua rebeldia e honestidade(?). Na base da pirâmide, parcelas significativas da periferia que sobrevivem sob o fogo cruzado da polícia e dos bandidos, abandonadas à própria sorte, identificam-se com o discurso ultraconservador do militar, para quem “bandido bom é bandido morto”.

O quê, exatamente, o tal Mito fajuto tem a oferecer ao Brasil?

#EleNão é honesto!
Citado na Lista de Furnas como receptor de propinas; acusado de sonegação de impostos, de receber propina da JBS e de enriquecimento ilícito; suspeito de lavagem de dinheiro e de envolvimento em Caixa 2 de campanha; réu confesso por pagar funcionária-fantasma para sua casa de praia com dinheiro do contribuinte; manipulador de mentiras, via robôs, na internet

#EleNão é competente!
Em quase três décadas de vida pública, aprovou apenas dois projetos como deputado federal e nunca ocupou qualquer cargo executivo. Nem como prefeito de qualquer cidade.

#EleNão é democrata
Louva a ditadura e a tortura, não reconhece a Constituição e não tolera a diferença.

#EleNão é tolerante
Confessa-se racista, misógino e homofóbico

Além disso
#EleNão tem propostas
#EleNão tem base parlamentar de apoio
#EleNão se expõe

Esconde-se porque não tem nada a dizer. Foge do debate como o diabo da cruz. O Coiso é uma construção mídiatica sem fundamento, vazia de conteúdo. Só fachada.

Não podemos reduzir nosso entendimento sobre tal candidato à educação e formação intelectual da população brasileira ou à ignorância política dos seus seguidores. Isto é comprovável. Basta tentar dialogar com tais segmentos para confirmar sua desinformação. O mais preocupante é perceber que suas malditas teses encontram eco numa parcela expressiva da sociedade, confirmando a aderência às suas ideias e práticas.

Divinos para os gregos ou perigosamente humanos nos tempos atuais, os mitos continuam a nos perturbar. Nosso esforço de interpretação é, na verdade, um olhar-se no espelho. A imagem que vemos é a nossa própria imagem transfigurada. Mitos não são mais do que a decifração de nós mesmos. Contra eles, só temos a razão.

Neste domingo de escolhas importantes para o país, espero que nossa razão prevaleça.

 

Redação

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  1. Um sonho que poderá se tornar realidade

    25 anos atrás, Bolsonaro dizia ao ‘NYT’ que queria ser um ditador

     

    O Uol presta um grande serviço à informação – infelizmente a poucos dias apenas da eleição – recuperando a entrevista dada por Jair Bolsonaro em 1993 ao The New York Times (cuja publicação original, em inglês, pode ser conferida aqui).

    Nela, o ex-capitão já anuncia seus planos para a tomada do poder: a fujimorização do Brasil, com o fechamento do Congresso, demissão em massa de funcionários e várias medidas autoritárias sob o argumento – velhinho, não é? – de combater a corrupção.

    Leia e tome consciência do perigo que este país enfrenta.

    Um soldado que virou político
    quer devolver o Brasil ao mando militar

    Aplicando à política a ousadia que certa vez demonstrou como paraquedista do
    Exército, o congressista Jair Bolsonaro mergulhou em um território inexplorado poucas semanas atrás, quando subiu à tribuna da Câmara dos Deputados e pediu o fechamento do Congresso.

    “Sou a favor de uma ditadura”, gritou em um discurso que sacudiu um país que só deixou o regime militar para trás em 1985. “Nós nunca iremos resolver os problemas nacionais sérios com essa democracia irresponsável.”

    Falando mais tarde em seu escritório, um cubículo decorado com memorabilia militar e uma grande bandeira brasileira, o esguio congressista do Rio de Janeiro disse estar preparado para a reação que se seguiu: o maior jornal do Rio, o Globo, publicou cartuns na primeira página satirizando-o como um dinossauro de botas, e o presidente da Câmara dos Deputados, Inocêncio de Oliveira, exigiu que a Câmara o cassasse de seu mandato.

    Mas duas semanas depois, algo ainda mais interessante aconteceu: o presidente da Câmara fez uma reviravolta abrupta e se reconciliou publicamente com Bolsonaro. Estudante de opinião pública, o líder do Congresso aparentemente leu as colunas de cartas dos jornais brasileiros.
    “Em todo lugar que vou, as pessoas me abraçam e me tratam como um herói nacional”, afirmou Bolsonaro. “As pessoas nas ruas estão pedindo o retorno dos militares. Eles perguntam: ‘Quando você voltará?’ “

    Ele recebeu, disse ele, centenas de telegramas e telefonemas de apoio, e disso ele extrai uma lição que obviamente acolhe. “As pessoas veem a possibilidade da disciplina militar tirar o país da lama”.

    Para deixar tudo claro, os superiores comandantes militares reiteraram sua lealdade ao presidente Itamar Franco,um civil, e a maioria dos colunistas de jornais acredita que o Brasil manterá seu calendário político, que prevê eleições no próximo ano para presidente, representantes do Congresso, governadores estaduais e
    legisladores estaduais. Mas para muitos defensores da democracia brasileira, o fenômeno Bolsonaro representa uma luz amarela, um sinal de que as pessoas estão impacientes com o fracasso da democracia em conter a inflação e oferecer um estilo de vida melhor, e um aviso de que os políticos autoritários estão ansiosos por aproveitar esse estado de espírito e cultivá-lo.

    O modelo de Fujimori

    “Na época do regime militar, a economia crescia 6% ao ano, você poderia comprar um carro em 36 meses”, disse Bolsonaro durante a conversa em seu escritório. “Hoje, o país mal cresce 1% ao ano. A inflação é intolerável”. “A verdadeira democracia é a comida na mesa, a capacidade de planejar sua vida, de andar na rua sem ser assaltado”, continuou. De fato, uma recente pesquisa de opinião pública em Recife, uma das cidades costeiras mais pobres do Brasil, relatou que 70% dos entrevistados achavam que a comida era mais importante do que a democracia.

    Bolsonaro, que se formou na escola militar em 1973 (o ponto central do último período do regime militar), tem agora 38 anos, um congressista de primeiro mandato com cabelos negros desobedientes que caem sobre a testa. De certa maneira, ele é apenas a mais recente encarnação da longa tentação autoritária do Brasil; no último século, o país viveu sob um regime democrático formal por apenas 25 anos. Mas há uma nova reviravolta. Hoje, um modelo novo e
    menos odioso para o autoritarismo latino-americano surgiu no presidente do Peru, Alberto Fujimori.

    Diante do impasse no Congresso no ano passado, Fujimori, um civil, ordenou ao Exército do Peru que fechasse o Congresso do país e seus tribunais. Um ano depois, Fujimori governa apenas uma Câmara no Congresso, obediente. “Eu simpatizo com Fujimori”, continuou o congressista brasileiro.

    Cirurgia política, continuou Bolsonaro, envolveria o fechamento do Congresso por um período de tempo definido e permitiria que o presidente do Brasil governasse
    por decreto. A justificativa para uma ruptura constitucional, disse ele, seria a “corrupção política” e a inflação do Brasil, que agora está em 30% ao mês.

    Com o Congresso muitas vezes travado em batalhas entre seus 21 partidos, a imprensa do Brasil tem demonstrado um fascínio crescente com o modelo de Fujimori. No mês passado, jornais, revistas e programas de notícias televisivas brasileiros realizaram longas entrevistas com o líder peruano.
    “Fujimori colocou 400 mil funcionários públicos na rua”, afirmou Bolsonaro. “Como poderíamos fazer isso aqui?”

    Quando detiveram o poder nas décadas de 1960 e 1970, as Forças Armadas brasileiras expandiram vastamente o setor estatal do Brasil, implantando uma confusão de empresas estatais e monopólios. Hoje, disse Bolsonaro, os líderes das Forças Armadas preferem trazer o Estado de volta ao básico: defesa, educação e saúde.

    “Eu voto em todas as leis de privatização que posso”, disse Bolsonaro. “É a esquerda que se opõe à privatização. Eles só querem preservar seus empregos no governo”.

    A trilha da campanha

    Sua campanha não se limita ao Congresso. Ele também circula de cidade em cidade, levando sua receita de mudança autoritária para públicos que são ostensivamente compostos por reservistas e aposentados militares. “Eu só viajo para cidades militares”, disse ele. “Não estamos conspirando, porque não há agentes ativos presentes.”

    Defensores da democracia suspeitam que há algo mais sinistro acontecendo fora da vista do público. Essas viagens são anunciadas como simples esforços para lançar as candidaturas de um bloco de candidatos militares de reserva de 12 A Fujimorização é a saída para o Brasil. Estados nas eleições do próximo ano para o Congresso. Todos os candidatos concorrem em listas controladas pelo partido de Bolsonaro, o Partido Progressista Reformador (PPR).

    Na conversa, Bolsonaro previu que a opinião popular apoiaria esmagadoramente a suspensão do Congresso. Nesse estágio, isso pode ser apenas uma ilusão –outros acham que o país está perto de um consenso para o regime militar– , mas reflete um fato básico da vida política: qualquer restauração do regime militar só seria possível com civis sólidos. Apoio, suporte. Isso porque as Forças Armadas brasileiras somam 300 mil membros, o que dificilmente é suficiente para controlar
    uma nação continental de 150 milhões de habitantes apenas pela força.

    Até agora, o presidente Itamar Franco descartou categoricamente qualquer ambição de ser um Fujimori brasileiro e se refere a campanhas como a de Bolsonaro como golpes de Estado incipientes. No entatno, Bolsonaro pode se inspirar em reportagens de jornais sobre reuniões fechadas entre empresários de São Paulo e oficiais do Exército, e na publicação de outdoors em uma favela do Rio de Janeiro protestando contra a alta taxa de sequestro do Rio e terminando com o apelo direto: “Forças Armadas, assumam o Poder”.
    Em outras palavras, se está certo ou não, Bolsonaro acredita que o tempo está agora do seu lado. Ele está convencido de que em outubro os brasileiros enfrentarão o 
    fracasso dos esforços anti-inflacionários de Fernando Henrique Cardoso, o quarto ministro da Fazenda do Brasil em um ano.

    Enquanto isso, ele diz: “Estou arando os campos”.

     

  2. Atestado de covardia

    Acredito que todo profissional da área de saúde sabe da importância do atestado médico.

    Apesar dos inúmeros episódios conhecidos de atestados que são dados graciosamente para de alguma forma favorecer o paciente, acredito também, e torço para que seja verdade, que todo profissional da área de saúde sabe da responsabilidade que deve existir para quem o emite.

    Sendo assim, descarto qualquer comentário sobre a seriedade com que o cirurgião Antônio Macedo emitiu atestado médico vetando a participação do ex-capitão do Exército Brasileiro, o hoje deputado federal e candidato à Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, sob a alegação de que suas condições precárias de saúde o impediriam de participar de qualquer evento que exigisse dele falar por mais de dez minutos.

    “Ele está muito bem, mas não está em condições de ficar mais do que dez minutos conversando”.

    Questionado sobre as transmissões que o candidato do PSL tem feito pessoalmente no Facebook diariamente desde a última segunda-feira, dia 1º, o médico disse que a avaliação foi feita especificamente para o debate. “Nós contraindicamos a ida dele ao debate”.

    De acordo com o doutor Macedo, uma nova avaliação será feita na próxima semana e ainda não há previsão para quando Bolsonaro possa participar novamente dos debates.

    Se não devo fazer, e não o farei, qualquer comentário sobre a confiabilidade do atestado, posso comentar pelo menos sobre dois outros aspectos:

    O paciente desmoralizou completamente o médico e seu atestado ao diariamente fazer vídeos para sua campanha e mais ainda ao participar de uma entrevista na Rede Record no mesmo horário destinado ao debate numa televisão da rede concorrente, Rede Globo.Parece haver por parte do médico uma estranha obsessão pela não participação do candidato nos debates.

    Vou além, ao sair do comentário sobre a óbvia desmoralização do médico e seu atestado, para fazer um comentário pessoal.

    Ao escolher para a entrevista o mesmo horário na mais forte concorrente, além do recado que mandou para a Globo, o candidato à presidência do Brasil protagonizou um verdadeiro deboche com o povo e o país que deseja presidir.

    Como se estivesse dizendo; “Tolos, não preciso e não quero participar de debates, por isso estou conversando aqui na Record”.

    O Marechal-de-Exército Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, é o patrono do exército brasileiro

    Um Marechal que ganha o apelido de “O Pacificador” deve ser um homem admirável, pois, “formado” para a batalha, para a guerra, consegue ser um comandante que inspira moderação e equilíbrio aos seus comandados.

    Ao mesmo tempo, porém, o “Duque de Ferro”, como também ficou conhecido, diz do pulso forte, do guerreiro, do valente, do militar que não foge.

    Um homem que honra e justifica o Hino Nacional Brasileiro;

    “Verás que um filho teu não foge à luta”.

    Atestados médicos passam, como também passam os médicos, e por isso somem na poeira da história.

    Não passa, porém, e jamais sumirá na poeira da história o atestado de covardia que o homem se dá.

    Esse atestado de covardia em particular, ficará para sempre registrado na memória dos militares e do povo brasileiro.

    Um militar que se acovardou diante de uma batalha rumo à presidência do Brasil mancha a história dos militares e do Exército Brasileiro, honra e glória desse país.

    Todo e qualquer militar deve ter se sentido traído na sua tradição e particularmente aquele do Exército Brasileiro, quando diante dos seus colegas militares da Aeronáutica e da Marinha.

    Podem os militares conviver com tamanha desonra?

    Se eleito for, o ex-capitão deixará de ser um simples militar e passará, como Presidente do Brasil, à honrosa condição de comandante supremo das Forças Armadas Brasileiras.

    Terá honra para isso?

    Essa resposta precisa ser dada pelos militares ao povo brasileiro.

    Essa resposta precisa ser dada pelos militares que honraram e honram as nossas Forças Armadas.

    Essa resposta precisa ser dada pela honra e glória do Marechal-de-Exército Luiz Alves de Lima e Silva.

    O Patrono do Exército Brasileiro.

    O Duque de Caxias.

    O Duque de Ferro.

    O militar brasileiro.

  3. Enigma
    O essencial não foi discutido no texto. Porque a maioria do eleitorado coloca Jair Bolsonaro, um parlamentar sem brilho, um líder questionável, um político avesso a convergência, a frente das pesquisas? Esse é o enigma que tem origem nas manifestações de 2013. Os políticos e partidos no Brasil exigem muito e dão muito pouco. O governo igualmente. Uma parte da população cansou disso, e quer mudanças que não virão com o candidato da direita.

  4. Base parlamentar
    Ele tera sim, dos fisiologistas do centrão, dos raivosos anti-pt que apoiam Temer, nao vai faltar base, como nunca faltou a custa de cargos públicos e verbas parlamentares.

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